sábado, 7 de novembro de 2020

UM MUNDO COM MENOS



 

Imagem- pixabay


" Minha infância foi a comum da classe média brasileira de então. Se eu tivesse de identificar a grande diferença entre ser uma criança em 1970 e hoje, no mesmo patamar social, apontaria para a variedade atual. Variedade do quê? Tudo.

Sobre a mesa da nossa cozinha repousavam bananas, laranjas, ocasionalmente maçãs.....Surgia de quando em vez um tipo de mamão amarelo e algum melão, Nada de kiwis ou da bela e insípida fruta- dragão. Desconhecíamos physalis. Vi a minha primeira lichia já doutor. Havia chocolates. Eram sempre doces e com leite......hoje...com leite, com pimenta, com grãos de flor de sal, etc, etc.....

Eu usava um calçado esportivo Ki-chute....hoje, uma prateleira de tênis na loja é uma festa de cores cada vez mais impressionantes. É difícil escolher agora, em parte porque ficaram mais caros, em parte porque trazem excesso de informações....

O desejo de consumo existe em todos os grupos sociais, ainda que nem todos possam atendê-lo, Zygmund Bauman chega a sugerir que as lojas sejam denominadas farmácias, porque oferecem remédios para vários males. Está triste hoje? Compre! Está eufórico? Compre! Está com tédio? Compre! O mundo da internet tem um efeito secundário importante, Ele escancara a possibilidade de tudo para todos, Mesmo que eu não possa comprar X ou Y estou exposto às ofertas.....

Havia diferenças sociais ( inclusive maiores do que as de hoje ) quando eu tinha 7 anos. Havia pobres e ricos e , provavelmente, um maior conformismo com as desigualdades. É difícil comparar épocas. Queríamos coisas e desejávamos consumir. Tenho a sensação subjetiva de que aceitávamos melhor a recusa da nossa vontade. Não era necessário, parece, que as crianças fossem intensamente felizes 24 horas por dia....

Como explicar que a diminuição visível da desigualdade de renda em alguns anos deste século não foi acompanhada de uma queda de furtos ou roubos? Devemos levar em conta que a força do consumo aumentou e nem sempre o crime é famélico. A lei é quebrada  pela busca de status, por um celular mais avançado e pelo tênis importado. Matamos e morremos por logomarcas e seu valor simbólico. Uns estão entediados pelo excesso e outros ressentidos pela falta. Ambos constituem uma dupla complicada para um projeto nacional."


Excertos do capítulo Um Mundo com menos, do livro O Coração das coisas  de 

Leandro Karnal


Amigos, muito haveria a transcrever deste capítulo, mas ficaria um post muito longo. Estes

 excertos bastam para partilhar a mensagem que dele retirei. Estes tempo de pandemia têm-nos forçado a viver com menos, inclusive, com menos manifestações de afecto e esta  é a pior das carências.  Não creio que algo vá mudar na mentalidade humana, mas temos que manter a esperança.... 

temos de aprender a viver com menos, aliás há muito que esse aprendizado era necessário


Emília Pinto.   

 

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45 comentários:

  1. Gostei bastante deste texto! Muito bom!:)😘
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    Agora, que tudo fecha, até se cortam os laços
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    Beijo, e um excelente fim de semana.
    Proteja-se...

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    1. Obrigada, Cidália. Uma boa semana, com SAÚDE para todos, pois, hoje em dia, é o que mais nos preocupa. Sempre foi o mais importante nas nossas vidas, mas, agora...a preocupação é muita, porque ela depende de um virus ainda muito desconhecido. Um beijinho
      Emilia

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  2. Estes tempo de pandemia têm-nos forçado a viver com menos, inclusive, com menos manifestações de afecto e esta é a pior das carências

    Boa noite de sábado, querida amiga Emília!
    De tudo que li e apreciei por concordar na íntegra, o que você escreveu e recortei acima, tocou-me profundamente.
    De fato, mesmo tempo de Pandemia, há ainda muito consumismo... É uma lástima, pois é tempo onde mais do que nunca deveríamos nos abster de supérfluos em prol dos valores essenciais, amiga.
    Você sabe o que posta e nos enriquece com suas escolhas.
    Tenha uma nova semana abençoada!
    Bjm carinhoso e fraterno

