segunda-feira, 15 de julho de 2024

PAUSA

 



Queridos Amigos, o Começar de Novo vai fazer uma pausa. Até quando ?

Não vos consigo dizer, porque não sei quando ele volta de férias....imaginem...não me deu explicações...foi e pronto! Quanto a mim, sempre que puder visitar-vos-ei. 


Desejo a todos, dias tranquilos, alegres e com saúde. BOAS FÉRIAS e até breve


Beijinhos


Emília Pinto


 




quinta-feira, 4 de julho de 2024

ONDAS DE SOLIDÃO

 

Imagem Pixabay



 Se possuísse uma canoa e um papagaio, podia considerar-me realmente como um Robinson Crusoé, desamparado na sua ilha. Há, é verdade, em roda de mim uns quatro ou cinco milhões de seres humanos. Mas, que é isso? As pessoas que nos não interessam e que se não interessam por nós, são apenas uma outra forma da paisagem, um mero arvoredo um pouco mais agitado. São, verdadeiramente como as ondas do mar, que crescem e morrem, sem que se tornem diferenciáveis uma das outras, sem que nenhuma atraia mais particularmente a nossa simpatia enquanto rola, sem que nenhuma, ao desaparecer, nos deixe uma mais especial recordação. Ora estas ondas, com o seu tumulto, não faltavam decerto em torno do rochedo de Robinson - e ele continua a ser, nos colégios e conventos, o modelo lamentável e clássico da solidão.


 Eça de Queirós, in 'Correspondência


E há tanta solidão neste nosso mundo.....


Emília Pinto

segunda-feira, 17 de junho de 2024

AMIZADE ......

 

Imagem Pixabay



-......NA EMPATIA DIVERGENTE




As pessoas que mais admiro são aquelas que melhor divergem da minha pessoa. Claro está, só se diverge de outrem dentro do que nos é comum. Porque há quem nada tenha de comum connosco, nem sequer a própria existência e a mesma humanidade. E não esqueçamos que o espaço e o tempo são aparências por nós fabricadas para dar passo ao espírito e não lenha para nos queimarmos. Ao mesmo tempo e no mesmo espaço podem juntar-se as pessoas mais alheias entre si e como não acontece na História em tempos e espaços diferentes. A universalidade humana é tão vária que pode um satisfazer inteiramente a sua e sem que lhe passe sequer pela cabeça a de outro que satisfaça também completamente a dele. O tempo de cada qual é o justo para si. Não é dado a ninguém a ocasião da polícia do tempo de outrem. De modo que à porta da nossa intimidade havemos de pôr a admiração por aquele que vai entrar, tanto em quanto diverge como em quanto coincide connosco. Por outras palavras: não vale mais o nosso mistério do que o de outro qualquer. Só o mistério chega inteiro ao fim.


 Almada Negreiros, in 'Textos de Intervenção'



Amigos, recebi de uma Amiga um texto de Almada Negreiros muito interessante e resolvi partilhar convosco, este, também, com uma mensagem para reflexão 
No mundo cabemos todos, cada um com a sua individualidade, mas sempre unidos no propósito de construirmos uma sociedade justa, sem preconceitos

Emília Pinto 



domingo, 2 de junho de 2024

AS AMORAS

 Imagem da net



O meu país sabe às amoras bravas no verão. 
Ninguém ignora que não é grande, 
nem inteligente,
nem elegante o meu país, 
mas tem esta voz doce 
de quem acorda cedo para cantar nas silvas. 
Raramente falei do meu país, 
talvez nem goste dele, 
mas quando um amigo me traz amoras bravas 
os seus muros parecem-me brancos, 
reparo que também no meu país o céu é azul.


Eugénio de Andrade O Outro Nome da Terra


Sim, o nosso país também tem " o céu azul " e é lindo. Gosto muito do Verão, Amigos!

Emília Pinto

terça-feira, 21 de maio de 2024

O AMOR.....

 Imagem Pixabay



..... Como Graduação da Nossa Consciência 


Ninguém sente em si o peso do amor que se inspira e não comparte. 
Nas máximas aflições, nas derradeiras do coração e da vida, é grato sentir-se amado quem já não pode achar no amor diversão das penas, nem soldar o último fio que se está partindo.
Orgulho ou insaciabilidade do coração humano, seja o que for, no amor que nos dão é que nós graduamos o que valemos em nossa consciência


 Camilo Castelo Branco, in 'Amor de Perdição'


 O amor tem que ser compartilhado e também concordo que " no amor que nos dão é que graduamos o que valemos em nossa consciência "- Bela frase...


