quarta-feira, 1 de março de 2023

MARÇO


 


Não conhecia  Alice Neto de Sousa e muito menos que a ela foi pedido um poema, pelo nosso ministro da cultura, Pedro Adão e Silva, para dar início às comemorações dos 50 anos do dia 25 de Abril, uma data importantíssima para o povo português.

Espero que gostem!


Emília Pinto 

41 comentários:

  1. E que assim se faça, liberto, a Liberdade.
    Olá, minha querida amiga.
    Confesso que também não conhecia Alice Neto de Sousa, e tive certa dificuldade em entendê-la, pois nosso português escrito é muito familiar, mas o falado, se no ritmo português, algumas inflexões me fogem. Então, assisti 3 vezes ao vídeo, mas me contentei ao final, sabedor do tanto que vocês sofreram com o regime ditatorial. Aqui, demoramos um pouco mais, pois tantos tomaram o poder, e tomam até hoje, que nem sei mais quem está pelo povo e quem está contra. Cada um com suas pequenas promessas e com suas grandes panças rijas, loucas para serem enchidas. Hipocrisia é o que mais se vê aqui pelos lados tupiniquins, terra do pão e do circo.
    E Alice Neto de Sousa faz uma menção belíssima ao ofício de escrever poesia. Não é fácil, e nem sempre crível ou compreendido, mas é tão necessário.
    Minha querida Emília, agradecido pelo belíssimo vídeo, e a maior delicadeza foi ver a poetiza de pés descalços, aceitando o chão que a carrega nas costas. Muito belo. Grande abraço, minha amiga.

    Marcio

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu sei, Amigo, as dificuldades que os brasileiros têm em entender o que os portugueses falam e também senti-a isso quando vivi aí. Estive para colocar a letra, mas, como era bastante extensa, pensei que seria fácil encontrarem o poema escrito na net. O nosso Amigo, José Carlos teve a delicadeza de publicar alguns poemas para que assim todos percebam. Sabes, Márcio, quando descobri o motivo dessa vossa dificuldade em entender os portugueses? Quando visitei o museu da lingua portuguesa, na antiga estação da Luz, em S, Paulo. Tinha lá uma frase da nossa Sophia de Melo Breyner a dizer que gostava muito do português falado no Brasil porque vós separais bem as sílabas . Isso, Márcio, faz toda a diferença; nós não as separamos ao falar e isso complica o entendimento, parece falarmos muito depressa. Vivi tempos de ditadura, mas nem me apercebia dela, pois era jovem e a politica pouco importava. No golpe de estado, estava na faculdade, no Porto e só pela manhã soube o que tinha acontecido; tudo parou naquela cidade. Querido Amigo, muito obrigada , pelo belo comentário e desculpa por não ter colocado aqui a letra. Um beijinho e boa noite. Saúde !
      Emilia

      Eliminar
    2. Março

      Caem chuvas de março sobre a cidade,
      E digo este poema meio que sem vontade,
      Porque me treme a voz em pensar em Liberdade.

      Da janela, vejo os pássaros a arranhar os céus,
      A cair em voos picados,
      E percebo que mais vale falar do que silêncios entornados
      Porque o silêncio, é como este entardecer
      É como o início da dor, quando começa a doer
      É uma liberdade tísica a querer gritar
      E tudo quanto se ouve é oco
      De tanto que nos ensinaram a calar
      Quem é que ainda sabe falar?
      Quem ressuscita um pássaro morto?

      Sou livre, digo a rodopiar por baixo da chuva
      A acender um maço,
      A grafitar liberdade,
      A tatuar um pássaro no meio do braço,

      Porque as chuvas que me caem ainda são de março,
      e algo me chove a mais dentro do peito,
      como se os cravos se fossem murchar,
      como se a liberdade fosse este vento,
      como se nos quisessem calar,
      como se nos faltasse sangue no peito.