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    1. Sabes, Roselia o que mais apreciei neste texto foi: " não era necessário, parece, que as crianças fossem intensamente felizes, 24 horas por dia " e isso é uma grande verdade; hoje fazemos tudo o que as crianças querem com medo que um simples não as traumatizem e isso não as prepara para os desafios sa vida. Obrigada, querida Amiga e SAÚDE para todos aí em casa. Beijinhos
      Emilia

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  3. O texto é interessante, muito verdadeiro e levanta várias questões.
    Agora, com a pandemia, devíamos reflectir ainda mais e tentar reorganizar a vida. Porque há coisas de que podemos prescindir, mas o essencial - o calor humano em todas as suas formas - nunca.
    Beijos e abraços
    Marta

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    1. É verdade, deveriamos aproveitar para " organizar a vida", porque o consumismo continua, apesar da crise provocada pela pandemia; há quem continue a gastar e a endividar-se, porque o que mais importa é o " staus ". Marta, obrigada pelo carinho e espero que tenham conseguido fugir do maldito virus e assim continuem. Um beijinho
      Emilia

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  4. Maravilhoso o texto do Leandro Karnal e aborda um tema que todos devemos parar e refletir... Tantas mudanças, mas a simplicidade é o que nos deveria mover... Lindo domingo! beijos, chica

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    1. Infelizmente, Chica, apesar dos tempos dificeis que estamos a atravessar, há pessoas que continuam a dar valor às aparencias e consomem cada vez mais, mesmo que o dinheiro comece a faltar. Não sei se esta pandemia vai mudar a mentalidade do ser humano. Não tenho grandes esperanças. Beijinhos, Chica e obrigada.
      Emilia

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  5. Muito bem escolhido este texto, admiro demais o Professor Karnal, concordo com quase tudo que ele diz, este testo está perfeito!
    A engrenagem trabalha de tal forma que as pessoas não se sentem parte dela e acham que está tudo bem.
    Hoje a exposição do que se possui e aparenta ser, move essa engrenagem 24 horas por dia. Enquanto isso deixamos de viver o que somos, se não nos atentarmos.
    Adorei a partilha, abração!

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    1. O mal é esse mesmo, as pessoas não terem consciência dos seus limites e agirem como se tudo estivesse bem. O consumismo sempre foi exagerado e, como diz neste texto há gente capaz de matar para ter coisas que não podem comprar. É incompreensivel essa atitude, mas é a triste realidade. No entanto, Amiga, temos de pensar na educação que estamos a dar aos mais novos: hoje não ensinamos as crianças a esperarem pelas coisas, não as ensinamos a dar valor ao que realmente importa; basta uma birrinha e, pronto...tem logo aquilo que deseja. Um dia, quando crescer, vai sentir-se frustrada; a vida não aceita " birrinhas " e os " nãos" vão ser muitos. Dalva, muito obrigada pelo carinho e desejo a todos vós, SAÚDE. Beijinhos
      Emilia

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  6. Este texto de Leandro Karnal leva-nos a uma grande reflexão. É como se a sociedade de consumo nos manipulasse e daquilo que possuímos dependesse o azar ou a sorte. Quase ninguém se contenta com o que tem e às vezes já é tanto comparado com aqueles que nada têm.
    Cuide-se bem, minha Amiga Emília.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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    1. Tens razão, Graça, a facilidade com que a informação nos chega e a variedade de ofertas é tão grande que nos torna inconformados e muito exigentes. Mas, isso é mau, porque de repente tudo muda e " descer o patamar " custa. Um beijinho, querida Amiga e tudo de bom para todos, com SAÚDE, o nosso bem maior. Obrigada!
      Emilia

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  7. Um texto muito interessante que nos dia levar a uma reflexão séria.
    A sociedade atual, quanto mais tem mais quer. E surgem as depressões porque andam todos insatisfeitos. Eu nasci e vivi a infância e parte da adolescência num ambiente em que as pessoas davam graças a Deus se tinham ao fim do dia uma sopa e um pedaço de pão. Não tínhamos luz elétrica, água canalizada, Tv, frigorífico, radio etc. etc. Não tenho vergonha de dizer que para ir ver a procissão de Nossa Senhora do Rosário no dia 15 de Agosto de 1965, tinha então quase 18 anos, para não ir de tamancas, foi a mulher do encarregado da Seca que me emprestou umas sandálias. E sabe de uma coisa. Em todos esses anos nunca soube de ninguém que sofresse de depressão. Hoje entra-se em depressão se não se consegue ter um carro, como o do vizinho, ou ir de férias para o estrangeiro como o colega de trabalho.
    Não pense com isto que sou apologista de que as pessoas tem que viver mal para ser felizes. Nada disso. Se desses razão ao nome de humanos com que os antepassados nos batizaram, faríamos tudo para que não houvesse ninguém com fome no planeta. O que quero dizer é que hoje em dia a humanidade deixou de pensar como ser para pensar apenas em ter.
    Abraço e saúde