Emília Pinto

           

terça-feira, 30 de abril de 2024

EVOLUÇÃO

 Imagem Pixabay



Fui rocha, em tempo, e fui no mundo antigo, 
Tronco ou ramo na incógnita floresta...
Onde, espumei, quebrando-me na aresta 
Do granito, antiquíssimo inimigo ... 

Rugi, fera talvez, buscando abrigo 
Na caverna que ensombra urze e giesta; 
Ou, monstro primitivo, ergui a testa 
No limoso paúl, glauco pascigo... 

Hoje sou homem – e na sombra enorme 
Vejo, a meus pés, a escada multiforme, 
Que desce, em espirais, na imensidade... 

Interrogo o infinito e às vezes choro... 
Mas, estendendo as mãos no vácuo, adoro 
E aspiro unicamente à liberdade


Antero de Quental.


Há 50 anos Portugal conquistou a Liberdade o que nos permitirá. amanhã, 1 de Maio, festejar , nas ruas, esse dia dedicado aos trabalhadores .Creio que temos evoluído para melhor, em mutos aspectos, no entanto, não temos entendido bem que a nossa liberdade acaba onde começa a do outro; essa é a principal causa de tantas guerras e de tanta violência.

Emília Pinto 

quinta-feira, 18 de abril de 2024

ABRIL

 Imagem da net


O Cavaleiro
 


Talvez o espere ainda a Incomeçada 
aquela que louvámos uma noite 
quando o abril rompeu em nossas veias. 
Talvez o espere a avó o pai amigos 
e a mãe que disfarça às vezes uma lágrima. 
Talvez o próprio povo o espere ainda 
quando subitamente fica melancólico 
propenso a acreditar em coisas misteriosas. 

Algures dentro de nós ele cavalga 
algures dentro de nós 
entre mortos e mortos. 
É talvez um impulso quando chega maio 
ou as primeiras aves partem em setembro.

Cargas e cargas de cavalaria. 
E cercos. Conquistas. Naufrágios naufrágios. 
Quem sabe porquê. Quem sabe porquê. 
Entre mortos e mortos algures dentro de nós. 

Quem pode retê-lo? 
Quem sabe a causa 
que sem cessar peleja? 
E cavalga cavalga. 

Sei apenas que às vezes estremecemos: 
é quando irrompe de repente à flor do ser 
e nos deixa nas mãos uma espada e uma rosa.


 Manuel Alegre, in "Atlântico


Há 50 anos, o mês de Abril começou a ter um significado muito especial para nós, Portugueses.; acabou a ditadura, a guerra colonial e tivemos a tão esperada liberdade. 
Escolhi Manuel Alegre para lembrar o 25 de ABRIL


Emília Pinto

segunda-feira, 1 de abril de 2024

FOME

 



Aqui, na Terra, a fome continua, 
A miséria, o luto, e outra vez a fome
Acendemos cigarros em fogos de napalme 
E dizemos amor sem saber o que seja. 
Mas fizemos de ti a prova da riqueza, 
E também da pobreza, e da fome outra vez. 
E pusemos em ti sei lá bem que desejo 
De mais alto que nós, e melhor e mais puro. 

No jornal, de olhos tensos, soletramos 
As vertigens do espaço e maravilhas: 
Oceanos salgados que circundam 
Ilhas mortas de sede, onde não chove. 

Mas o mundo, astronauta, é boa mesa 
Onde come, brincando, só a fome, 
Só a fome, astronauta, só a fome,
E são brinquedos as bombas de napalme.


José Saramago , Os Poemas Possíveis.


Em pleno século XXI " aqui, na terra a fome continua " . Andam os" Astronautas " a explorar o espaço, enquanto vemos, chocados, crianças a morrerem de fome. E o desperdício? É tanto...tanto...

Emília Pinto

sexta-feira, 15 de março de 2024

A LIBERDADE É.....

 

...... é um Dever 



Hoje a liberdade é tida como um direito absoluto. Mas não há liberdade absoluta. A liberdade não é sequer um direito. A liberdade é um dever, um dever fortíssimo. A liberdade é o respeito pelo próximo. O Espinoza dizia: nós supomo-nos livres porque ignoramos as forças que impedem os nossos actos. De maneira que há forças que nos são estranhas, não somos nós. Eu sinto-me um joguete, uma marioneta. Sou conduzido por forças que ignoro. Eu sinto isso, eu pressinto isso. 


 Manoel de Oliveira, in 'Notícias Magazine (DN)


É um DEVER, sim, porque temos de entender que a nossa liberdade acaba onde começa a do outro.

