( imagem retirada do google )
Investir no sossego do próprio coração é não abrir uma brecha, que poderá virar uma represa, para alguém que não está disponível afetivamente. É prestar atenção nos sinais e indícios que a pessoa dá, logo nos primeiros encontros, do tamanho do sofrimento ou da alegria que ela poderá lhe proporcionar. É saber-se só em quaisquer situações, mesmo acompanhado, pois as consequências de nossas escolhas são absolutamente nossas.
Investir no sossego do nosso próprio coração é saber que aquilo que está doendo deverá ser extirpado e não manter apego ao sofrimento, por mais que o uso do bisturi cause quase a mesma dor. É proporcionar-se bons momentos divorciando-se de tantos lamentos. É não adiar sofrimento postergando decisões tão necessárias. É não se acomodar com a falta de excitação pelas coisas, pessoas, trabalho. É saber-se merecedor de experienciar um amor inteiro, intenso, extenso, imenso, verdadeiro... Recíproco! É aumentar, um pouquinho a cada dia, o seu tamanho. É ter a certeza e a confiança de que as coisas têm um encaixe, mas que é preciso deixar ir, ou ir ao encontro, ou conformar-se com o desencontro, ou esquecer, ou lembrar-se de outras coisas, ou relacionar-se de outra forma.
Investe no sossego do próprio coração quem não rumina o que machuca, quem não fica descascando a ferida impedindo que a mesma cicatrize, quem não se disponibiliza de maneira subserviente e em tempo integral ao ponto de ser desvalorizado ou descartável, quem não aceita menos do que merece: coisas pela metade.
Investe no sossego do próprio coração quem sofre, grita, chora, mas cresce! Quem não se repete, quem se surpreende consigo mesmo, quem trabalha o desapego, quem se abre para as coisas que possuem mais calor e sensibilidade
Investir no sossego do próprio coração é coisa que não vem com a idade, mas com a ideia de que se pode vivenciar um momento de paz e repouso, é desocupar o peito para abrir espaço para o novo, é entregar-se ao desconhecido com inocência e totalidade, é não ter medo de pronunciar verdades, é ser honesto consigo, com o outro
Investe no sossego do próprio coração quem não se contenta com pouco."
Marla de Queiroz - autora do livro Quando as palavras se abraçam, é brasiliense que reside no Rio de Janeiro e também autora de Flores de Dentro . Formou-se em jornalismo e exerce a poesia encontrada nas paisagens. Quando morrer, pediu para escreverem em sua lápide: “aqui jaz uma poeta que morreu de rir.”
Gostei muito deste texto e para mim, os pontos que destaco como mais importantes para o sossego dos nossos corações são : "... proporcionar-se bons momentos divorciando-se de tantos lamentos... abrir-se para as coisas que possuem mais calor e sensibilidade....desocupar o peito para abrir espaço para o novo e principalmente não ter medo de pronunciar verdades e ser honesto consigo e com o outro Se Marla Queiroz vive tentando sempre" morrer de rir " com certeza que está a Investir no sossego do próprio coração
Emília Pinto