domingo, 14 de fevereiro de 2016

LUTA DE CLASSES




Não contem comigo para defender o elitismo cultural. Pelo contrário, contem comigo para rebentar cada detalhe do seu preconceito. A cultura é usada como símbolo de status por alguns, alfinete de lapela, botão de punho. A raridade é condição indispensável desse exibicionismo. Só pertencendo a poucos se pode ostentar como diferenciadora. Essa colecção de símbolos é descrita com pronúncia mais ou menos afectada e tem o objectivo de definir socialmente quem a enumera. Para esses indivíduos raros, a cultura é caracterizada por aqueles que a consomem. Assim, convém não haver misturas. Conheço melhor o mundo da leitura, por isso, tomo-o como exemplo: se, no início da madrugada, uma dessas mulheres que acorda cedo e faz limpeza em escritórios for vista a ler um determinado livro nos transportes públicos, os snobs que assistam a essa imagem são capazes de enjeitá-lo na hora. Começarão a definir essa obra como "leitura de empregadas de limpeza" (com muita probabilidade utilizarão um sinónimo mais depreciativo para descrevê-las). Este exemplo aplica-se em qualquer outra área cultural que possa chegar a muita gente: música, cinema, televisão, etc. Aquilo que mais surpreende é que estes "argumentos", esta forma de falar e de pensar seja utilizada em meios supostamente culturais por indivíduos supostamente cultos, e só em escassas ocasiões é denunciada como discriminadora do ponto de vista sexual ou social. Isso são livros de gaja, dizem eles. Às vezes, para cúmulo, há mesmo mulheres que dizem: isso são livros de gaja. A raiz da minha cultura não pertence ao elitismo. Tenho orgulho das minhas origens, do meu avô pastor, do meu pai carpinteiro, como outros têm orgulho dos seus longos nomes compostos. Depois de um trabalho que encerre convicções profundas, que tenha em conta os princípios da sua área artística, que seja consciente da história dessa área e que faça uma proposta coerente e inovadora, acredito na divulgação o mais ampla possível. Esconder uma obra em tiragens de 300 exemplares não lhe acrescenta um grama de valor artístico. Quando essa falta de divulgação resulta de uma escolha, pressupõe, quase sempre, falta de consideração pelo público, a crença de que um público mais vasto seria incapaz de entender tamanha sofisticação. Acredito que a poesia pode ser publicada em caixinhas de fósforos, escrita com trincha ou spray nas paredes, impressa em t-shirts, afixada no facebook. Em qualquer um desses lugares, será diferente, mas em todos continuará a ser poesia. É ridícula a ideia de que a divulgação deturpa. A banalização é sempre tarefa de quem banaliza e não do objecto banalizado. Quem não for capaz de convocar os seus sentidos e a sua razão para apreciar uma determinada obra, apenas por acreditar que se encontra muito difundida, tem problemas graves ao nível do espírito crítico e da isenção mais básica. Esse é um daqueles casos em que se aconselha a lavagem de olhos. É aí que reside a deturpação. Admiro o povo ao qual pertenço. Não o povo mitificado, admiro o povo quotidiano. Gosto de ir a feiras. Gosto de comer frango assado com as mãos. Devo tanto à cultura deste povo como devo a Dostoievski. Há alguns meses, a personagem de uma telenovela citou um poema escrito por mim. Toda a gente da minha rua viu e ouviu. A minha mãe ficou orgulhosa e eu também. Chamo-me José ou, se preferirem, Zé. Desprezo o elitismo. O verbo não é exagerado, adequa-se bem ao que sinto. Hei-de sempre divulgar o meu trabalho na máxima dimensão das minhas capacidades. Devo esse esforço à convicção que tenho naquilo que escolhi dizer. Fico feliz se vejo os meus livros disponíveis em supermercados, estações de correios, bombas de gasolina ou bibliotecas públicas. Aquilo que faço não existe sozinho, precisa de alguém que lhe dê sentido, o seu próprio sentido e interpretação pessoal. Se uma árvore cair sozinha na floresta, sem ninguém por perto, será que faz barulho? Por esse motivo, o esforço de divulgação é também uma mostra de respeito para com essas pessoas, é um sinal da minha crença nelas e no seu valor. Exactamente como estas palavras, que existem porque estás a lê-las. Escrevo romances, a minha força de vontade é enorme. Tenho 38 anos, conto estar por cá durante bastante tempo. Tenho ainda muito por fazer. Habituem-se. Não tenho medo