      Caem chuvas de março, sobre os meus pés descalços,
      As pétalas que me mancham são de abril
      Eu disse, as pedras que me mancham são de mil

      Que a liberdade, que vejo da janela
      É um estado líquido aquoso,
      É mais um desempregado,
      É mais um vento, ventoso,
      São os sem abrigo parados no Chiado,
      É pintar os lábios a vermelho
      É vestir uma farda, mascarar um país inteiro,
      É o som da colher a aquecer na esquina,
      É mais o tacho a raspar de uma família,
      A liberdade, é uma utopia
      E, eu sei, sou poeta e tenho miopia,
      Mas de onde vejo não somos todos iguais,
      Que as chuvas que molham uns,
      Silenciam todos os demais.

      A Liberdade,
      É a trincheira dos meus dias,
      É dispersar as multidões em continência,
      É um chorar sinuoso como a calçada,
      É abraçar as mães, os pais, os filhos, as filhas, a madrugada.
      É um vai ficar tudo bem,
      Com certeza de quase nada.
      E não só de pão e água e se faz um continente,
      É preciso terra, é preciso dar uma alma a toda a gente,
      Que a liberdade é muito mais do que uma mensagem secreta,
      Uma indireta, escondida no meio do poema,
      E não é sobre política,
      É sobre ser poeta, é sobre ser poeticamente correta.
      Porque caem chuva de março sobre a cidade,
      E algo me chove a mais dentro do peito,
      O tempo é de cortar a respiração,
      A apneia que sinto é a de pensar
      As pétalas que me murcham são de abril
      Eu disse, as pedras que me murcham são de mil
      Caem chuvas de março sobre abril.

      Com o tejo preso nos olhos,
      Continuo a tentar entender,
      Como o medo zigzagueia o passo,
      Como se envelhecem as peles no cansaço,
      É esta a mesma luta que começamos há anos atrás?
      Ia jurar que estes marços me sabem a todos iguais.

      Cai o maço, raso na janela,
      Já se ouvem as canções,
      Os pássaros da primavera,
      Dá-me um cravo na boca para recomeçar,
      Que mesmo com os corações desafinados,
      Vamos marchar, marchar, marchar.

      Alice Neto de Sousa

      Eliminar
    3. Minha querida amiga, não existem desculpas a serem pedidas. São alguns bons quilômetros que nos separam, e a natureza teceu seus protocolos, miscigenando os povos que por aqui aportaram, transformando a língua portuguesa em terras tupiniquins.
      Se me permite, gostaria de confessar algo. Quando falaram, lá no século passado, que iriam tentar realizar um acordo ortográfico da língua portuguesa, achei tanto uma tragédia quanto um ato criminoso. A língua é viva, e jamais se dobrará a acordos. O português de Portugal é belíssimo, tem sua roupagem original, germinal, e deve ser preservado, evoluíndo ao seu tempo. Já Moçambique, Angola, Brasil e os demais, esses sofrem influências diversas, e como filhos, devem seguir seus rumos. E esta é a parte mais bela, a criança, o filho, andar pelas próprias pernas, com sua identidade.
      Já quanto ao meu querido amigo Sant'Anna... acho que estamos montando um pequeno clube. rsrs. Gratíssimo a ti pelo carinho, Emília, e ao José Carlos por sempre ser essa pessoa presente e atenciosa que é. Grande abraço aos dois.

      Marcio

      Eliminar
    4. Obrigada, Márcio, por teres deixado aqui a letra do poema. Assim, os nossos amigos brasileiros não terão dificuldades em entender o video. Quanto ao acordo ortográfico, a lingua é viva e por isso vai sofrendo alterações. Se assim não fosse ainda escreveriamos pharmacia, baptismo e outras tantas palavras do português arcaico, mas este tema é complicado e muito se tem discutido sobre ele; nas nossas escolas ele já foi aplicado. Amigo, desejo-te dias tranquilos, com saúde para todos ? Tenho andado um pouco ausente, mas, um dia destes vou aí tomar um cafezinho, certo? Um beijo
      Emilia

      Eliminar
  2. Poema lindíssimo, maravilhosamente bem declamado.
    .
    Saudações cordiais e poéticas
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada, Ricardo! Fico muito feliz que tenhas gostado. Na realidade, este poema é lindíssimo. Beijinhos e saúde para todos aí.
      Emilia

