O que é preciso é gente
gente com dente
gente que tenha dente
que mostre o dente
Gente que não seja decente
nem docente nem docemente
nem delicodocemente
Gente com mente
com sã mente
que sinta que não mente
que sinta o dente são e a mente
Gente que enterre o dente
que fira de unha e dente
e mostre o dente potente ao prepotente
O que é preciso é gente
que atire fora com essa gente
Essa gente dominada por essa gente
não sente como a gente não quer ser dominada por gente
NENHUMA!
A gente só é dominada por essa gente
quando não sabe que é gente
Ana Hatherly, in "Um Calculador de Improbabilidades
Libertemo-nos dos rótulos e tentemos " ser gente. gente com mente, gente com sã mente. ", tentemos ser aquela pessoa que tem consciência do seu valor, da sua essência, independentemente daquilo que os outros pensam .
Emília
Ana Hatherly - Ensaísta, ficcionista, poetisa, artista plástica e professora universitária portuguesa; nascida em 1929, no Porto. Licenciou-se em Filologia Germânica pela Universidade Clássica de Lisboa e doutorou-se em Estudos Hispânicos do Século de Oiro, pela Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA). Foi professora catedrática na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde criou o Instituto de Estudos Portugueses, em 1994, do qual é presidente. Para além das funções de docente, desempenhou ainda outras. Entre 1980 e 1981, foi diretora-adjunta da revista literária Loreto 13 da Associação Portuguesa de Escritores e da qual é igualmente membro. Entre 1987 e 1990, integrou a Comissão Editorial e o Conselho de Redação da Revista da Faculdade de Ciências Humanas. Entre 1988 e 1991, fundou e dirigiu a revista Claro-Escuro, que se dedica a estudos barrocos. Em 1991, fundou a revista Incidências do Instituto de Estudos Portugueses. Entre 1991 e 1993, foi presidente da Comissão para a Tradução e os Direitos Linguísticos do PEN Club Internacional, clube do qual foi também presidente, entre 1992 e 1994. Membro de várias associações nacionais e internacionais, entre 1971 e 1974, trabalhou também no London Film School, realizando quatro pequenos filmes, como Revolução (1976). Quanto à sua carreira literária, iniciou-a com a publicação do livro de poesia Ritmo Perdido (1958). Nas décadas de 60 e 70, foi elemento ativo do Movimento da Poesia Experimental (conhecido por Po-Ex) que procurava realizar exposições de artistas vanguardistas e divulgar a poesia visual e concreta, em Portugal e no estrangeiro. É precisamente na categoria de vanguardista que Ana Hatherly é integrada. Revelando uma pluralidade inventiva, procura conciliar a literatura, sobretudo a sua poesia, de pendor barroco, com as artes visuais (desenho, colagem, pintura). No que concerne aos seus trabalhos artísticos, realizou diversas exposições individuais e coletivas, tanto a nível nacional como internacional, salientando-se a Bienal de Veneza, a Bienal de S. Paulo, o Museu do Chiado, a Fundação Calouste Gulbenkian ou a Fundação da Casa de Serralves, podendo encontrar-se cerca de 200 trabalhos da artista, produzidos entre 1960 e 2002, na obra A Mão Inteligente (2002). Relativamente à sua produção escrita, estão publicados diversos títulos de poesia, ficção, ensaios e artigos para revistas e congressos, estando também parte do seu trabalho representado em várias antologias. Destacam-se algumas obras, como As Aparências (1959), Nove Incursões (1962), O Espaço Crítico: Do Simbolismo à Vanguarda (1979), PO.EX: Poesia Experimental Portuguesa (1981), Poemas em Língua de Preto dos Séculos XVII e XVIII (1990), A Casa das Musas: Uma Releitura Crítica da Tradição (1995), 351 Tisanas (1997), A Idade da Escrita (1998), Um Calculador de Improbabilidades (2001), Itinerários (2003), Poesia Incurável: Aspetos da Sensibilidade Barroca (2003). Para além disto, é também autora de traduções de obras inglesas, francesas, italianas e espanholas e de estudos sobre o Barroco em Portugal. Ana Hatherly foi distinguida com vários prémios: Medalha de Mérito Linguístico e Filológico Oskar Nobiling (1978) da Sociedade Brasileira de Língua e Literatura do Rio de Janeiro; Prémio de Ensaio (2000) da Associação Portuguesa de Escritores, pelo seu livro O Ladrão Cristalino (1997); Prémio de Poesia (2001) do PEN Club, pela sua obra Rilkeana (1999); Prémio Évelyne Encelot (2003), que distingue mulheres europeias, pelas suas obras nas áreas das artes ou das ciências; Prémio da Crítica 2003 (2005) da Associação Portuguesa dos Críticos Literárias, pela sua obra O Pavão Negro (2003).
in _ infopédia
Emília Pinto
ResponderEliminarQuerida amiga
Eis um poema que num jogo de sons, uma palavra se agiganta e toma diversos sentidos. Gente que é gente e gente que não é gente. Gente prepotente e gente impotente. Uma antinomia que mostra bem o desconcerto deste mundo. E perante a dominação há que mostrar o dente, ter força suficiente para sacudir o jugo. A luta do mais fraco por um lugar ao Sol.
