segunda-feira, 1 de setembro de 2025

DOIS HORIZONTES

 Imagem Pixabay


Um horizonte, — a saudade 
Do que não há de voltar; 
Outro horizonte, — a esperança 
Dos tempos que hão de chegar; 
No presente, — sempre escuro,— 
Vive a alma ambiciosa 
Na ilusão voluptuosa 
Do passado e do futuro

Os doces brincos da infância 
Sob as asas maternais, 
O vôo das andorinhas, 
A onda viva e os rosais; 
O gozo do amor, sonhado 
Num olhar profundo e ardente, 
Tal é na hora presente
 O horizonte do passado. 
 

Ou ambição de grandeza 
Que no espírito calou, 
Desejo de amor sincero  
Que o coração não gozou; 
Ou um viver calmo e puro 
À alma convalescente, 
Tal é na hora presente
O horizonte do futuro. 

 No breve correr dos dias 
 Sob o azul do céu, — tais são 
 limites no mar da vida: 
 Saudade ou aspiração; 
 Ao nosso espírito ardente, 
 Na avidez do bem sonhado, 
 Nunca o presente é passado, 
 Nunca o futuro é presente. 

 Que cismas, homem? – Perdido 
 No mar das recordações, 
 Escuto um eco sentido 
 Das passadas ilusões. 
 Que buscas, homem? – Procuro, 
 Através da imensidade, 
 Ler a doce realidade 
 Das ilusões do futuro. 

 Dois horizontes fecham nossa vida


 Machado de Assis, in 'Crisálidas

Quanta verdade!!!!
E eu, depois desta longa pausa, volto com saudades dos meus amigos e do meu outro horizonte, um horizonte passado mas que me enchia o coração de felicidade quando o admirava. Não é só passado, mas é também esperança de lá poder voltar, enquanto a vida me permitir. Agora, estou neste meu horizonte, também belo e que é o meu presente. O futuro? Só peço, dele, saúde para poder continuar a usufruir da beleza destes meus DOIS HORIZONTES

Obrigada, Amigos, por me terem esperado


Emília Pinto

23 comentários:

  1. Boa noite de paz, querida amiga Emília!
    Vale muito a pena esperar.nossos amigos.
    Ainda vem 'armada' de Machado de Assis.
    Quanta beleza e sabedoria nos trouxe!
    Vamos curtindo as ilusões futures, a vida pede passagem e magia.
    Tenha um setembro abençoado!
    Beijinhos fraternos

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    1. 0brigada, querida Rosélia. Achei este poema de Machado de Assis muito interessante. Como sabes, eu vivi muitos anos no Brasil e, agora, em Agosto, fui lá matar saudades daquele meu " Horizonte" que me deu tanto. Ainda estou a contas com as malas e, logo que possa far-te-ei uma visita; guardar tudo, é uma canseira. Um beijinho e muita saúde para que possas continuar a curtir as ilusões futuras " e principalmente o vosso presente, o teu e o dos teus queridos
      Emilia

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  2. Vivemos a esperança... de que haja futuro...
    Bom regresso... uma boa escolha...
    Beijos e abraços
    Marta

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    1. É verdade, Marta, o futuro não passa de uma esperança, pois é incerto. Vivamos o presente, o melhor que pudermos e soubermos. Beijinhos e saúde para todos vós
      Emília

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  3. Emília,

    que reencontro bonito com suas palavras! É verdade, vivemos entre horizontes: a saudade do que já foi, a esperança do que virá e o presente que nos sustenta. O mais belo é ver como você acolhe cada tempo com gratidão, transformando memórias em força e o hoje em poesia. Que a vida lhe dê sempre saúde para continuar escrevendo e encantando nossos corações.

