Não podia deixar de vos avisar que estarei ausente até meados de Janeiro. A vida de vez em quando " troca-nos as voltas " e não nos deixa outra saída senão aceitar as suas decisões.
Só lhe peço que permita que a minha mãe me espere.
Darei notícias sempre que possa.
Um beijinho a todos e muito obrigada pelo carinho que sempre me dispensam
Emília Pinto
COMEÇAR DE NOVO... E CONTAR COMIGO... VAI VALER A PENA... TER AMANHECIDO... TER ME REBELADO... TER ME DEBATIDO... TER ME MACHUCADO... TER SOBREVIVIDO... TER VIRADO A MESA... TER ME CONHECIDO... TER VIRADO O BARCO... TER ME SOCORRIDO... COMEÇAR DE NOVO ......
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
quinta-feira, 15 de outubro de 2015
FAZ HOJE 93 ANOS
Os Supermercados
Os supermercados são os palácios dos pobres Não são só os azarentos e os mal alojados, os que ao longo das gerações foram reduzindo os gastos da imaginação, que frequentam e, de certo modo, vivem o supermercado, as chamadas grandes superfícies.
As grandes superfícies com a sua área iluminada e sempre em festa; a concentração dos prazeres correntes, como a alimentação e a imagem oferecida pelo cinema, satisfazem as pequenas ambições do quotidiano. Não há euforia mas há um sentimento de parentesco face às limitações de cada um.
A chuva e o calor são poupados aos passeantes; a comida ligeira confina com a dieta dos adolescentes; há uma emoção própria que paira nas naves das grandes superfícies.
São as catedrais da conveniência, dão a ilusão de que o sol quando nasce é para todos e que a cultura e a segurança estão ao alcance das pequenas bolsas.
Não há polícia, há uma paz de transeunte que a cidade já não oferece.
Agustina Bessa-Luís, in 'Antes do Degelo'
PARABÈNS AGUSTINA!
Escolhi este texto para homenagear Augustina, porque o achei muito interessante. Na realidade as grandes superfícies têm tido uma grande influência no nosso modo de viver. Boa ou má? Gostaria de saber a opinião dos meus amigos.
Emília Pinto
Os supermercados são os palácios dos pobres Não são só os azarentos e os mal alojados, os que ao longo das gerações foram reduzindo os gastos da imaginação, que frequentam e, de certo modo, vivem o supermercado, as chamadas grandes superfícies.
As grandes superfícies com a sua área iluminada e sempre em festa; a concentração dos prazeres correntes, como a alimentação e a imagem oferecida pelo cinema, satisfazem as pequenas ambições do quotidiano. Não há euforia mas há um sentimento de parentesco face às limitações de cada um.
A chuva e o calor são poupados aos passeantes; a comida ligeira confina com a dieta dos adolescentes; há uma emoção própria que paira nas naves das grandes superfícies.
São as catedrais da conveniência, dão a ilusão de que o sol quando nasce é para todos e que a cultura e a segurança estão ao alcance das pequenas bolsas.
Não há polícia, há uma paz de transeunte que a cidade já não oferece.
Agustina Bessa-Luís, in 'Antes do Degelo'
PARABÈNS AGUSTINA!
Escolhi este texto para homenagear Augustina, porque o achei muito interessante. Na realidade as grandes superfícies têm tido uma grande influência no nosso modo de viver. Boa ou má? Gostaria de saber a opinião dos meus amigos.
Emília Pinto
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
GOVERNOS ....
.....APOSTADOS EM ERRAR
Entre nós tem-se visto governos que parecem absurdamente apostados em errar, errar de propósito, errar sempre, errar em tudo, errar por frio sistema.
Há períodos em que um erro mais ou um erro menos realmente pouco conta. No momento histórico a que chegámos, porém, cada erro, por mais pequeno, é um novo golpe de camartelo friamente atirado ao edifício das instituições; mas ao mesmo tempo tal é a inquietação que todos temos do futuro e do desconhecido que cada acerto, cada bom acerto é uma estaca mais, sólida e duradoura, para esteiar as instituições
Toda a dúvida está em saber se ainda há ou se já não há, em Portugal, um governo capaz de sinceramente se compenetrar desta grande, desta irrecusável verdade.