Emília Pinto 

domingo, 3 de março de 2024

UTOPIA

 Imagem Pixabay

 
Cidade...... 
Sem muros nem ameias 
Gente igual por dentro 
Gente igual por fora 
Onde a folha da palma 
Afaga a cantaria 
Cidade do homem 
Não do lobo mas irmão 
Capital da alegria 

Braço que dormes 
Nos braços do rio 
Toma o fruto da terra 
E teu a ti o deves 
Lança o teu Desafio 

Homem que olhas nos olhos 
Que não negas
O sorriso a palavra forte e justa 
Homem para quem 
O nada disto custa 
Será que existe 
Lá para as margens do oriente 
Este rio este rumo esta gaivota 
Que outro fumo deverei seguir 
Na minha rota? 

 Zeca Afonso, in 'Textos e Canções 


Como seria bom.....mas, como o nosso Zeca Afonso escreveu.....UMA UTOPIA

Emília Pinto

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

GUERRAS

 

 Imagem pixabay




 Quem Quiser Acabar com a Guerra 

Quem quiser, de facto, acabar com a guerra tem que intervir resolutamente para que o Estado a que pertence renuncie a uma parte da sua soberania a favor de instituições internacionais; deve estar pronto a submeter o próprio Estado, em caso de qualquer conflito, à arbitragem dum Tribunal internacional; tem de intervir com toda a decisão para que todos os Estados procedam ao desarmamento, conforme está previsto até mesmo no desgraçado tratado de Versalhes; nenhum progresso poderá esperar-se se não for suprimida a educação militar e patriótica — no sentido agressivo — do povo. Nenhum outro acontecimento dos últimos anos foi mais vergonhoso para os Estados actualmente mais considerados, que o malogro das anteriores conferências de desarmamento; pois esse malogro não assenta apenas nas intrigas de estadistas ambiciosos e sem escrúpulos, mas também na indiferença e falta de energia dos homens de todos os países. 
Se isto não se modificar, destruiremos o que os nossos antepassados criaram de verdadeiramente valioso. 

 Albert Einstein, in 'Como Vejo o Mundo


Parece ter sido escrito hoje, este pequeno texto......


Emília Pinto

domingo, 11 de fevereiro de 2024

ANIVERSÁRIO - 15 ANOS

 

Imagem pixabay

 

Meus Amigos 

quando me dão a mão 

sempre deixam outra coisa 

presença 

olhar 

lembrança 

calor 

meus amigos 

quando me dão 

deixam na minha 

a sua mão.


Paulo Leminski


Nunca pensei que o Começar de Novo chegasse aos 15 anos, mas, com a ajuda dos AMIGOS que me foram dando a mão, com a sua presença, com calor humano e muito carinho, chegámos até aqui. Muito obrigada a todos! Espero continuar a merecer a vossa amizade e assim seguir em frente enquanto a vida o permitir. Como sempre digo, os parabéns vão todos para vós, queridos Amigos. Um beijinho e a minha sincera Amizade 


Emília Pinto 

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

A MORTE.....

 

Imagem Pixabay


...... Pela Solidão 


Morrer é quando há um espaço a mais na mesa afastando as cadeiras para disfarçar, 
percebe-se o desconforto da ausência porque o quadro mais à esquerda e o aparador mais longe, sobretudo o quadro mais à esquerda e o buraco do primeiro prego, em que a moldura não se fixou, à vista, fala-se de maneira diferente esperando uma voz que não chega, 
come-se de maneira diferente, deixando uma porção na travessa de que ninguém se serve, 
os cotovelos vizinhos deixam de impedir os nossos e faz-nos falta que impeçam os nossos. 


 António Lobo Antunes, in 'Não é Meia Noite Quem Quer


Hoje em dia há muita solidão e não só nos mais idosos


Emília Pinto

sábado, 20 de janeiro de 2024

ESTA GENTE

 Imagem Pixabay


Esta gente cujo rosto 
Às vezes luminoso 
E outras vezes tosco 

Ora me lembra escravos 
Ora me lembra reis 

Faz renascer meu gosto 
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra 
O porco e o milhafre 

Pois a gente que tem 
O rosto desenhado 
Por paciência e fome 
É a gente em quem 
Um país ocupado 
Escreve o seu nome 

E em frente desta gente 
Ignorada e pisada 
Como a pedra do chão 
E mais do que a pedra 
Humilhada e calcada 

Meu canto se renova 
E recomeço a busca 
De um país liberto 
De uma vida limpa 
E de um tempo justo

Sophia de Mello Breyner Andresen


ESTA GENTE por cá, bem perto de nós e tanta, tanta por esse mundo fora vive num sofrimento tremendo, não só por falta de liberdade, mas também pela fome, guerras e outras atrocidades. Continua a haver  REIS....continua a haver ESCRAVOS ....

Já um pouco melhor....aqui estou de volta

Emília Pinto