quinta-feira, 25 de agosto de 2011

ESCOLHA DE UM AMIGO



"Meus amigos?
Escolho os meus amigos não pela pele ou por outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero o meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, SÓ SENDO LOUCO.
Quero-os santos, para que NÃO DUVIDEM DAS DIFERENÇAS e peçam perdão pelas injustiças. Escolho os meus amigos pela CARA LAVADA e pela ALMA EXPOSTA. Não quero só o ombro ou o colo, quero também a sua maior alegria. Amigo que não ri conosco não sabe sofrer conosco. Os meus amigos são todos assim: metade DISPARATE, metade SERIEDADE. Não quero risos previsíveis nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade a sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos, nem chatos. Quero-os METADE infância e outra metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, tolos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a NORMALIDADE É UMA ILUSÃO IMBECIL E ESTÉRIL.

Oscar Wilde

É uma maravilha ter amigos destes!!!!

Emília Pinto





terça-feira, 16 de agosto de 2011

ESTUPIDAMENTE CHEIOS DE TUDO







"Existem pessoas tão cheias de si, que até suas caixas de recados são cheias. Tratam os outros com a mesma intolerância fria proferida nos recados de suas máquinas vazias.



Gostam de arrotar educação, com fina crueldade, mas discriminam qualquer um que não seja de seu status social. Sua arrogância está estampada em suas faces macias, tratadas com creme especial.



Sabem se portar a mesa, porém desconhecem as virtudes da simplicidade excluída na periferia. Dos muitos que eles poderiam auxiliar, dos muitos que poderiam lhes auxiliar, dos muitos que vivem sem lar, dos muitos que vivem sem poder sonhar.



Falam diversas línguas, mas desconhecem a língua universal da humildade. Vestidos como reis, escondem a própria pobreza de seus sentimentos egoístas, que acabam expostos nos seus pontos de vista, na sua fala esnobe, na empáfia de suas vidas.



Pobres animais pensantes. Pobres vítimas de sua soberba sem pudor. Pobres de nós quando encontramos estes seres sem amor. Que tratam a todos com ironia, que maltratam sua própria chance de viver com seus semelhantes em harmonia.



Cheios de tudo, donos de um mundo que não é seu. Enaltecem futilidades, muitas vezes vendendo sua dignidade em troca de glamour. Negam-se a beber do cálice da benevolência. Não sabem o que é clemência. Proclamam a si mesmos como doutores, como se um mero título fosse provar que por direito são melhores do que seus irmãos de carne e sangue. Apresentam-se como senhores da decência, maquiando a própria decadência com suas requintadas máscaras de cinismo e podridão.



Existem muitos seres assim, na riqueza e na pobreza. Entre ateus e religiosos. Entre todas as raças do planeta. Trajando uma armadura de espinhos feita de ofuscante orgulho. Abrem caminho para um falso futuro, sonhando com o topo, mas vivendo em um túnel escuro, abraçando a solidão tecida por sua amargura, por acharem que neste mundo são as únicas criaturas. "


Autoria de António Brás Constante


Pena que no coração do ser humano haja cores sombrias....pena que nele não vejamos sempre o azul suave dos céus!

Emília Pinto

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

UMA GOTA ....

....em busca de um oceano


"Sou um ser vivente.

Um pingo de vida que nasceu nas entranhas do mar da existência;


Ando pela correnteza do tempo, sem saber se meu futuro será grande ou pequeno;


Não sei se como gota salvarei alguma vida do deserto do desespero, ou afogarei nas imensas águas de meu egoísmo;


Talvez eu seja engolido pelos peixes da ganância, ou evaporado pelo calor insuportável da miséria;


Ó mundo sem alternativas!

Daqui a meses ou anos, segundos talvez, deixarei de existir.

E se existir será enfim para chegar ao oceano,

com toda uma bagagem de vida guardada dentro de mim;


Talvez alguém me pergunte:

- De que te adiantou sofrer tanto para chegar a este oceano?


E eu responderei:

- Para viver em paz, neste lugar chamado MAR"


Autoria de António Brás Constante


É o que todos nós desejamos: " Viver em paz neste lugar Chamado MAR"


Emília Pinto