 José Luís Peixoto, in 'Visão' (Revista)



Sei que escolhi um texto bastante longo, mas o tema é tão interessante e oportuno que, mesmo assim, resolvi partilhar.

Este tipo de comportamento, a mim, sempre me irritou e é com frequência que o enfrento, podem acreditar.

Emília Pinto

34 comentários:

  1. Concordo em absoluto com o texto e também me deparo com este tipo de situações. Pior, pessoas que raramente leem um livro e criticam-me porque tenho sempre um livro comigo. Há uns anos, no decorrer de uma conversa, usei um ditado popular para concluir a ideia e alguém disse "Lá está a Marta a servir-se do que leu nos livros." Os livros são para ler e reler, não devem ficar (como acontece muitas vezes) esquecidos numa prateleira só para dizer que os temos. Os meus estão espalhados por todo o lado...
    Obrigada pela partilha.
    Beijos e abraços
    Marta

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    1. Obrigada, Marta. E quando dizem: " esse escritor vende muito em supermercados. ..." ? Já ouvi essa, mas não me importo. Também penso que os livros são para serem lidos e em minha casa eles estão por todo o lado, não considerando eu que a casa, por esse motivo esteja desarrumada amiga, uma boa semana. Beijinhos
      Emilia

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  2. E fez muito bem, o texto merece, e se não fosse a amiga, decerto não o leria, pois só muito esporadicamente compro a Visão.
    Estou de acordo com o autor. Até porque o sonho de quem escreve é que o leiam.
    Um abraço e uma boa semana



    R: Amiga aquele conto que está a ler não tem nada de ficção. Todo ele foi realidade de outros tempos. O Manel foi o meu pai, o homem que me ensinou a ser quem sou. E a vida na Seca, era assim mesma, ainda era assim quando eu fui para lá trabalhar. Tinha começado com a historia, há sete anos atrás, mas e, 2009 ele morreu. Eu fiquei sem chão e sem coragem para continuar. Retomei-a agora. Devo-lhe essa homenagem.
    Abraço

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    1. Também acho, Elvira, e as pessoas têm a liberdade de o lerem todo ou não. Fico contente que tenhas apreciado. Quanto ao Manuel, estava mesmo convencida de que era o teu pai, aliás, lembro-me perfeitamente de todos os teus contos relacionados com a seca. Elvira, quando estive agora no Brasil, tive uma pequena ideia da dor sentida quando se perde um dos nossos queridos, ( felizmente isso não aconteceu..) por isso entendo muito bem o
      teu desânimo. Claro que lhe deves essa homenagem contando a vida dura que teve, porque dessa vida tu fizeste parte e a ela deves tudo o que és hoje. Quisera eu ter essa facilidade de escrita e contaria também a vida dura que o meu pai teve e o tanto que conseguiu dar-nos. Não conhecemos os mistérios da vida e muito menos da morte, mas far-te-a muito bem pensar que, de onde ele está, sorri com orgulho da filha que tão bem formou. Elvira, obrigada pelo carinho e uma boa semana. Beijinhos
      Emília

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  3. Excelente texto Emília! Concordo plenamente , fiquei muito feliz com suas lindas palavras no meu blog! Além de me confortarem, me deixaram felizes por receber tanto carinho, fique com Deus, bjsssss