Eça de Queirós, in 'Últimas Páginas'
E agora pergunto: Será que Eça morreu? Não sei....
Espero que ele apareça para votar no próximo Domingo.
Emília Pinto
Entre nós tem-se visto governos que parecem absurdamente apostados em errar, errar de propósito, errar sempre, errar em tudo, errar por frio sistema.
Há períodos em que um erro mais ou um erro menos realmente pouco conta. No momento histórico a que chegámos, porém, cada erro, por mais pequeno, é um novo golpe de camartelo friamente atirado ao edifício das instituições; mas ao mesmo tempo tal é a inquietação que todos temos do futuro e do desconhecido que cada acerto, cada bom acerto é uma estaca mais, sólida e duradoura, para esteiar as instituições
Toda a dúvida está em saber se ainda há ou se já não há, em Portugal, um governo capaz de sinceramente se compenetrar desta grande, desta irrecusável verdade.
Eça de Queirós, in 'Últimas Páginas'
E agora pergunto: Será que Eça morreu? Não sei....
Espero que ele apareça para votar no próximo Domingo.
Emília Pinto
terça-feira, 15 de setembro de 2015
APRENDER A VER....
Aprender a ver, tal como eu o entendo, é já quase o que o modo afilosófico de falar denomina vontade forte: o essencial nisto é, precisamente, o poder não «querer», o poder diferir a decisão. Toda a não-espiritualidade, toda a vulgaridade descansa na incapacidade de opor resistência a um estímulo — tem que se reagir, seguem-se todos os impulsos. Em muitos casos esse ter que é já doença, decadência, sintoma de esgotamento, — quase tudo o que a rudeza afilosófica designa com o nome de «vício» é apenas essa incapacidade fisiológica de não reagir— Uma aplicação prática do ter-aprendido-a-ver - enquanto discente em geral, chegar-se-á a ser lento, desconfiado, teimoso.
Ao estranho, ao novo de qualquer espécie deixar-se-o-á aproximar-se com uma tranquilidade hostil, — afasta-se dele a mão. O ter abertas todas as portas, o servil abrir a boca perante todo o facto pequeno, o estar sempre disposto a meter-se, a lançar-se de um salto para dentro de outros homens e outras coisas, em suma, a famosa «objectividade» moderna é mau gosto, é algo não-aristocrático par excellence.
Friedrich Nietzsche, in "Crepúsculo dos Ídolos
Sempre disse ( continuo a pensar da mesma maneira ) que gosto das pessoas que dizem o que pensam e, como também já afirmei aqui muitas vezes, considero-me " um livro aberto " uma pessoa frontal que sempre diz o que pensa. No entanto, com o passar dos anos aprendi que nem tudo se pode dizer e, principalmente, que há maneiras delicadas de mostrar aquilo que pensamos.
Emília Pinto
segunda-feira, 31 de agosto de 2015
COMOVENTE!!!!
Esta animação delicada e única, vencedora do OSCAR® de filme curto de animação, é um tributo ao trabalho árduo e à paciência.
Sei que é longo, mas vale a pena, amigos. Não conhecia e gostei imenso.
Emília Pinto
terça-feira, 18 de agosto de 2015
PRECISAM DA NOSSA AJUDA, OS ANJOS!