      Eliminar
  3. E agora? Não sei se escrevo para o Marcio ou Emília.
    Encontrei cinco poemas de Alice Neto de Souza. Já conhecia a escritora portuguesa com raízes em Angola. E trouxe, sobretudo, para nós, leitores brasileiros, que não escondemos nossas dificuldades para entender na língua falada, por vezes, os irmãos portugueses, dois desses poemas.
    Alice Neto de Sousa

    Pé ante pé,
    Na cascata de missangas largadas,
    Mergulhas no carvão das lágrimas frutadas,
    Balouçadas nos teus olhos castanhos terra,
    Ceifados, arqueados, rotos,
    Do que ainda nos sobra da guerra.

    Sousa, A. N. (2021). Terra. In A. Pinheiro (Ed.), Do que ainda nos sobra da guerra – e outros versos pretos (1ª ed., p. 106). Itajaí: Ipêamarelo.

    Passa o Tempo
    Alice Neto de Sousa

    Passa o tempo, o cabo e a vassoura.

    Varres a seco, limpas a alma a pente fino,
    Carcomida, com a comida ainda ao lume,
    Bem posta à mesa, para o menino,
    Como é do costume.

    Nem ousas queixar do trabalho,
    Que ingratidão,
    Ao menos há dinheiro, para pensar no pão.
    Comam bolo, já o diziam,
    Cuspido no resto do manjar a que fediam.

    Passa o tempo, o cabo e a vassoura.

    No balde inafundável com que te inundas,
    Sem nem dar por isso,
    Porque não gritas o teu nome,
    Quando te chamam mestiço?

    Na bainha da saia para a patroa,
    Com que passas a agulha pela saliva
    Curvas a língua quando te param,
    No meio de toda a praça,
    A mostrar a foto da tua mãe,
    A senhora lá de casa.

    Com a capa branca, em castanho, pelada na pele.
    Nem pestanejas na palavra maldita,
    Na frase mais ao contrário,
    Que dignidade te resta,
    Entre este e aquele armário?

    Baixas a cabeça, é esta a herança?
    Que mais podes tu cobrir debaixo dessa trança?

    Passa o tempo, o cabo e a vassoura.

    Sousa, A. N. (2021). Passa o tempo. In T. Oliveira (Ed.), Laudelinas (Vol 1, 5ª ed., p. 49-50). Recife: Selo Mirada.
    Beijinhos, minha Emília!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Antes de mais, José Carlos, quero agradecer-te os poemas que aqui trancreveste desta Alice Neto que desconhecia. Uma vergonha, não? Depois, acho que escreveste para os dois, para mim chamando-me a atenção para a minha falha e ao Márcio, colocando a letra para ele perceber melhor. Eu teria de fazer isso, atendendo à dificuldade que tendes em entender o nosso português falado aqui, mas já expliquei a razão de não o ter feito. E agora vou tentar atenuar a minha ignorância sobre a literatura actual portuguesa, se é que isso é possivel. Eu sou de letras e, como sabes, tive que ler muitos escritores portugueses,, mas nada destes mais recentes, claro. Depois fui para o Brasil e a acompanhar os meus filhos nos estudos comecei a conhecer melhor os escritores brasileiros; esse " interregno " e depois , já aqui em Portugal o " bichinho " pelo Brasil estava entranhado e percebe-se bem isso, até pelo nome que dei ao Blog; tudo issa, aliado à minha falta de atenção faz com que, certos escritores, eu desconheça, como é este caso. Mas, Amigo, fiquei deveras impressionada e mesmo agradecida por conheceres tão bem a cultura do meu pais, porque afinal, sou portuguesa e ver esse teu interesse pelo meu pais deixa-me feliz. Acima, na resposta que dei ao Márcio, podes ver quando comecei a entender a vossa dificuldade em perceber o que falamos. O museu da lingua portuguesa foi um encanto para mim, uma obra fantástica que deve orgulhar todos os brasileiros. Sei que houve lá um grande incêndio, mas creio que já foi reconstruido. Amigo, a conversa já vai longa, mas, não importa; foi muito boa . Agradeço -te de coração, a tua simpatia e o belo comentário que aqui deixaste. Gosto de conversar, sabias? Um beijinho e boa noite
      Emilia