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    1. Feliz fiquei eu com a tua vista, Sonica. Há muito tempo que não " conversavamos " e foi bom saber as tuas novidades e tu as minhas. Apesar de tanto tempo no teu país, fui com tanta urgência que nem deu tempo para avisar os amigos brasileiros. De qualquer modo, não daria para fazer visitas, pois o meu tempo foi passado só em Guaratinguetá e, como se costuma dizer " com o coração nas mãos". Quem sabe noutra altura?
      Amiga, espero que esteja tudo bem contigo e com os teus e que a tua netinha esteja a crescer linda e saudável Beijinhos
      Emilia

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  4. O elitismo cultural não é mais que a hipocrisia, o recalque dos incultos!

    Beijinhos.

    Elisa

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    1. Olá Lisa. É sempre muito bom ver-te por aqui. Nao sei se leste, mas dia 11 passado o Começar de Novo fez 7 anos e eu esqueci a data, Aproveito para te agradecer a permanência constante aqui, contribuindo assim para a já longa vida deste cantinho Estas, por isso de parabéns também. Concordo plenamente com o que dizes sobre o elitismo cultural, pura hipocrisia, sim. Quem dera a muitos ter o sucesso daqueles a quem eles chamam de " pimbas" "parolos", etc, etc. Beijinhos, amiga e uma boa semana
      Emilia

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  5. Sempre tive livros na minha vida.

    Como Peixoto orgulho-me das minhas origens.

    Nunca considerei que um filme, uma peça de teatro, um concerto perdessem qualidade por serem , como é hábito dizer em tom pejorativo, "comerciais" , isto é , que agradem a multidões.

    Porém fiquei muito desolada quando tomei conhecimento de que José Manuel Rodrigues dos Santos é considerado por quem respondeu a um recente inquérito o melhor escritor português.

    Porque se o chegar a multidões não é sinónimo de falta de qualidade também não é garantia dessa mesma qualidade.

    Teremos que analisar, penso, caso a caso.

    Minha querida, boa semana :)

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    1. Pois é São, isso de filme comercial, livro comercial, música comercial, foi coisa que nunca entendi. Quer dizer, então só tem valor o que fica bem escondidinho em casa e é enviado a quem o desejar, por encomenda e via express mail? Mesmo ass7m sendo é comercial, pois se raliza uma transacção. Sabes, smplesmente, uma estupidez. Quanto ao Rodrigues dos Santos, não tive conhecimento de que foi considerado o melhor escritor português. Nao sou perita no assunto e nem sei em que se baseiam. Já li alguns dele e o que mais gostei foi o Homem de Constantinopla e o Milionário em Lisboa. É um só assunto dividido em 2 volumes. Tem muita pesquia. Fala da vida de kaluste Gulbenkien e da genocídio dos Armenios. Por exemplo o Codex não me 7nteressou nada. E agora vou colocar-te um onto que me deixa " encucada " Gosto muito de ler José Saramago e tenho alguns livros dele, mas não entendo qual foi a ideia dele em não usar pontuação. Já tenho dito " se fosse um menimo da primária a fazer um texto sem pontuação teria zero" mas ao José Saramago perdoa-se. Bem...pessoalmente não acho graça nenhuma, mas, como já disse não sou perita e por isso e o que aqui digo não passa de opinião e, como tal, vale o que vale. Amiga, obrigada pelo carinho da visita e tudo de bom. Beijinhos
      Emilia

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  6. Um texto contundente com o qual estou de acordo.
    Apesar de grande, li-o com vontade, pois saber qual é o ponto de vista do Zé LP é importante, já que se trata de um grande escritor, que ficará, estou certo, na História da literatura portuguesa.
    Por isso, obrigado pela partilha.
    Bom fim de semana, querida amiga Emília.
    Beijo.