Bate, bate, bate na porta do céu Bate, bate, bate na porta do céu
Nove da manhã o maior calor
Não sou bandido, para de me olhar seu doutor
A desconfiança chama a atenção de outras pessoas
Minha idéia eu valorizo Não sou à toa. Assim que eles veêm quem mora aqui
Descalço mesmo sem nada
A vida é só pedir.. de esmola em esmola... procura do pão `
Viram lixeiras de cabeça pra baixo meu irmão
Quantas vezes eu sonhei Com isso aqui
Que pesadelo dá um tempo espera ai
Hoje eu to de boa com amigos e inimigos Pra garantir a minha ideia ainda fiz assim:
"Mãe guarda esses revólveres pra mim" Pra onde eu to indo hoje não vou mais precisar
"Com eles nunca mais vou atirar"
Quero ficar de boa Nada que possa puxar
Sonhe bem, pense bem, Ajude alguém
A noite é fria seu doutor você não vem
Na perna uma ferida de carne crua
Você não liga porque a vida não é a sua
Sonhe bem, pense bem, Ajude alguém A noite é fria seu doutor você não vem
Mais um corpo endurecido achado ao léo
Um anjo o levou pra porta do Céu
Bate, bate, bate na porta do céu Bate, bate, bate na porta do céu Bate, bate, bate na porta do céu Bate, bate, bate na porta do céu.
Trouxe meu filho De qual é... ele vê ficar esperto o movimento conhecer
Sempre desprotegido o camburão perdido
Três PM colete a prova de bala
Um tiro Cinco bandido trocam tiro com os PM
A gente fica no meio Meu filho treme Eu o Abraço eu sou o seu colete
Uma bala acerta a minha perna
Cacete.. Revidei pros dois lado pode acreditar Sequei meu ferro mandei as 15 safado
Meu sangue cobre meu filho Como se fosse um véu Um anjo nos levou pra porta do Céu..
Sei que a maioria dos meus amigos ainda está de férias e até ao fim deste mês eu continuarei com poucas possibilidades de aceder aos vossos cantinhos. Venho a casa uma vez por semana e, sempre que possível visitar-vos-ei.
Também sei que este video não será muito apropriado para épocas de descanso, mas ao mesmo tempo, penso que não devemos esquecer a dura realidade de muitas pessoas que, como o titulo indica, dão" muito trabalho pros anjos "; tentam estes protegê-las, mas são tantas por esse mundo afora!!!!!
Beijinhos e espero que gostem!
Emília Pinto
quinta-feira, 23 de julho de 2015
O CINISMO DOS VALORES
( imagem retirada da net )
..
Cada vez mais desesperado. Olho, olho, e só vejo negrura à minha volta. Fé? Evidentemente... Enquanto há vida, há esperança — lá diz o outro. Mas, francamente: fé em quê? Num mundo que almoça valores, janta valores, ceia valores, e os degrada cinicamente, sem qualquer estremecimento da consciência? Peçam-me tudo, menos que tape os olhos. Bem basta quando a terra mos cobrir! — Ah! mas a humanidade acaba por encontrar o seu verdadeiro caminho — dizem-me duas células ingénuas do entendimento. E eu respondo-lhes assim : Não, o homem não tem caminhos ideais e caminhos de ocasião. O homem tem os caminhos que anda. Ora este senhor, aqui há tempos, passou três séculos a correr atrás dum mito que se resumia em queimar, expulsar e perseguir uns outros homens, cujo pecado era este: saber filosofia, medicina, física, astronomia, religião, comércio — coisas que já nessa época eram dignas e respeitáveis.
Miguel Torga, in "Diário (1942),
Também pergunto? Fé em quê? Passam-se séculos e o homem continua o mesmo e, embora mantenhamos a a esperança de que o cinismo acabe, ele está por aí, a cada esquina. Há alturas em que digo a mim mesma que o melhor é ficar em casa e não procurar ninguém para conversar. Não se pode confiar nas pessoas. Ainda há dias tive provas disso.. Triste!!!
Fiquem bem, queridos amigos!
Emília Pinto
quinta-feira, 16 de julho de 2015
MURALISTAS
A Revolução Mexicana teve como principais acontecimentos a reivindicação da reforma agrária e a manifestação dos camponeses que solicitavam um retorno à sua cultura, ou seja, a busca e a valorização da cultura indígena.