Querida amiga, muito obrigada por mais esta lição de vida. Gostei muito do poema e da autora.
Beijinhos
Olinda
Com uma só palavra se faz um belo poema ode ela se vai agigantando, como bem o dizes, contendo no seu amplo significado o que de melhor e pior tem o ser humano .E Gente que é gente deve mostrar o dente quando se sente impotente. E com esse sentimento de impotência não é capaz de " atirar fora com essa gente que só quer dominar a outra gente que de tão humilhada se esquece de que é GENTE. Muito obrigada, Olinda pela visita e desejo-te um bom fim de semana que espero seja com o solzinho que está hoje.
EliminarEmília
Um grito que vem do fundo da gente que sofre as consequências daqueles que não sentem a dor dos que sofrem a fome e as injustiças.
ResponderEliminarPenso, Luis que a maioria dos portugueses se associa a este grito, porque há gente demasiado prepotente que se esquece que está a tratar de gente, gente que tem dente, mas que, devido a variados factores se sente impotente para o mostrar. A fome, a idade,a falta de meios para uma vida com o mínimo de dignidade tiraram-hes a força ao dente e a coragem para o enterrar no prepotente. Obrigada, querido amigo pela visita. Um bom fim de semana
EliminarEmília
Oi Emília
ResponderEliminarQuantas vezes prefiro não ver 'gente!!
_somos governados por' gente que não é gente'
Muito boa_ já li um pouco dos poemas da Ana Hatherly.
Excelente escolha,
um abraço
Também eu, LIs! Há gente que nem merece que olhemos para elas e é melhor convivermos com aqueles que não são gente, pois têm atitudes muito mais sensatas do que os tais considerados gente. Muitas vezes até dizemos: " este animal parece gente " Um bom fim de semana. Lis e obrigada. Volta sempre! Beijinho
EliminarEmília
Que maravilha de poesia e recado nela intrínseco! Valeu! bjs, chica
ResponderEliminarMuito obrigada, Chica. Na verdade o recado é muito bem e temos de refletir nele. Por mais que nos humilhem devemos sempre pensar que somos GENTE e por isso exigimos respeito. Precisamos de mostrar o dente mais vezes. Um bom fim de semana e beijinhos
EliminarEmília.
Como conheço bem este tipo de situaçoes! Quem coloca esse rotulos, tem medo de arriscar, de pensar... Sou quem sou e sou muito mais feliz...
ResponderEliminarObrigada pela partilha...E vamos continuar a ser pessoas com mente...
Beijos e abraços
Marta
Todos nós conhecemos pessoas assim, Marta e, infelizmente são muitas. Preocupam-se muito mais com os rótulos do que com o conteúdo e, não contentes com isso ainda rotulam os outros só porque não agem como eles.Mas temos que enterrar o dente nessa gente e continuarmos a ser Gente de mente sã. Um bom fim de semana e muito obrigada pela visita. Um beijinho
EliminarEmília
Um excelente poema de uma poetisa que admiro e que foi das primeiras a entrar na galeria do "A mulher e a poesia."
ResponderEliminarUm abraço e resto de boa semana
Pois é, Elvira, esqueço-me sempre que tens outro blog e nunca o visito, mas fá-lo-ei brevemente. Fico presa aos teus contos e, claro " a mulher e a poesia " fica esquecido. Obrigada por lembrares. Um beijinho e um bom fim de semana
EliminarEmília
Agora mais que nunca, é urgente gente com todos esses "-entes", gerindo a vida com personalidade e caracter , não se deixando influenciar pela rotulagem fácil que só têm em vista sempre outros fins, que não a beleza interior do ser humano.É que este rótulo é invisível aos olhos, Emília!
ResponderEliminarComo sempre, uma notável postagem
Beijinho meu!
Obrigada, querida Manuela pela simpatia. Faço os possíveis para que os meus posts tenham conteúdo, pois, como já deves ter percebido os rótulos para mim não têm importância nenhuma. Levo a minha vida sempre com muita sinceridade e tenho sempre em mente aquele ditado : " quem vê caras não vê corações." O que conta, amiga, é o que vai na alma e também que nunca nos esqueçamos de que somos GENTE por mais que tentem mostrar-nos que somos insignificantes e que não sabemos mostrar o dente. Estamos um pouco acomodados, mas...o dente está cada vez mais afiado. Um beijinho, amiga e volta sempre! É um gosto tê-la por aqui. Bom fim de semana.
