terça-feira, 7 de abril de 2009

FRAGMENTO DO HOMEM

«Que tempo é o nosso? Há quem diga que é um tempo a que falta amor. Convenhamos que é, pelo menos, um tempo em que tudo o que era nobre foi degradado, convertido em mercadoria.
A obsessão do lucro foi transformando o homem num objecto com preço marcado. Estrangeiro a si próprio, surdo ao apelo do sangue, asfixiando a alma por todos os meios ao seu alcance, o que vem à tona é o mais abominável dos simulacros.
Toda a arte moderna nos dá conta dessa catástrofe: o desencontro do homem com o homem. A sua grandeza reside nessa denúncia; a sua dignidade, em não pactuar com a mentira; a sua coragem, em arrancar máscaras e máscaras.»


Eugénio de Andrade, in 'Os Afluentes do Silêncio'

Como está certo este nosso escritor!!!!

Emília Pinto

1 comentário:

  1. Oi Emilia
    Já não há tempo passivo, todo o tempo é vendido, a troco do que tem ser feito na hora, não importa como,o homem deixou de pensar ,para ser a máquina do tempo.
    Terá de reunir todas as suas forças,para os seus nobres sentimentos sobreporem-se a tal desenlace.
    Até breve
    Herminia

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