Durante as décadas de 1920 e 1930, o México passou a ser o âmago da arte no continente americano. Os pintores mexicanos, influenciados pela revolução, iniciaram uma proposta de ‘arte revolucionária’ que seria uma mistura entre influências da arte pré-colombiana (civilização Maia, Asteca, Incas) e da arte moderna. Segundo os pintores do período, a nova arte que surgia no México deveria ser das camadas populares, ou seja, o povo teria acesso a essa arte. A influência revolucionária seria expressa em grandes murais nos edifícios públicos, que foram a principal tela dessa nova arte. As principais representações da nova arte vieram do revivamento da criatividade da antiga cultura mexicana, portanto, a sua principal proposta era o “retorno” às origens indígenas. Como a sua principal característica era a pintura em grandes murais públicos, a nova arte que surgiu foi chamada de pintura muralista. Os principais representantes ficaram conhecidos como ‘Muralistas’, são eles: Clemente Orozco (1883-1949), David Siqueiros (1896-1974) e Diego Rivera (1886-1957). Os principais temas pintados por esses artistas foram a transmissão de mensagens de luta, à população, contra as desigualdades sociais, a miséria e a exploração dos camponeses. Os pintores muralistas mexicanos foram convidados a desenhar e expressar sua arte em outros países, como no caso de Diego Rivera, convidado a expressar sua arte no edifício Rockfeller (1933) nos Estados Unidos da América, prédio que representava o ícone do sistema capitalista. Lá, Rivera pintou, sem o conhecimento do milionário dono da Fundação Rockfeller, a imagem de Karl Marx (ícone do comunismo), fato que levou Rivera a ser convidado a retirar aquela imagem, mas o artista se recusou e a pintura foi destruída. Outro fato importante na vida de Rivera foi ter oferecido hospedagem ao exilado soviético Leon Trótski. Este depois foi morto no México, no dia 20 agosto de 1940, por um agente do ditador soviético Stálin. Os pintores muralistas conseguiram levar até à população mexicana (quase toda analfabeta, mas não cegos para conhecer a sua história de opressão e misérias) as mensagens representadas por fatos que contavam a história do México através das imagens pintadas nos muros.
in Mundo Educação
Amigos, a semana que tive de férias foi passada no México. Fiquei encantada com o que conheci deste país. Tive oportunidade de assistir a um espectáculo, no parque Xcaret que mostrava um pouco da sua história, suas tradições, cultura e a revolução mexicana. Cheguei à triste conclusão de que nada sabia deste país e, tendo em mente o que me foi mostrado no espectáculo, pesquisei e resolvi partilhar convosco algo do que aprendi, começando por este movimento que desconhecia por completo.
Um beijinho e espero que gostem.
Emília Pinto
terça-feira, 30 de junho de 2015
CHICO BUARQUE .....
Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria. Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente, Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.
Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta, E vim passear para toda a rua.
Quem sabe o que isto quer dizer? Eu não sei, e foi comigo ... (Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim, Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele. E que a tristeza é de hoje).
Sei isso muitas vezes, Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio, Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava frio, Nunca se pode comer frio, mas veio frio.
(Álvaro de Campos)
Espero que gostem.
Emília Pinto
terça-feira, 16 de junho de 2015
A AUTO DESTRUIÇÃO DA JUSTIÇA
Retirada da net
À medida, pois, que aumenta numa sociedade o poder e a consciência individual, vai-se suavizando o direito penal, e, pelo contrário, enquanto se manifesta uma fraqueza ou um grande perigo, reaparecem a seguir os mais rigorosos castigos. Isto é, o credor humanizou-se conforme se foi enriquecendo; como que no fim, a sua riqueza mede-se pelo número de prejuízos que pode suportar. E até se concebe uma sociedade com tal consciência do seu poderio, que se permite o luxo de deixar impunes os que a ofendem. «Que me importam a mim esses parasitas? Que vivam e que prosperem; eu sou forte bastante para me inquietar por causa deles...» A justiça, pois, que começou a dizer: «tudo pode ser pago e deve ser pago» é a mesma que, por fim, fecha os olhos e não cobra as suas dívidas e se destrói a si mesma como todas as coisas boas deste mundo. Esta autodestruição da justiça, chama-se graçae é privilégio dos mais poderosos, dos que estão para além da justiça
. Friedrich Nietzsche, in 'A Genealogia da Moral
Não é o retrato da nossa justiça? Está a ser, sim, " um privilégio dos mais poderosos, dos que estão para além da justiça "
Emília Pinto
terça-feira, 2 de junho de 2015
ESCOLA DA INTELIGÊNCIA
Amigos, gosto muito dos livros deste senhor e não é a primeira vez que o trago ao Começar de Novo
. Espero que gostem e deixem aqui a vossa opinião.