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    1. Querida Elvira, revi-me no teu pertinente comentário. Quando a eletricidade chegou à aldeia onde nasci, eu já era adolescente e, mesmo depois de tra chegado, demorou a que a maioria das pessos tivesse televisão e frigorifico. A água era tirada do poço a balde preso numa corda e mesmo assim havia quem tivesse de a vir buscar a minha casa, carregando o cântaro à cabeça. Banho...era de bacia com a água aquecida na lareira ou, para os mais favorecidos no fogão a lenha. Era uma miséria, mas, sabes, não tenho trauma desses tempos; era feliz, pois na minha casa nunca faltou o amor e, como eramos só dois não faltou nunca comida na mesa, embora tivesse conhecido muitos vizinhos onde só havia pão e o tal " caldo " com pouco mais do que couves. A sorte era a hortinha que todos tinham e as galinhas e coelhos criados em casa, mas, os filhos eram tantos que muitas vezes nem isso chegava. Depressão, Elvira? Nem se conhecia essa palavra. Claro que esses tempos eram muito dificeis e é bom que já tenham passado, mas, agora passou-se para outro extremo; hoje há demasiado, mas também há muita desgraça causada pela insatisfação e por acharmos que " as crianças têm de ser intensamente felizes 24 horas por dia " Esta afirmação do autor deixou-me a reflectir, Elvira. Amiga, muito obrigada pelo belo comentário e espero que continuem todos bem de saúde. Um beijinho
      Emilia

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  8. um texto muito actual
    as último parágrafo é de se lhe tirar o chapéu.
    gostei muito, Emília.

    grato pela tua presença

    beijo

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    1. " O ultimo parágrafo é de se lhe tirar o chapéu " mas é também uma espécie " de vergonha, de indignação " por nos vermos incluidos nessa raça que " se entedia por excessos " e pior, que mata por nada. Há alturas em que nos sentimos envergonhados por sermos os tais seres humanos, inteligentissimos, não é Manuel? Um beijinho e muito obrigada pela simpatia. SAÚDE para todos aí em casa.
      Emilia

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  9. Está triste? Fale com um amigo!
    Está eufórico? Abrace quem ama!
    Está com tédio? Leia um livro!
    Emília, querida amiga, não conheço nada da obra de Leandro Karnal mas os excertos que aqui publicas aguçaram a minha curiosidade.
    Odeio gente que vive de aparências!
    Beijos e abraços apertadinhos, dos nossos.

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    1. Seria muito melhor se optassemos pelas tuas sugestões, Teresa, mas infelizmente o consumo exagerado dá a ideia de suprir certas carências, além de também servir para mostrar determinado status; compra-se o que não se pode e muitas vezes não ha dinheiro suficiente para as necessidades básicas. Conheço alguns casos desses e, sinceramente, não tenho pena deles. . Obrigada, Amiga do coração e, fica bem, com SAÚDE para todos. Com este novo confinamento, acredito que vou ler mais e bem preciso.Vou-me esparramar no sofá, com a lareira acesa e livro e lápis na mão. Este que estou a ler, já está bem sublinhadinho....sou uma aluna razoável, não amiga? Vou melhorar, prometo!!! Um abraço carregadinho de amizade.
      Emilia