EliminarEmília.
Um jogo de palavras que originou uma poesia magnífica e tão verdadeira.
ResponderEliminarInfelizmente somos e temo que continuaremos a ser (des)governados por gente de "mente curta".
Beijinhos.
Lisa
Também temo, Lisa, pois parece que os verdadeiros lideres, os tais " gente de mente sã " estão em vias de extinção. Não vemos por aí GENTE de verdade capaz de dirigir a nossa vida com mais elevação com menos apego ao dinheiro e ao poder. Está difícil, amiga! Mas espero que tu, pelo menos estejas boa e que tenhas um belo fim de semana. Vou tentar fazer o mesmo se o solzinho continuar a dar uma ajudinha. Gosto de sol. Beijinhos e até breve.
EliminarEmília.
Olá! Gente como a gente é gente! lindo poema. abração
ResponderEliminarÉ isso, Ives, nunca nos podemos esquecer que somos Gente e exigir que nos tratem como tal. Se for preciso há que mostrar o dente a essa gente prepotente. Um bom fim de semana. Beijinho
EliminarEmília
Não é com facilidade que se é . Os estímulos para que isso seja difícil ou mesmo impossível são muitos .
ResponderEliminarEntão libertarmo - nos dos rótulos ... grande luta .
O jogo de palavras formou um óptimo poema , e a imagem uma bela escolha .
Beijo grande , Emilia ,
Maria
Na sociedade actual com tantos estimulos, de facto não é fácil ser gente, mas vale a pena lutar contra essas dificuldades e continuar a ser gente decente. É sempre difícil " remar contra a maré "e hoje em dia ela anda sempre muito alta. Obrigada, pelo simpatia e fico feliz que tenhas gostado. Um bom fim de semana, Maria. Um beijinho
EliminarEmília
Maravilhoso e...apropriado para o tempo que vivemos no nosso país..."com gente que não é decente e todos os dias nos ferra o dente"
ResponderEliminarOs rótulos são perigosos porque, muitas vezes eles continuam a brilhar e...o prazo de validade já terminou há muito !!
Estive ausente por causa do meu livro FEITIÇOS que será lançado no dia 29 de Novembro, próximo no Auditório Municipal de Vila Nova de Gaia. Estou a realizar um sonho antigo!!
Mil beijos
Graça
Antes de mais, Graça, quero mostrar o meu contentamento por estar de volta à companhia de todos os seus amigos. Imaginei que estivesse a tratar do seu livro, pois parece-me ter lido sobre isso lá no Zambeziana .. Claro que vai ser um sucesso e não me esquecerei do nome; com este tipo de gente sempre pronta a ferrar o dente, temos que ter algo que nos enfeitice para que consigamos ver brilho nos nossos dias, pois andam muito cinzentos.Claro que não seria difícil para mim ir finalmente conhecê-la, pois Famalicão fica perto, no entanto não quero prometer para não faltar; se puder lá estarei.. Desejo toda a sorte do mundo para este seu sonho que finalmente se concretiza. Obrigada, querida amiga e tenha um bom fim de semana
EliminarEmília
OI EMÍLIA!
ResponderEliminarUMA GRANDE POETISA, USANDO UM TROCADILHO DE PALAVRAS CONSTRÓI UM TEXTO COMPLETAMENTE POLITIZADO E DE SUMA IMPORTÂNCIA.
ABRÇAS http://zilanicelia.blogspot.com.br/
É verdade, Zilani. Tanto aí quanto aqui este poema se encaixa bem e acho até que no mundo inteiro, pois infelizmente o que mais há por aí é gente prepotente dominando gente decente que só quer que a respeitem como GENTE proporcionando-lhe a dignidade que merecem. Um beijinho, querida amiga e muito obrigada pela visita. Um bom fim de semana
EliminarEmília
Grande poema! Muito bonito e muito bem dito!
ResponderEliminarBjxxx
Como poeta que és, Ives, claro que a poesia sempre te agrada muito e este poema de facto tem muito o que se lhe diga na actual situação das sociedades. Um beijinho e muito obrigada. Fica bem!
EliminarEmília
Boa tarde Mila e Juca. Estamos com muita saudade de vocês. Saiba que nossa princesinha Mariana nasceu no dia 27.10.2014 as 19 horas e 15 minutos. Estamos todos bem, mas precisamos do seu e-mail para lhe enviar as fotos da Mariana. Beijos a todos
ResponderEliminarQue boa surpresa amigos! As saudades são muitas e ficámos muito felizes por saber que a vossa Mariana já cá está. Desejamos-lhe tudo de bom para ela e para todos vós. Claro que quero fotos da vossa princesinha. Cheguei a pensar que se tivessem esquecido!!!! Brincadeira...não pensei isso, não senhor! Então aqui fica o meu e-mail
Eliminarmicostapinto@hotmail.com
Beijinhos para todos em especial, claro para a fofura.