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  7. Ainda bem que gostou. Também achei o texto muito interessante e li-o c8m bastante interesse. Com a opinião dos outros é que nos enriquecemos. Obrigada, Jaime e bom fim de semana. Beijinho
    Emilia

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  8. Excelente texto

    Tirem-me tudo menos um verso

    Bj

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  9. E fizeste muito bem, minha querida, porque o texto, apesar de extenso, lê-se com muito agrado; é deveras interessante.
    Quando se escreve com amor, quando se gosta do que se escreve, o normal é gostar-se de ser lido. E para isso é preciso haver divulgação.
    Mas... fazer uma edição de apenas 300 livros significará, de facto, a convicção de que só os "cultos" devem ter acesso a essa obra porque os "não cultos" não tem capacidade para a entender??? Ou será porque se tem a convicção de que apenas haverá 300 compradores para o livro??? Estou a ser mazinha... mas penso que cada um interpreta as coisas como as entende...
    Muito mais eu poderia dizer até porque neste aspecto me sinto como peixe na água... Mas tenho que deixar espaço para os outros comentadores... :)))))))))))
    ___________

    Sossega o teu coraçãozinho :) Já respondi aos teus mails, com as devidas desculpas e explicação :)

    Votos de um fim de semana luminoso.
    Beijinhos
    MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS


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    1. Colocaste aqui um ponto interessante , no que se refere aos tais " 300 livros ". Claro que estou convicta que se um escritos só edita esse número livros é por que lhe parece que nao conseguira vender mais e isto por vários motivos, não tendo nenhum a ver com a qualidade do livro . Muitas vezes o autor não é muito conhecido e para divulgar a sua obra fica muito dispendioso, alem da dificuldade em contactar os meios de divulgação precisamente por ser um " ilustre deconhecido " Vou dar o exemplo que já aqui foi dado do José Rodrigues dos Santos; este senhor não tem dificuldade nenhuma em divulgar os seus livros e vende-os todos nem que seja só pela curiosidade em conhecer as suas ideias. Pode editar os que quiser até por que todas as editoras estarão prontas a fazê-lo. Agora, será que há algum escritor que so edite esse número pelo simples facto de achar que os seus livros não podem cair nas mãos de qualquer um. Bem...só se for um escritor tao famoso que nem precise de divulgação e pt se restrinja a escrever para um pequeno numero de " iluminados " que serão informados e depois convidados a receber a obra suprema. Acredito pouco nisso, mas posso estar enganada. Também há aqueles espectáculos, restaurantes, etc, que cobram uma fortuna e se desculpam, dizendo que é para seleccionar o público. Sendo assim, é capaz que o mesmo critério se aplique a todo o resto. Em se tratando do ser humano, tudo é possivel, Mariazita. Nao quiseste alongar-te muito para não tirares a vez a outros comentadores, mas, alonguei-me eu e agora vais re de ler este "testamento" obrigada, amiga e uma boa semana
      Emilia

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  10. OI EMÍLIA!
    LI TODO O TEXTO E O ACHEI INTERESSANTÍSSIMO, UMA POSIÇÃO COERENTE POIS DE QUE ADIANTA SE FAZER UMA OBRA PRIMA, SE NÃO FOR VISTA E APRECIADA? QUEM A CATALOGOU COMO TAL, O PRÓPRIO AUTOR? UM ELITISMO QUE IRRITA.
    QUEM ESCREVE, OU PINTA OU EM QUALQUER OUTRA ATIVIDADE ARTÍSTICA, PRECISA DE PÚBLICO POIS É DAÍ QUE VEM A VERDADE SOBRE A CRIAÇÃO.
    ABRÇS
    http://. zilanicelia.blogspotcom.br/