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  10. Querida Emília, fui lendo e com a certeza que o texto era teu! Depois vi que não, mas bem que poderia.
    Karnal é maravilhoso, assisto muito suas lives e palestras(youTube). Bem, acho que as crianças daquele tempo, ou do nosso tempo, eram mais felizes pelo simples fato de serem crianças, pediam brinquedos, tênis, bonecas, casinhas, carrinhos de madeira etc, mas não dessa maneira de hoje, se não ganham um Smartphone legal, igual ao da amiga, são capazes de ficarem emburradas e depressivas, coisa que naquela época eu não via. Eu tinha o que queria, mas a diferença é que nunca pedi nada esdrúxulo, caro. Era tudo muito normal, não precisávamos ostentar ou sei lá mais o quê. O mundo evoluiu, mas em quê, depende do ângulo que vemos. Olhando para a informática, a tecnologia, a medicina e todas as suas ramificações, nas ciências e muitas outras coisas sem dúvida, a evolução foi fantástica! No entanto o ser humano em seus sentimentos não evoluiu. Não acompanhou as grandes invenções! Continua meio bárbaro, ou muito! A ostentação nas redes são incrivelmente fúteis. A educação não evoluiu muito, ou se aconteceu, não creio que foi para melhor, naqueles tempos pais eram pais e filhos eram filhos e obedeciam, mas não é o que vemos hoje. Um NÃO, o mundo vem abaixo.
    É isso, querida amiga, está na hora de parar, embora ficaria bem mais...
    Beijinho, parabéns por ter abordado um assunto que mexe conosco.

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    1. Sim, Taís, parece que antigamente, tinhamos mais noção daquilo que podiamos pedir aos pais, embora fossemos crianças com muito menos informação do que as de hoje e, se calhar é aí que reside o problema. Os pais de antigamente educavam melhor os filhos ? Penso que havia de tudo, mas como a oferta era muito pouca, a tendencia para a ostentação também era minima; as crianças não tinham, por isso, esse exemplo em casa e compreendiam melhor quando não podiam ter determinado objecto; eles não tinham, mas os outros também não. Como diz o autor, é dificil comparar épocas, mas uma coisa é certa, a família é onde se forma o cidadão, seja agora, seja noutros tempos e portanto os valores passados para os homens de amanhã e da responsabilidade dos pais. Mesmo com muita fartura é possivel ensinar-se que, na vida, a sensatez, o equilibrio, a honestidade, o respeito são fundamentais e que da vida não se recebe sempre " SINS " , recebe-se " NAOS a cada instante e é preciso saber enfrentå-los. Tens razão, Tais, quando dizes que o " ser humano em seus sentimentos não evolui muito...não evoluiu também na educação ". Estamos, nesse aspecto, muito attasadinhos, infelizmente. Querida Amiga, muito obrigada, pelo pertinente comentário e vou-te deixar...já " falei demais " Beijinhos e...SAÚDE
      Emilia

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  11. E chegaste com um excerto tão verdadeiro que arrepia . Realmente o mundo é uma aldeia. Aqui como acolá ou la longe , a insatisfação do Homem leva- o a satisfazer todos os caprichos na tentativa de colmatar a falta de algo. Mas esse algo está dentro de cada um . Ninguém é feliz sozinho. Como tudo quanto possa possuir chega a entediar .
    Depois são os montes de coleções de marcas que se guarda para “ aquele dia”. O pior é que hoje mais que nunca , esse dia está longe , vive ainda longe do nosso projecto.
    Como dizes, EMILIA, tanto e tanto se pode deambular por este texto deste grande autor . Este” acontecimento “ fez parar tudo, repensar tudo, rever tudo.
    O Homem não gosta do silêncio porque tem medo de se ouvir .
    Ouçamos o nosso interior porque ele justifica- nos muita coisa. É uma questão de silêncio .
    Grande abraço , querida amiga 🍂

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    1. " Este acontecimento fez parar tudo, repensar tudo, rever tudo " e para alguns vai servir de lição mas, para outros creio que não vai mudar nada. O ser humano tem a tendência de esquecer facilmente as coisas e por isso acredito que pouco se modificará na mentalidade humana. Dizes que este texto " arrepia ", sim, Manuela, arrepia-me principalmente na parte que constata que fazemos parte de uma raça que mata por nada e isso não não dignifica o ser mais inteligente da natureza. Triste realidade! Amiga, espero que estejam todos de saúde e que assim continuem. Muito obrigada pelo carinho da visita, Um abraço carregadinho de amizade
      Emilia

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  12. Gostei do excerto.
    É um escritor que vale a pena ler.
    Obrigado pela partilha.
    Bom fim de semana, querida amiga Emília.
    Beijo.