Mila Juca Marta, André, Claudia, Lucas e Eduarda.
Todos ficaram felizes com a notícia.
Olá, Emília
ResponderEliminarBom tudo para nós.
O que trazemos na memória, da velha infância ?
Também, não sei.
Portanto estou cá, para desejar um dia agradável, refletindo que, a maior obra do Criador, é você.
Um abraço.
Obrigada, José Maria pelas palavras sempre simpáticas. Tudo de bom, querido amigo e até sempre!
EliminarEmília
Muito bom este seu post, minha amiga.
ResponderEliminarPerceber e aceitar os comportamentos de muitas pessoas
não é fácil!!!
Estamos a viver tempos muito difíceis!!!
Comportamentos. por vezes, muito inadequados!!!
Há uma certa necessidade de repensar comportamentos,
mas será que há vontade de o fazer?
Desejo que a amiga se encontre bem.
Bj.
Irene Alves
Penso que a vontade de mudança é muito pouca, querida Irene. Vamos nos adaptando a todas estas atitudes anormais do ser humano e começamos a pensar que nem vale a pena voltar a acreditar nele Ficamos apáticos como se nada tivessemos a ver com isso, mas a verdade é que temos e o primeiro passo é acreditar que tudo é possivel e começar essa mudança de mentalidades por nós mesmos. Vamos lá continuar a ter esperança e a acreditar que vale a pena " ser gente de mente sã". Um beijinho e muito obrigada pela visita.
EliminarEmília
Que poesia magnífica e tão verdadeira! há que pensar na excelente mensagem.
ResponderEliminarBjs
É verdade. Lilás! Muito a refletir numa poesia tão simples mas com um conteúdo fabuloso. E há que mudar as mentalidades para que o mundo seja um lugar mais agradável para todos, seja um mundo com GENTE preocupada com a essência e não com os rótulos. Obrigada, amiga, pelo carinho e até sempre.
EliminarEmília
Querida amiga venho por meio deste, pedir desculpas pelo cola e copia, e também pelo meu silencio, mas tem sido por conta de colocar a vida em ordem.. rsrs..
ResponderEliminarHoje Trago uma boa noticia, está chegando o dia do lançamento do meu livro. Uma Menina Chamada Esperança.
Se puder compartilhe com seus amigos esta postagem, levando a conhecimento de todos, a existência de Uma Menina Uma Menina Chamada Esperança.
https://www.facebook.com/UmaMeninaChamadaEsperanca
Ajude a manter viva a esperança da realização do sonho de cada criança, mesmo que esteja adormecida dentro de um corpo adulto!
Obrigado! Que Deus abençoe você!
Mais detalhes veja no link abaixo!
https://www.facebook.com/events/991866294164214/?pnref=lhc.recent
Venha conhecer esta linda Menina Chamada Esperança, que ao decorrer seu caminho traz a luz da esperança para todos nós!
Obrigada de coração pelo carinho recebido pela sua amável presença, neste meu cantinho
Que Deus abençoe você sempre e sempre...
Abraço amigo!
Maria Alice
Muito obrigada, Alice e desejo-te muita sorte com o teu livro. Com certeza que vai ser um sucesso. Beijinhos e até sempre.
EliminarEmília
Muito bonito, bem construído e bem dito.
ResponderEliminarGostei imenso.
Beijinhos e um bom fim de semana.
Obrigada, Rita. Fico contente que tenhas gostado. Beijinho e tudo be bom.
EliminarAté sempre!
Emília
O sorriso nos liberta e ou temos que nos libertar para sorrir? Gente é como pão quente se esfriar murcha. Os apelos do mundo atual carregam força, mas a coragem vence a força, daí não podemos deixar de lutar com coragem por um mundo mais digno. Sem nos deixar rotular. Bjs. um Belíssimo poema.
ResponderEliminar" Belíssimo poema " e belíssimo poema. à tua pergunta respondo que as duas coisas. O sorriso nos liberta, porque nesse sorriso deixamos saír a mais bela das emoções que, por variados motivos aprisionamos dentro de nós. Ficamos muito melhores depois que deixamos saír aquele belo sorriso. Temos também de nos libertar para sorrir, porque muitas vezes estamos acanhados, receosos e temos medo de deixar transparecer o que nos vai na alma. Temos de nos libertar desse medo e sorrir sempre. Beijinhos, Lourdinha e muito obrigada pelo carinho
EliminarEmília