Muito obrigada
Emília Pinto
quarta-feira, 20 de maio de 2015
SERENIDADE DA ALMA
imagem retirada de net
Ser semelhante ao promontório contra o qual vêm quebrar as vagas e que permanece firme enquanto, à sua volta, espumeja o furor das ondas.
- Que desgraça ter-me acontecido isto! Não, não é assim que se deve falar, mas desta maneira: - Que felicidade, apesar do que me aconteceu, eu não me mortificar, não me deixar abater pelo presente nem me assustar pelo futuro! Na verdade, coisa idêntica poderia suceder a toda a gente, mas bem poucos a suportariam sem se mortificarem. Por que razão considerar este acontecimento infortunado e aquele outro feliz?
Em resumo, chamas de infortúnio para o ser humano aquilo que não é um obstáculo à sua natureza? E consideras um obstáculo à natureza do ser humano aquilo que não vai contra a vontade da sua natureza?
Que queres, então? Conheces bem essa vontade; aquilo que te sucede impede-te, por acaso, de ser justo, magnânimo, sóbrio, reflectido, prudente, sincero, modesto, livre, e de possuir as outras virtudes cuja posse assegura à natureza do ser humano a felicidade que lhe é própria?
Não te esqueças, doravante, contra tudo aquilo que te possa trazer aflição, de recorrer a este princípio: «Acontecer-me isso não é uma desgraça; suportá-lo corajosamente é uma felicidade.»
Marco Aurélio, in 'Pensamentos e Reflexões
Se conseguirmos recorrer a este princípio, com certeza a serenidade à nossa alma voltará. Não é nada fácil enfrentar os infortúnios, mas temos de procurar, a cada dia, a coragem necessária para os suportar
Espero que gostem, queridos amigos!
Emília Pinto
quinta-feira, 7 de maio de 2015
DE VOLTA....
Também eu estou " de volta pro meu aconchego ", amigos
Foi muito bom rever a família e matar saudades daquela cidadezinha brasileira,Guaratinguetá, onde fui muito feliz. Apesar de considerar o Brasil a minha segunda Pátria, pois ele deu-me muito do que hoje sou, a vontade de voltar ao meu aconchego era muita.
Como devem imaginar, há muito trabalho a fazer aqui em casa depois de tão longa ausência; fazer malas para viajar é bom, mas desfazê-las é um sacrifício. Por isso, amigos, peço-vos imensa desculpa, mas vai demorar algum tempo para que vos possa visitar; sei que me entenderão!
Muito obrigada pelo carinho e amizade demonstrados durante todo este tempo.
Até breve e um beijinho muito especial
Emília Pinto
domingo, 8 de março de 2015
PRIMAVERA
Imagem retirada da net
. Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores
. Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.
Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol. Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz. Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação. Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou. Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor. Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera
. Texto extraído do livro "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1"
A Primavera ainda não veio, mas como diz Cecília Meireles, " A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la ". Independentemente da nossa vontade, virá a seguir o Outono e é a essa estação que, este ano, vou dar as boas vindas. Estarei do outro lado do Atlântico e, embora goste muito da Primavera, vou ficar sem ela; Não tem importância, amigos, pois o que me interessa é não ficar sem vocês durante esta minha ausência. Voltarei no principio de Maio e, embora o Começar de Novo fique sem novas publicações, virei aqui e visitar-vos-ei sempre que possível, para " matar saudades". Desejo a todos muita alegria, saúde e que abram o coração a esta Primavera que, com certeza, o encherá de cor
Beijinhos e.... sejam felizes! Pelo menos tentem!