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    1. Fico contente que tenhas gostado, Jaime! Obrigada pela visita e espero que estejam todos de saúde. Espero que este confinamento ajude a diminuir os números e que todo este sacrificio nos convença, de uma vez por todas, de que temos de aprender a viver " num mundo com menos " e que o consumismo exagerado sempre foi e continuará a ser um mal na nossa sociedade. Um beijinho, Jaime
      Emilia

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  13. Olá, querida amiga Mila!

    Espero que vocês estejam todos bem de saúde e razoavelmente felizes, pke a situação que vivemos mergulhou-nos "num poço, que parece não ter fundo".
    Eu estou bem, segundo julgo, mas mto preocupada e desanimada com a escalada da Covid-19 no nosso país, principalmente, e em toda a Europa. Um dia, não sei qdo, julgo que a situação irá passar com a descoberta de uma vacina credível, mas até lá, temos mto que sofrer, pois as vacinas levam anos a serem criadas e depois há k saber da sua boa aplicabilidade.

    Não conheço nada da obra e atividades do Prof. Leandro Karnal, mas já estive a pesquisar sobre ele, pois não gosto de comentar algo ou alguém, completamente, "às escuras", como sabes.
    É Historiador, palestrita, faz programas de televisão e fala de Sociologia com mto à-vontade e verdade, na minha perspetiva.

    O excerto do texto que aqui nos apresentas fala de um tema, que já aqui apresentaste: o consumismo nos tempos presentes e as suas consequências. De há uns anos a esta parte, as crianças aceitavam aquilo que os pais lhes davam, pke eles é que sabiam o k era melhor para os filhos, mas agora, é precisamente o contrário. Um fedelho de 7 ou 8 anos, diz: eu quero isto da marca "x" ou "y", pke na escola todos os meus amigos usam isso. Claro, as influências dos amigos estão em 1º lugar e só eles sabem. Os pais são uns "ultrapassados" e não entendem as "necessidades" dos tempos atuais, dizem eles. Evidente que estes meninos e meninas têm tudo, repito, têm TUDO EM EXCESSO, dado pelos pais e familiares.

    Eu que me considero, que fui uma criança e adolescente feliz, com brinquedos e roupas suficientes, não sabia, nem tal me passava pela cabeça, do que eram depressões, nem tristezas sem razão, nem maluqueiras de todo o género, mas atualmente, andam alguns no psicólogo, outros, muitos, são hiperativos, e todos têm Face e sei lá k mais, enfim MUITA INFORMAÇÃO, k alguns deles transformam em (des)informação. Há que pôr um BASTA nisto tudo. Tem de haver uma hierarquia de valores e afetos entre pais e filhos(as) e diálogo e aceitação dos conselhos dos pais. Caso assim não se proceda, mais uma dezena de anos, e são os filhos a determinarem a vida dos pais, aliás, já alguns matam pai ou mãe para conseguirem o dinheiro deles. Nunca isto sucedeu no nosso tempo, nunca.

    A Filosofia minimalista é imperiosa nos tempos que vivemos.

    Karnal contraiu a Covid-19 em outubro deste ano, numa viagem dentro do Brasil, mas longe da sua terra. Esperemos k já tenha recuperado.

    Beijos, um grande abraço para ti e família e boa semana.

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    1. Querida Céu, antes de mais, quero dizer-te que estamos todos bem, ou julgamos estar. Como tu, também eu estou muito preocupada pois, como sabes o Norte está muito mal e os hospitais estão a ficar saturados; o nosso presidente da câmara está já a fazer uns aumentos no nosso hospital para poder separar as urgências. Quanto ao tema do meu post, sim, já abordei o assunto do consumismo e fico muito contente que tenhas reparado nisso. É sinal ( já há muito sabia...) que és uma pessoa atenta e não " falas de cor " como se costuma dizer. Estou a ler um livro deste senhor que se chama O Coração das Coisas e o primeiro capítulo trata precisamente deste " mundo com menos " que temos de começar a aceitar e, assim,vivermos com mais sensatez. Muitos, infelizmente, estão a ser obrigados a viver com muito menos ou com nada, devido à pandemia, mas é necessário que todos aprendam a consumir menos, porque há certo tipo de consumismo que denota carência e isso leva a comprar mesmo sem necessidade. Quanto ás crianças, fico pasmada com a facilidade com que os pais mandam os filhos ao psicólogo e muitos precisam só de limites, precisam de saber desde pequeninos que nem tudo se pode tolerar. Isso dá segurança às crianças, mas, infelizmente, os pais pensam o contrário. Não sabia que Leandro Karnal tinha contraído Covid-19, Céu. Espero que esteja recuperado. Amiga, muito obrigada, pelo comentários sempre assertivos e documentados; sabes que aprecio muito essa tua qualidade. Espero que continues bem, querida Amiga! Um abração carregadinho de amizade.
      Emilia