    Abraço
    Fernanda

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    1. E sabes quais são os meus dois horizontes, querida Amiga? O Brasil que me deu tanto e este meu Portugal que me viu nascer. Aos dois tenho de ser grata. Já fui ao teu cantinho ler a tua bela escrita, mas saí sem dizer nada; cheguei dia 1 e muitos afazeres me esperavam cá, principalmente, desfazer malas e guardar tudo. A ida é sempre mais agradável do que a volta
      Muito obrigada pela simpatia das tuas palavras e pelo muito carinho. Beijinhos e até breve
      Emília

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  4. Que bom te ver coltando,Emília e com linda poesia de Machado de Assis. Seguimos pelos horizontes,sempre com esperanças!
    beijos praianos, chica

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    1. Obrigada, Chica! Como deves ter percebido, estive um mês no Brasil, mais precisamente, em Guaratinguetá e esse é um dos meus horizontes que gosto de rever. O outro é este, o meu Portugal, o meu presente. Beijinhos, Amiga e saúde para todos vós
      Emília

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  5. Olá, querida Emília
    Que lindo poema de Machado de Assis nos trazes. É um dos meus autores preferidos.
    Dois Horizontes, bem o dizes. Saudades do Brasil até o dia de lá voltares e quando lá estás saudades do que ficou.
    Agora cá estás e vamos poder visitar-te no Começar de Novo e ler os teus belos posts.
    Muitas felicidades, minha querida, para ti e para os teus.
    Beijinhos
    Olinda

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    1. É verdade, querida Olinda, já voltei, as malas estão arrumadas e agora vou tratar deste meu cantinho, por tanto tempo abandonado. Foi uma pausa longa, mas, o meu irmão veio cá e por isso, as visitas aos amigos não serão muito frequentes..... serão as possíveis. Obrigada, querida Amiga e que a alegria e saúde estejam sempre presentes, aí na tua família
      Beijinhos a todos
      Emilia

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  6. Machado de Assis. É sempre um gosto lê-lo. É verdade que temos dois horizontes. Concordo com a saudade e com a esperança. Olho os dois com a mesma frequência e gosto.
    Uma boa semana, minha Amiga Emília.
    Um beijo.

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    1. Eu concordo, querida Graça, a saudade é nostálgica, mas é sinal de que tivemos bons momentos que ficam para sempre, enquanto por cá andarmos. E a esperança é o nosso alento para seguirmos em frente; nem sempre tudo nos corre de feição, mas, em nós, há sempre a esperança de que o amanhã seja diferente. Obrigada, querida Amiga e que a vida vos abençoe com saúde é serenidade. Beijinhos
      Emilia

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  7. Machado de Assis é um escritor lusófono incontornável.
    A abordagem da saudade e da esperança neste poema é brilhante.
    Boa semana querida amiga Emília.
    Um beijo.

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    1. Que bom que gostaste, Jaime! 0brigada pela visita e, tendo em conta o teu ultimo post, desejo a todos vós, saúde e serenidade, nunca perdendo a esperança. Beijinhos
      Emília

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  8. Olá :)
    Gostei da sua chegada e passagem pelo Parapeito.
    Que bem escolhido o poema. Machado de Assis define muito bem a saudade e a esperança.
    Abraço e brisas doces ****

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    1. Obrigada, querida Maria. A saudade é a esperança são dois horizontes que procuramos " não perder de vista " Às vezes a esperança, em determinados assuntos, conta-me, como por exemplo no que respeita à paz no mundo. Beijinhos e até breve. Saúde para todos.
      Emilia

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  9. Gosto de ler Machado de Assis.
    Vivemos entre dois horizontes: a saudade( passado) e a esperança ( futuro) que estão e estarão sempre presentes na nossa vida.
    Para mim, a saudade tem mais peso que a esperança, pois a falta de alguém que não voltará serão sempre momentos de dor.
    Já a esperança será sempre o desejo de um futuro promissor.

    Desejo que tudo esteja bem contigo.
    Beijinho e óptima noite com paz e saúde.😘

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    1. Tens razão, Lisa, a saudade é constante na nossa vida, mas a Esperança, como disse acima, nem sempre a temos; sabemos lá se teremos um amanhã....
      Beijinhos e saúde para todos
      Emilia

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  10. Machado de Assis fundou a ABL em 20 de julho de 1897, e continua tão atual. 😺

    Abraços 🐾 Garfield Tirinhas Oficial.

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    1. Sempre atual e é um gosto lê-lo
      Obrigada, Garfield ! Um beijo
      Emília

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