. Emília Pinto
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015
INTERESSANTE!!!!
Rubem Alves.
E eu também prefiro!. São essas que enchem o meu coração de luz
Emília Pinto
terça-feira, 10 de fevereiro de 2015
FANTÁSTICO!
Amigos, as novas tecnologias chegaram e vieram facilitar a vida de toda a gente, tornando a comunicação muito mais rápida e fácil. No entanto, há muito que percebemos que o ser humano está a deixar-se acorrentar por ela; não tem sabido usá-la com o equilibrio necessário e está a ficar cada vez mais isolado. ´Foi graças a esse avanço na tecnologia que o Começar de Novo nasceu há 6 anos. Está portanto de parabéns, dirão vocês. Não! Quem está de parabéns é o grande número de amigos que, através dele, conquistei, amigos que com o seu carinho e assiduidade o fizeram chegar até aqui. Para todos vós vai o meu sincero agradecimento e os votos de que por aqui continuem por muito mais tempo.. Sem vós o Começar de Novo não teria tido esta vida tão longa. MUITO OBRIGADA!
Um beijinho muito, muito especial
.
Emília
quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
A CEGUEIRA...
..
..... da Governação
Príncipes, Reis, Imperadores, Monarcas do Mundo: vedes a ruína dos vossos Reinos, vedes as aflições e misérias dos vossos vassalos, vedes as violências, vedes as opressões, vedes os tributos, vedes as pobrezas, vedes as fomes, vedes as guerras, vedes as mortes, vedes os cativeiros, vedes a assolação de tudo? Ou o vedes ou o não vedes. Se o vedes como o não remediais? E se o não remediais, como o vedes? Estais cegos
Príncipes, Eclesiásticos, grandes, maiores, supremos, e vós, ó Prelados, que estais em seu lugar: vedes as calamidades universais e particulares da Igreja, vedes os destroços da Fé, vedes o descaimento da Religião, vedes o desprezo das Leis Divinas, vedes o abuso do costumes, vedes os pecados públicos, vedes os escândalos, vedes as simonias, vedes os sacrilégios, vedes a falta da doutrina sã, vedes a condenação e perda de tantas almas, dentro e fora da Cristandade? Ou o vedes ou não o vedes. Se o vedes, como não o remediais, e se o não remediais, como o vedes? Estais cegos.
Ministros da República, da Justiça, da Guerra, do Estado, do Mar, da Terra: vedes as obrigações que se descarregam sobre vosso cuidado, vedes o peso que carrega sobre vossas consciências, vedes as desatenções do governo, vedes as injustças, vedes os roubos, vedes os descaminhos, vedes os enredos, vedes as dilações, vedes os subornos, vedes as potências dos grandes e as vexações dos pequenos, vedes as lágrimas dos pobres, os clamores e gemidos de todos? Ou o vedes ou o não vedes. Se o vedes, como o não remediais? E se o não remediais, como o vedes? Estais cegos
. Padre António Vieira, in "Sermões"
Será que foi Padre António Vieira quem escreveu este texto ? Não sei...parece-me que foi cada um de nós, gritando a nossa revolta por tudo o que se passa no mundo e aqui no nosso país. De certeza que não estamos todos cegos, mas fechamos os olhos muitas vezes para não vermos tanta desgraça
Emília Pinto.
..... da Governação
Príncipes, Reis, Imperadores, Monarcas do Mundo: vedes a ruína dos vossos Reinos, vedes as aflições e misérias dos vossos vassalos, vedes as violências, vedes as opressões, vedes os tributos, vedes as pobrezas, vedes as fomes, vedes as guerras, vedes as mortes, vedes os cativeiros, vedes a assolação de tudo? Ou o vedes ou o não vedes. Se o vedes como o não remediais? E se o não remediais, como o vedes? Estais cegos
Príncipes, Eclesiásticos, grandes, maiores, supremos, e vós, ó Prelados, que estais em seu lugar: vedes as calamidades universais e particulares da Igreja, vedes os destroços da Fé, vedes o descaimento da Religião, vedes o desprezo das Leis Divinas, vedes o abuso do costumes, vedes os pecados públicos, vedes os escândalos, vedes as simonias, vedes os sacrilégios, vedes a falta da doutrina sã, vedes a condenação e perda de tantas almas, dentro e fora da Cristandade? Ou o vedes ou não o vedes. Se o vedes, como não o remediais, e se o não remediais, como o vedes? Estais cegos.