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  14. Concordo que hoje em dia há uma maior oferta, falta é saber se todos têm as mesmas possibilidades de acesso a todos os produtos.
    São muito poucos os países em que as desigualdades sociais são (ou estão) mais esbatidas.
    Abraço.
    Juvenal Nunes

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    1. Pois o problema é esse mesmo, Juvenal, as ofertas são imensas e as pessoas não resistem e, ou compram sem poderem, endividando-se, ou então assaltam e matam para terem aquilo que querem. Há que saber que não se " pode dar o pulo maior que as pernas ", mas, infelizmente, a aparência conta muito para agumas pessoas e isso leva-as q quererem ostentar uma vida que não têm. Amigo, muito obrigada pela visita e desejo SAÚDE a todos aí em tua casa. Um abraço
      Emilia

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  15. Gostei muito de ler este excerto de um livro que, certamente, será fascinante de ler. Não conheço a obre do autor.
    As coisas estão muito difíceis em todo o mundo. A Pandemia "nasceu" para matar. Só que muita gente irresponsável parece não querer saber disso, infelizmente.
    .
    Cumprimentos

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    1. Tens razão, Ricardo! Apesar dos números altissimos de contágios e mortes, ainda há pessoas que brincam com este problema tão sério . Uma irresponsabilidade que não entendo. Obrigada, Amigo e fica bem, com SAÚDE para todos aí. Um abraço e até breve
      Emilia

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  16. Lawrence Durrell dizia
    Que: "O homem é uma vaidade
    Sobre pernas." Persuade
    Que a megalomania
    É um mal que contagia.
    Não tenho pena do rico,
    Mas de um pobre e nanico
    De juízo eu fico tenho pena,
    Por se frustrar com pequena
    Demanda. - Assim verifico.

    Abraço cordial! Laerte.

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    1. E verificas muito bem, Laerte! De facto o " homem é uma vaidade sobre pernas" e devemos, sim ter pena de quem não se conforma com o que tem. Temos de concordar que as carências em alguns casos são muitissimas, mas isso não os leva a roubar ou cometer crimes; são honestos e muitas vezes mais integros do que aqueles que têm muito; pedem ajuda e trabalham duro para ter pão na mesa. Infelizmente há os outros que, vendo o exagero de tantos, se revoltam e vão por caminhos que nada de bom lhes trazem. Amigo Laerte, muito obrigada pelo comentário, sempre poético e tudo de bom para ti e para os teus, com SAÚDE! Um beijinho
      Emilia

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  17. Querida Emília,
    Como Mestre em filosofia, digo que este texto do “Leandro Karnal” é de profunda franqueza pueril.
    As crianças do meu tempo... Do nosso tempo, foram mais livres, ativas e alegres, pois, as ruas eram locais seguros de se brincar, o pique-esconde, por exemplo. Hoje, escondemos os nossos filhos dentro de casa, muito pela violência urbana e também, devido ao “Novo Coronavírus”.
    O desejo de consumo existe mesmo, em todos os grupos sociais e, este desejo (dos mais jovens principalmente), conduzem suas mentes, pelas vertentes da tecnologia dos “Smartphones” cada dia mais modernos, que conectam o Mundo em segundos, porém, desagregam afinidades. Ao menos hoje, neste Mundo doente que vivemos, esta tecnologia instantânea, está momentaneamente nos servido bem.
    Eu fui uma criança feliz no meu tempo, com as coisas (brinquedos, jogos de tabuleiro, etc...) - que existiam. Hoje existem tantas coisas e, nossas crianças possuem tão pouca cultura efetiva. Porém, os tempos são outros... Nós somos crianças do Século passado. Um adulto deste Século, por mais idade que tenha, estará com seus 20 anos. Ou seja, o Mundo nos oferece muitas possibilidades dia após dia, mas, que ninguém se engane, só acostumamos com aquilo que é bom.
    Carinhosos beijos para ti. Parabéns por trazer um colega filósofo, como tema de tua postagem. Cuide-se bem!!!