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    1. Infelizmente não é só nos livros, Zilani. Vê por exemplo no caso da música, alguns cantores são considerados de " elite" tipo Chico, Caetano e outros , como aqui nós lhes chamamos de " música pimba " aquela musica que anima festas populares e enche estádios de futebola. À s vezes, perante certas pessoas sente-se até um pouco de constrangimento ao dizer-se que se gosta de determinado cantor. ! Mas, são os que mais vendem e enchem-se de dinheiro, obrigada, amiga pela visita e opinião uma boa semana. Beijinhos
      Emilia

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  11. Na essência concordo com José Luís Peixoto, mas as coisas não são assim tão lineares, o que quer dizer que este tema dava pano para mangas. :)

    Um bom domingo :)

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  12. Na essência concordo com José Luís Peixoto, mas as coisas não são assim tão lineares, o que quer dizer que este tema dava pano para mangas. :)

    Um bom domingo :)

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    1. As opiniões são sempre diferentes e as interpretações também, António. Este assunto dava de facto " pano para mangas " e é pena nao poder ser discutido pessoalmente. O que eu não gosto de ouvir é: " esse escritor é bom? Tenho visto os livros dele à venda nos hipermercados..." E por isso não pode ser bom? Esse bom também é relativo, pois para mim, por exemplo , basta que esteja bem escrito e o tema me agrade. Telas fantásticas são para mim aquelas que eu consiga entender, por isso não podemos " rotular" a arte; ela é muito subjectiva e a sua qualificação vai depender de quem a aprecia. Amigo, muito obrigada pela visita e desejo-te uma boa semana. Um beijinho
      Emilia

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  13. Oi Emília, fiquei contente com teu retorno ao blog, e principalmente, que teus familiares estejam bem! A boa saúde é fundamental para todos nós, não é?
    Quanto ao texto de Luis Peixoto, achei-o perfeito. Não existem textos "longos", "extensos"; quando um texto é bem escrito e tem consistência os seus argumentos, não nos damos conta desse detalhe, ao contrário, até lamentamos quando termina. Ainda não tive o prazer e a oportunidade de ler um livro dele, mas irei procurar por aqui. Gostei muito, ele nos mostra vários aspectos que devem ser considerados quando lemos uma obra. Obrigada por partilhá-lo, foste muito feliz na escolha.

    Beijos, e mais uma vez: SEJA MUITO BEM VINDA!!!

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    1. Felizmente, Cirandeira, os meus pais estão bem e eu pude voltar mais sossegada. Fiquei contente por teres apreciado o texto. Achei um tema sempre oportuno, pois a descriminação está patente em todos os aspectos do nosso dia a dia e isso não é nada bom. Muito obrigada pela simptia. Um beijinho e até sempre.
      Emilia

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  14. É UM TEMA QUE SE DEVE REFLECTIR. Cada um por si terá a sua
    opinião. Para mim a cultura não é um luxo, mas sim
    uma necessidade.
    Desejo que a amiga se encontre bem.
    Bjs.
    Irene Alves

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    1. Muito obrigada, Irene. Felizmente estou bem e espero que o mesmo se passe contigo. A cultura não é um luxo e devia estar ao alcance de todos e sem " rotulos " . Infelizmente nem todos têm acesso a ela em especial por questões económicas. Um simples livro não cabe no orçamento da maioria das pessoas, muito menos uma peca de teatro ou um concerto. Amiga, obrigada pela visita. Um beijinho
      Emilia

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  15. Boa tarde, é muito mau quando se pensa que a cultura é só para alguns, era assim que o regime Salazarista pensava, sabemos que ninguém é o dono da sabedoria, existe dois tipos de cultura, a do saber e a do fazer, um povo sem cultura é um povo vazio e cinzento.
    o que é muito interessante para os elitista.
    Gostei do artigo do José Luís Peixoto
    AG

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    1. Felizmente que essa época acabou e agora a cultura está aberta a todos;pena que os governos não invistam nela, para que assim fique mais acessível a todos. O preço impede que muitos comprem um simples livro e alguns já não conseguem sequer ir ao cinema. Obrigada pela visita , amigo e até breve
      Um beijinho
      Emilia

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  16. Olá, minha querida!