Ministros da República, da Justiça, da Guerra, do Estado, do Mar, da Terra: vedes as obrigações que se descarregam sobre vosso cuidado, vedes o peso que carrega sobre vossas consciências, vedes as desatenções do governo, vedes as injustças, vedes os roubos, vedes os descaminhos, vedes os enredos, vedes as dilações, vedes os subornos, vedes as potências dos grandes e as vexações dos pequenos, vedes as lágrimas dos pobres, os clamores e gemidos de todos? Ou o vedes ou o não vedes. Se o vedes, como o não remediais? E se o não remediais, como o vedes? Estais cegos
. Padre António Vieira, in "Sermões"
Será que foi Padre António Vieira quem escreveu este texto ? Não sei...parece-me que foi cada um de nós, gritando a nossa revolta por tudo o que se passa no mundo e aqui no nosso país. De certeza que não estamos todos cegos, mas fechamos os olhos muitas vezes para não vermos tanta desgraça
Emília Pinto.
segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
CORAGEM
"
" Vou dizer aquilo sobre o que me calei:
“O povo unido jamais será vencido”, é disso que eu tenho medo. "Em tempos passados, invocava-se o nome de Deus como fundamento da ordem política. Mas Deus foi exilado e o “povo” tomou o seu lugar: a democracia é o governo do povo. Não sei se foi bom negócio; o fato é que a vontade do povo, além de não ser confiável, é de uma imensa mediocridade. Basta ver os programas de TV que o povo prefere
. A Teologia da Libertação sacralizou o povo como instrumento de libertação histórica. Nada mais distante dos textos bíblicos. Na Bíblia, o povo e Deus andam sempre em direções opostas. Bastou que Moisés, líder, se distraísse na montanha para que o povo, na planície, se entregasse à adoração de um bezerro de ouro. Voltando das alturas, Moisés ficou tão furioso que quebrou as tábuas com os Dez Mandamentos. E a história do profeta Oséias, homem apaixonado! Seu coração se derretia ao contemplar o rosto da mulher que amava! Mas ela tinha outras idéias. Amava a prostituição. Pulava de amante e amante enquanto o amor de Oséias pulava de perdão a perdão. Até que ela o abandonou. Passado muito tempo, Oséias perambulava solitário pelo mercado de escravos. E o que foi que viu? Viu a sua amada sendo vendida como escrava. Oséias não teve dúvidas. Comprou-a e disse: “Agora você será minha para sempre.”. Pois o profeta transformou a sua desdita amorosa numa parábola do amor de Deus. Deus era o amante apaixonado. O povo era a prostituta. Ele amava a prostituta, mas sabia que ela não era confiável. O povo preferia os falsos profetas aos verdadeiros, porque os falsos profetas lhe contavam mentiras. As mentiras são doces; a verdade é amarga. Os políticos romanos sabiam que o povo se enrola com pão e circo. No tempo dos romanos, o circo eram os cristãos sendo devorados pelos leões. E como o povo gostava de ver o sangue e ouvir os gritos! As coisas mudaram. Os cristãos, de comida para os leões, se transformaram em donos do circo. O circo cristão era diferente: judeus, bruxas e hereges sendo queimados em praças públicas. As praças ficavam apinhadas com o povo em festa, se alegrando com o cheiro de churrasco e os gritos. Reinhold Niebuhr, teólogo moral protestante, no seu livro “O Homem Moral e a Sociedade Imoral” observa que os indivíduos, isolados, têm consciência. São seres morais. Sentem-se “responsáveis” por aquilo que fazem. Mas quando passam a pertencer a um grupo, a razão é silenciada pelas emoções coletivas. Indivíduos que, isoladamente, são incapazes de fazer mal a uma borboleta, se incorporados a um grupo tornam-se capazes dos atos mais cruéis. Participam de linchamentos, são capazes de pôr fogo num índio adormecido e de jogar uma bomba no meio da torcida do time rival. Indivíduos são seres morais.