      Eliminar
    2. Poderia brincar com você, Emília, é o meu vício. A intenção foi única e exclusiva pontuar um pouco mais da literatura da menina com raízes em Angola. Sobretudo, porque ela sabe o que faz com as palavras. Sabe acordá-las com propriedade e sabedoria. Não há tempo para conhecermos a literatura de ponta a ponta. Depois por força do meu trabalho, hoje, livros, jornais, revistas se aboletam por todo os cantos da minha casa e do escritório. E não os faço sair. Deixo-os ficar.... Os velhos e os novos... Coisa boa é cheiro de livro. Claro, há tantos os cheiros bons... Sem hierarquia, sem privilégios...
      A simpatia é sua, a lhaneza também.
      Um bom final de semana, Emília.
      Beijinho,

      Eliminar
    3. E fizeste muito bem, José Carlos! Gosto que enriqueçam as minhas publicações, quer seja com ideias novas sobre o tema, com opiniões mesmo que me contradigam quer seja, como neste caso, com outros poemas . Gosto muito desta troca de ideias e experiências e, podes crer que , se não fossem estas " conversinhas " , já tinha deixado o Começar de novo. Há 14 anos que ando por cá e por vezes desanimo, mas, depois chegam estes amigos com tanta simpatia e disposição para o diálogo que animo e lá sigo eu. Por isso, Amigo, agradeço-te muito, teres voltado cá e, sempre que puderes, ajuda esta Amiga a prosseguir, dando a tua opinião e, se possivel acrescentando alguma coisa, pois o que trazes é sempre muito enriquecedor. E não penses que estou a brincar...estou a falar muito a sério, aliás é essa a opinião de muita gente, neste mundo dos blogues. Um bom fim de semana, com saúde e boa disposição. Beijinhos
      Emilia

      Eliminar
  4. Minha querida Emília
    Estou, simplesmente, encantada!!!
    Que maravilha de poema, e que maravilhosa a maneira de o declamar.
    Confesso que não conhecia a poetisa, mas fiquei sua fã.
    Como sempre que desconheço algo... 😉 fui investigar na Net. Quero saber mais...
    As pessoas oriundas de Angola e Moçambique, ou descendentes dessas terras outrora portuguesas, têm uma nostalgia na alma que torna a sua poesia (ou prosa) com uma beleza muito especial, que nos toca fundo.
    Adorei!!!
    Obrigada, minha querida, por nos dares a conhecer esta maravilha.
    Abraço apertadinho, carregadinho de Amizade.

    Continuação de boa semana.
    Beijinhos
    MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Também acho, Mariazita e tu, com certeza saberás o motivo. Não sei ....essa nostalgia não se deverá às saudades que sentem daquelas paragens tão diferentes? Diz-se que quando se conhece um pais africano nunca mais se esquece , pois até os odores são diferentes e as paisagens devem ser lindissimas, Amiga. Fiquei muito feliz por te dar a conhecer esta poetisa e assim te ter proporcionado um cheirinho da " tua saudosa África ".Para mim, conhecer esta Alice e a sua poesis também foi uma maravilha. Muito obrigada, querida Amiga e desejo-te um bom fim de semana , principalmente, com saúde
      Além do abraço apertadinho, mando-te mil beijinhos, todos carregadinhos de Amizade
      Emilia

      Eliminar
  5. Gostei do poema e da maneira como a Alice o diz.
    Obrigado pela partilha.
    Continuação de boa semana, amiga Emília.
    Um beijo.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Também gostei muito, Jaime e não a conhecia. Aprendo muito, neste mundo dos blogues. Obrigada, Amigo e desejo-te um bom fim de semana, com saúde, sempre! Beijinhos
      Emilia

      Eliminar
  6. Olá :)
    Uma excelente partilha.
    Gostei do poemar da Alice.
    Um mês de Março cheio de brisas doces.
    Abraço e brisas doces **

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada, Maria! Gosto muito das tuas " brisas doces". Aparece sempre, pois gosto de ver-te por aqui. Um abraço e bom fim de semana, Brisas doces para ti também
      Emilia