    Como estás? Os teus estão bem?

    Agradeço a tua visita e interessante comentário. Já ouvi essa canção do Wando e a "Safada", tb. Adoreiiiiiiiiiiii, but thanks (lá estou ela a mostrar k sabe inglês, pensam alguns. No comments!)

    Esta publicação é mesmo das tuas, sem tirar, nem pôr, mas José Luís Peixoto "meteu-se" num campo vasto, polémico, mas mto apaixonante: LUTA DE CLASSES k será eterna.

    Sabes k qdo li o título do artigo, lembrei-me logo de Marx, Engels, claro e a História começou a "fervilhar" na minha cansada cabecinha.

    O texto é longo, é verdade, mas de leitura mto agradável, direta e sem lirismos. O que é, é, o que não é, não é. Este moço escritor, ao k julgo, é alentejano, do Alto Alentejo e tem uma maneira mto sui generis de descrever os afetos, realidades, cumplicidades e vontades.

    Sabes o k penso: as pessoas normais, têm todas orgulho nas suas raízes, nos seus antepassados, na cultura e educação, k lhes foi transmitida. As outras, e devido ao status e a outras "variantes" ficam maradas de todo, passam-se, percebes, mas são capazes de dizer: "tudo o que entra, sai"!

    Enfim, nós somos povo e cantamos esperança, assim diz um fado antigo que a minha mãe ouvia mto. Acho k era o Rodrigo, peixeiro e fadista k o cantava.

    Em relação à cultura, tenho uma visão um pouco diferente da de JLP (desculpa as minhas abreviaturas, mas as minhas mãozinhas fartam-se de escrever), pke ela pode e deve ser abrangente e transversal, todavia é preciso saber transmiti-la.

    Vamos cá falar: Tony Carreira é um artista k enche qualquer pavilhão. Bem, e quem são os espectadores, o público dos seus concertos (agora, "temos" de dizer para sermos democráticos e modernos, os espectadores e as espectadoras. Piroseira, preconceito, rebaixamento e "provincianismo", é o k é, com o devido respeito a Júlio Dinis e a outras gentes. Desde qdo é que o masculino plural não serve para englobar os dois sexos?) Ora, o público deles é composto por mulheres, muitas mulheres, essencialmente, que não têm grande cultura académica e k dizem, p exemplo: "sube", truxe" "deséjamos" and so on. Acho que o cantor tem boa voz, mas não faz nada o meu estilo/género, embora admire o esforço que ele fez e tem feito para chegar a este patamar, mas tudo isto não deixa de ser cultura.

    Qto a programas, tipo Big Brother, Quintas, sinceramente não vejo, pke fico entristecida com a pobreza, não só cultural, mas também mental de alguns concorrentes, mas eles devem ter orgulho nas suas raízes e tentar melhorar o que está menos bem.

    Adorei este bocadinho tertuliano. Fica bem e tem uma noite muito feliz.

    Beijinhos e um abraço sincero.

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    1. Olá Céu. E tu vieste mesmo ao ponto principal deste tema. Tony Carreira nao faz o teu genero e não faz também o meu, mas faz o de muita gente. Tenho a impressão que já disse aqui muitas vezes que para eu gostar duma canção tenho que primeiro gostar da letra e so gosto se conseguir tirar dela uma mensagem. O que me fez colocar no blog a musica anterior do Milton Nascimento?Precisamente a mensagem da letra. O que eu não gosto de ouvir é que este ou aquele cantor são para as " sopeiras" para os " parolos" etc. Ha pessoas que tem vergonha de dizer que ouvem Tony Carreira, porque isso não lhe dá status. É muito mais fino dizerem que gostam de ouvir música classica, ou então um Vinicius, Caetano ou Chico Buarque; Gostar de Roberto Carlos já é muito mais " brega ". Estes rótulos é que são imperdoaveis, na minha modesta opiniao Quanto aos programas de que falas nao vejo nenhum. Já vi, sei como são, mas nunca entendi a finalidade desse tipo de concursos, embora sejam feitos em varios paises. Amiga eu so ligo a televisão na hora do jantar para as noticias e depois gosto de ver os concursos de perguntas e respostas, como o actual Big picture.. Antes de dormir vejo sempre a sic noticias ou a 25a hora da TVI. E acho melhor terminar a " tertúlia" para que não te canses a ler. Se pudessemos estar frente a frente seria um bom tema de conversa. Obrigada pelo teu contributo ao "debate", pois acrescentas sempre muito ao post que publico. Um beijinho e até sempre,
      Emilia
      Emilia