Mas o povo não é moral. O povo é uma prostituta que se vende a preço baixo. Seria maravilhoso se o povo agisse de forma racional, segundo a verdade e segundo os interesses da coletividade. É sobre esse pressuposto que se constrói a democracia. Mas uma das características do povo é a facilidade com que ele é enganado. O povo é movido pelo poder das imagens e não pelo poder da razão. Quem decide as eleições e a democracia são os produtores de imagens. Os votos, nas eleições, dizem quem é o artista que produz as imagens mais sedutoras. O povo não pensa. Somente os indivíduos pensam. Mas o povo detesta os indivíduos que se recusam a ser assimilados à coletividade. Uma coisa é a massa de manobra sobre a qual os espertos trabalham. Nem Freud, nem Nietzsche e nem Jesus Cristo confiavam no povo. Jesus foi crucificado pelo voto popular, que elegeu Barrabás. Durante a revolução cultural, na China de Mao-Tse-Tung, o povo queimava violinos em nome da verdade proletária. Não sei que outras coisas o povo é capaz de queimar. O nazismo era um movimento popular. O povo alemão amava o Führer. O povo, unido, jamais será vencido! Tenho vários gostos que não são populares. Alguns já me acusaram de gostos aristocráticos. Mas, que posso fazer? Gosto de Bach, de Brahms, de Fernando Pessoa, de Nietzsche, de Saramago, de silêncio; não gosto de churrasco, não gosto de rock, não gosto de música sertaneja, não gosto de futebol. Tenho medo de que, num eventual triunfo do gosto do povo, eu venha a ser obrigado a queimar os meus gostos e a engolir sapos e a brincar de “boca-de-forno”, à semelhança do que aconteceu na China
De vez em quando, raramente, o povo fica bonito. Mas, para que esse acontecimento raro aconteça, é preciso que um poeta entoe uma canção e o povo escute: “Caminhando e cantando e seguindo a canção.”, Isso é tarefa para os artistas e educadores. O povo que amo não é uma realidade, é uma esperança.
Rubem Alves
Gostei deste texto, porque na realidade precisamos de muita coragem para entender o que se passa no mundo de hoje; tanta barbárie em nome da religião, da liberdade, da democracia..
Espero que gostem.
Emília Pinto
domingo, 4 de janeiro de 2015
SONHO IMPOSSÍVEL
Eu tenho uma espécie de dever
de dever de sonhar de sonhar sempre, pois,
sendo mais que uma espectadora de mim mesma
eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso
. E assim me construo a ouro e sedas, em salas supostas,
invento palco, cenário para viver o meu sonho,
entre luzes brandas e músicas invisíveis.
Sonho impossível
Sonhar mais um sonho impossível
Lutar quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite provável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar este mundo, cravar este chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã este chão que eu deixei
Por meu leito e perdão
Por saber que valeu
Delirar e morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão"
- Fernando Pessoa
Uma nova etapa nas nossas vidas começou quando brindámos ao novo ano e para assinalar esse recomeço escolhi este lindo poema de Fernando Pessoa na voz fantástica de Maria Bethânia
E para que tenhamos um verdadeiro Começar de Novo é preciso que digamos a nós mesmos todos os dias: " Eu tenho uma espécie de dever, o dever de tentar ter para mim " o melhor espectáculo que puder " Se tentarmos conseguiremos , a cada dia que passa, ver " uma flor brotar do impossível chão "
. Beijinhos e espero que gostem
Emília Pinto
Subscrever:
Mensagens (Atom)