      Eliminar
  7. Respostas
    1. Obrigada, Cidália. Beijinhos e saúde para todos aí em casa
      Emilia

      Eliminar
  8. Boa tarde de paz, querida amiga Emília!
    "sou poeta e tenho miopia,
    Mas de onde vejo não somos todos iguais,
    Que as chuvas que molham uns,
    Silenciam todos os demais."
    Certas situações são mais conveniente termos miopias... olhos de poetas enxergam além do visível, alcançam estruturas bem mais organizadas.
    "E esta a mesma luta que começamos há anos atrás?"
    Assim acontece nos 'melhores' países... pelo que leio. Não seria diferente no 25 de Abril... no 7 de Setembro e outros...
    Tenha dias abençoados!
    Beijinhos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ela, a Alice, tem toda a razão, pelo que vê, " não somos iguais " , infelizmente e até as chuvas fazem diferença, a uns molha, a outros mata. E a luta continua a mesma, Roselia, a luta pela igualdade, pelo fim da miséria, pela liberdade que alguns têm, mas que muitos continuam presos na sua condição de desfavorecidos; não pode ser considerada livre, uma pessoa com fome e sem habitação digna, pessoas tantas a sofrerem nas guerras nunca poderão considerar-se livres. Apesar do 25 de Abril ter acabado com a ditadura, na realidade ela continua, e poemos vê-la nos absurdos que ainda vemos no nosso Portugal. Muito há a fazer, ainda! Beijinhos e muito obrigada, Amiga! Saúde para todos e um fim de semana tranquilo
      Emilia

      Eliminar
  9. Querida Emília

    Que preciosidade é esta? Venho do blog da Teresa Dias que tem lá uma Pétala,
    "Decálogo da Serenidade", de se lhe tirar o chapéu e agora encontro aqui esta linda
    menina que escreve tão bem, que diz tão bem a sua poesia, que fiquei simplesmente
    encantada.

    E para mais o "Crónicas de Areia" e o amigo José Carlos a espicaçarem-nos e a
    mostrarem-nos que devemos concentrar-nos mais na Literatura de Língua Portuguesa
    e que o saber não ocupa lugar. Levo comigo os poemas transcritos, se não te importas.
    Hoje estou assim. Levo tudo comigo. No blog da amiga Teresa fiz a mesma coisa.

    E por falarmos no pedido feito a Alice Neto de Sousa, lembro-me que quando foi dos 25 anos
    da Revolução de Abril, foi pedido a alguns escritores, que escrevessem algo para a
    comemoração desse evento revolucionário. Entre eles, Mia Couto escreveu um livro
    que intitulou "Vinte e zinco", que li, e publiquei alguns excertos no "Xaile de Seda".
    Eis algumas palavras do livro:

    «Vinte e cinco é para vocês que vivem em bairros de cimento
    para nós, negros pobres que vivemos
    na madeira e zinco, o nosso dia
    ainda está para vir.»

    Minha amiga adorei esta publicação. Aliás, adoro tudo o que publicas.
    Desejo-te tudo de bom para ti e Família.
    Boa sexta-feira.
    Beijinhos
    Olinda

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Fizeste-me rir, Olinda, com o teu comentário. E olha que hoje eu estou com muita sorte, mesmo tendo-me sentido um pouco " espicaçada " pelos nossos Amigos, Márcio e José Carlos. Acrescentaram à minha publicação belos poemas e agora tu também deixas aqui uma quadra muito interessante de Mia Couto. Para muitos, de facto deveria chamar-se o dia " vinte e zinco ", pois as condições em que vivem são miseráveis E, agora , que já se passaram 50 anos, como deveria chamar-se? Só um Mia Couto para encontrar o termo adequado, mas, infelizmente o zinco continua lá na vida desses " negros pobres " e não só. Já que estás a " levar tudo, Olinda, espero que ninguém leve os versinhos que aqui deixaste , pois gosto muito deles. Claro que não me importo que leves e eles, os nossos amigos, também não ! Quem sabe não aparece mais alguma coisinha que te agrade? Assim aproveitas mais, já que estás nessa de " levo tudo comigo" Brincadeiras à parte, fico muito feliz que este post tenha dado para uma troca de ideias tão interessante e para alguma brincadeira também. É muito bom! Obrigada, Amiga! Um beijinho e desejo-te um fim de semana agradável na companhia dos teus queridos
      Emilia