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  17. Bom dia
    Ainda bem que nos reencontramos. Espero que não apareça outra invasão. Redobrei os cuidados de fechar a sessão e todos os programas sempre que saio da Net.
    Nunca li nada de Rodrigues dos Santos. Não vou comentar.
    Livros tenho alguns que me apaixonam pois são verdadeiros amigos.

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    1. Obrigada por teres vindo cá, Luia. Assim já terei possibilidades de te visitar. Quanto a José Rodrigues dos Santos, já li alguns livros dele, mas não tenho capacidade para o designar bom ou mau escritor. Aludi ao seu nome pelo simples facto de para ele ser muito facil a divulgação dos seus trabalhos. Pode até haver um escritor melhor que não consiga vender os seus livros, porque não sendo conhecido, a divulgação torna-se praticamente impossivel
      Amigo, aparece sempre. Um beijinho e até breve
      Emilia

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  18. O que é pior é que só os já sabem de tudo isso, é que leêm esses textos.
    Se, como se verifica, os grandes meios de difusão colectiva, nada fizerem (que é o caso), nada feito...
    Beijinhos!

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    1. Tens razão, Vieira e foi precisamente isso que quis dizer ao referir-me ao José Rodrigues dos Santos. Os meios de difusão so se interessam por quem
      Já tem fama e para os outros, pobres desconhecidos fica muito dificil colocar a sua arte ao serviço de todos. E penso que assim vai continuar, amigo, infelizmente. Obrigada pela visita e opinião sobre o assunto, aliás como escritor que és deves estar bem por dentro desta temática. Beijinho
      Emilia




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  19. Voltei para ver as novidades.
    Acrescento apenas que:
    As canções do Tony Carreira, na minha modesta opinião, têm letras muito fraquinhas, as músicas são pobres e normalmente muito parecidas com outras, nomeadamente da América Latina (plágios?) e ele não tem grande voz (tal como os filhos). Mas tem um talento que eu admiro e que, por isso, o respeito: tem uma capacidade de trabalho enorme. E isso também é de elogiar, já que há grandes talentos que são bem preguiçosos e passam a vida a cantar 2 ou 3 canções em que tiveram sucesso.
    Continuação de boa semana, querida amiga Emília.
    Beijo.

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    1. Concordo plenamente contigo, Jaime Nao conheço nenhuma musica dele, precisamente, como já disse acima, porque nao encontro nas letras mensagens que me interessem e isso para mim é o mais importante numa canção. Ele tem muito valor por esses motivo de que falas e pela capacidade que tem em arrastar multidões. Posso estar enganada, mas parece-me ser uma pessoa muito simpática que não esqueceu as suas humildes origens, mantendo a simplicidade apesar do sucesso. Tenho essa ideia só por que o vi como jurado naquele programa de novos cantores, creio que foi o factor x e agradou-me como pessoa. Tudo isto é relativo, pois não posso dizer que o conheça só pelo que vi no programa.
      Obrigada por teres voltado cá. Não há ainda novidades, mas, pelo menos " conversámos" mais um pouquinho. Um beijinho e até sempre.
      Emilia

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