      Eliminar
  10. Amei! Amei Amei!
    Amei ouvir Alice Neto de Sousa., que não conhecia, declamar versos seus e que tanto dizem a todos nós.
    Amei ler os poemas partilhados pelo Márcio, pelo José Carlos, pela Olinda.
    Amei tudo desta magnífica publicação. E tudo vou levar comigo (já somos duas, querida Olinda), pois sei que não te zangas, querida Emília.
    Há dias assim, que algo muito forte e inexplicável nos encaminha para lugares onde «começar de novo" é poético.
    Beijos e abraços, feliz fim-de-semana.
    (Emília, não fiques preocupada com o meu coração, há nele Amor sem fim)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tive que rir com o teu comentário, Teresa! Na realidade, tanto " amei...amei....amei" é de recear que o teu coração estoure de tanto amor, mas, ele não mata; só no Romeu e Julieta é que isso aconteceu. Mas, olha, Amiga, a Olinda está hoje numa de " levar tudo " o que encontra pela frente e tu de espalhar amor " a torto e a direito " e perante isto tudo que hei-de eu dizer? Bem....que sois muito lindas, pois rir faz bem e boa disposição é precisa. Muito obrigada e dorme bem! Beijinhos carregadinhos de amizade
      Emilia

      Eliminar
  11. Também não conhecia Alice Neto de Sousa, obrigado por esta magnifica partilha.
    Beijinhos e bom fim de semana

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada, Maria, pela visita. E assim, com os blogues vamos aprendendo muito o que é muito bom. Desejo-te tudo de bom, especialmente que estejam todos de saúde. Um beijinho
      Emilia

      Eliminar
  12. Tal como tu , desconhecia a escritora e o facto de ter sido convidada.

    Gostei do poema e da maneira como o disse.

    Amiga, abraço grande, bom Março !

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá São. Os blogues contribuem muito para o nosso enriquecimento e é por isso que por cá continuo, apesar dos 14 anos já passados. Obrigada por teres vindo e fico contente que tenhas gostado. Saúde para todos vós, Amiga! Beijinhos
      Emilia

      Eliminar
  13. Querida Emília, chegando um pouco tarde, mas ouvindo a poeta Alice Neto de Sousa e
    acompanhando o poema escrito pelo nosso amigo Marcio, se não fosse ele ter deixado,
    muito pouco eu entenderia, pelas mesmas razões escritas por ele, e como moraste no Brasil,
    sabes que as inflexões portuguesas tornam-se difíceis para os brasileiros.
    Belíssimo poema, sentido, sofrido, e como não ser?
    Muito lindo, Emília, agradeço a oportunidade de conhecer a poeta e esse comovente poema.
    Beijinho e votos de uma feliz semana!
    Saúde e paz para a família!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada, Tais, pelo carinho da visi5a. Claro que sei das dificuldades que os brasileiros têm em entender a lingua falada pelos portugueses, mas, como o poema era longo, achei que seria fácil ver a letra na net. Não costumo preocupar-me com a extensão dos textos, mas há quem não goste. Os nossos Amigos fizeram o certo e enriqueceram a minha publicação com mais poemas, o que muito lhes agradeço. Fico feliz que tenhas gostado e esta Alice foi, para mim, uma grata surpresa. Adorei conhecê-la. Um beijinho, Amiga e espero que tenhas tido um feliz dia da mulher. Boa noite e saúde para todos vós
      Emilia

      Eliminar
  14. Ouvi e interiorizei cada palavra dita por Alice Neto de Sousa neste poema magnífico! Foi um momento único estar a escutar um poema que eu gostaria de ter escrito e que me tocou tanto. Obrigada minha Amiga Emília.
    Tudo de bom para si.
    Uma boa semana com muita saúde.
    Um beijo.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Também me tocou muito este poema, querida Graça. Emociona ouvir esta jovem que não conhecia. Entendo que gostarias de ter escrito este poema, Amiga, pelo facto de teres gostado muito dele, mas, acredita, os teus não lhe ficam atrás. Foi também um momento único para mim e bendigo a hora em que o encontrei, nas minhas pesquisas. Toda a gente gostou e isso deixa-me feliz, Obrigada, querida Amiga, pelas palavras carinhosas que sempre me deixas aqui. Espero que tenhas passado um bom dia da mulher e desejo que a vida te abençoe com saúde para ti e para os teus. Beijinhos e boa noite
      Emilia

      Eliminar
  15. Passei para ver as novidades.
    Aproveito para te desejar uma boa semana, amiga Emília.
    Um beijo.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É Amigo, não te sei dizer quando teremos novidades. Tenho ficado com a minha sapequinha, pois uma dor de ouvidos tem-na impedido de ir ao infantário e, claro, a vovó entra ao serviço. Agradeço -te a visita e desejo -te dias tranquilos, com saúde para todos
      Beijinhos

      Eliminar
  16. Minha amiga, passei hoje especialmente para lhe desejar um Feliz dia da Mulher 🌺
    Beijinhos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Muito obrigada, Maria, pelo carinho. Foi um dia normal, sem problemas e com saúde e, quando assim é, só temos a agradecer. Espero que tenhas também tido um dia feliz, junto dos que amas e que assim continuem todos os que a vida te conceder. Beijinhos
      Emilia 🙏 🌻

      Eliminar
  17. Já tinha visto este poema por ocasião das comemorações de Abril, e gostei imenso de o recordar!
    A liberdade em Portugal... até pode continuar a ser um pouco preconceituosa e com algumas limitações de teor vário... mas a liberdade em Angola... tem muitas outras condicionantes... ao nível das necessidades mais básicas... aqui em Portugal... ela estudou, licenciou-se e tirou o mestrado... em Angola... se calhar nem o ensino mais básico teria conseguido obter!
    Gostei de a ouvir falar de liberdade... mas gostava mais de a ouvir sobre a liberdade existente em Angola... do que sobre a liberdade que com todos os defeitos temos em Portugal... mas que ainda vai proporcionando ensino... cuidados de saúde, (pois a Alice já por cá nasceu...) a quem vai chegando ao nosso país, dos mais diversos lados... deu-me a sensação... que é como afirmar que a sopa que nos alimenta, está azeda... mas esquecendo que o país de onde as suas raízes vêm... nem sopa pode garantir para todos os seus cidadãos... quando durante décadas os governantes de lá... se governaram muito bem... a si mesmos, deixando um país rico... numa pobreza extrema até hoje. Gostava que ela se expressasse sobre esta liberdade de furtar... que condicionou tanto o país dos seus familiares até hoje... e limitando tanto as suas gentes... do que a nossa liberdade com defeitos, mas que ainda assim, lhe dá palco para brilhar!
    Beijinhos, Emília! Bom fim de semana!
    Ana

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É tudo verdade o que dizes, Ana. Aquele país quis a independência, com toda a razão, mas, infelizmente a vida do seu povo não melhorou em nada. Um país riquissimo, mas sempre com muita corrupção . Eu não conhecia esta Alice e de qualquer modo gostei muito de a ouvir neste poema belissimo. Ela muito teria a dizer sobre o seu país de origem, com toda a certeza mas o convite foi para falar do nosso e, embora tenhamos melhorado em muitas coisas, temos de concordar que ainda há muito a fazer; somos um país pequeno, sem grandes riquezas, mas não nos podemos queixar, principalmente no que respeita à saúde e educação públicas. Hoje, nenhuma criança passa fome porque, pelo menos uma refeição boa tem na escola e isso é uma conquista do 25 de Abril. Quando eu era criança, muitas iam com fome para escola e nem sequer um pãozinho tinham lá. Quando chegavam a casa a situação era a mesma. Muita miséria naquela época de ditadura. Obrigada, Ana, pelo belo comentário e pelo carinho de vires atrás ler tudo. Um beijinho e bom fim de semana, com saúde para todos aí em casa
      Emilia

      Eliminar