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    1. Como diz o teu colega, filósofo, é muito dificil comparar gerações e o que todos nós, pais e avós , queremos é que os nossos filhos e netos não passem pelas privações que passávamos, apesar da liberdade que tinhamos. O que eu não entendo e vou continuar a não entender é ver pais a darem um smartphone de última geração aos seus filhos e em casa já não haver fruta e comida de qualidade para comerem. É que ninguém sabe o que eles têm em casa, mas todos veem o tipo de celular ou tenis que os meninos têm. Não penses que estou a falar de cor, Douglas, conheço casos destes Claro que todos nós nos acostumamos só ao que é bom, mas há que ter sempre muita sensatez, porque, como diz o meu irmão, é fácil subir até a um determinado patamar, mas quando temos de descer um degrau doi muito; portanto, amigo, passao a passo, degrau a degrau, conforme as nossas possibildades sem nos iludirmos com o carrão ou mansão do vizinho. E com as nossas crianças devemos fazer o mesmo e elas, explicando bem, entemdem perfeitamente o motivo por que não possuem determinado bem. Sabes, Amigo, o problema está nos pais e não nas crianças; eles é que não aceitam que o seu filhinho não tenha tudo o que os amigos têm. Sei isso por experiência própria, pois já sou avó de três netos e, sinceramente, às vezes tenho receio que um dia, quando crescerem, sintam que não foram preparados para os nãos da vida. Espero estar enganda! Beijinhos, Amigo e obrigada pelo belo comentário. Escrevi muito, mas, como se costuma dizer, este assunto " dava pano para mangas " SAÚDE para todos vós
      Emilia

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    2. Querida Emília,
      Está perfeito isso que tu disseste: “... o problema está nos pais e não nas crianças...”
      Quem comanda a orquestra é o maestro. Os pratos de choque, por exemplo, quando golpeados um contra o outro, produzem um som impactante, mas, se houver desafino na nota, caberá quem ensinou, assumir o desafino... E não imputar responsabilidade a outrem, pela falta de tom.
      Bom dialogar com quem tem sabedoria, principalmente sabedoria de vida. E isso encontro em ti.
      Fique bem. Até breve!!!

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    3. Obrigada, Douglas! Costuma-se dizer que temos a obrigação de aprender alguma coisa com a idade, mas, não sei se aprendi o essencial. Também se diz que se aprende até morrer, por isso, Amigo , espero continuar por cá aprendendo. Um beijinho e SAÚDE!
      Emilia

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  18. A diferença entre as infâncias da nossa geração e as dos nossos netos são abissais, e não para melhor no aspecto de relações humanas.

    E tudo piorou com o virus.

    Beijinho, amiga

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    1. Tens razão, São! No aspecto de relações humanas, também não creio que as diferenças entre uma geração e outra tenham sido para melhor. Hoje, como diz o autor, parece que os pais querem que os filhos sejam inteiramente felizes, 24 horas por dia e acumulam-nos de bens materiais que acabam por entendia-los. Não se consegue ser feliz 24 horas por dia e não são os brinquedos em exagero e as roupas de marca que deixam a criança feliz. Vemo-las felizes em lares que pouco têm e vemo-las tristes em lares onde nada falta. Amiga, muito obrigada pelo carinho e fica bem, com SAÚDE. Esta pandemia está cada vez pior e não sei como se vai resolver este problema mundial. Beijinhos
      Emilia

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  19. Adorei o excerto. A minha infância não tem nada a ver com a das minhas filhas. É muito importante para mim passar-lhes os mesmos valores que os meus pais me passaram apesar do novo mundo que existe. Não sou permissiva quanto aos facilitismos das crianças perante a realidade digital. Amo as minhas filhas mais que tudo na vida é acredito que terão uma melhor formação humana comigo e se brincarem, se virem a natureza e correrem nela, do que com qualquer tablet... E fico triste quando vejo as crianças e adultos enterrados com as caras nos ecrãs enquanto caminham na rua onde há tanta coisa linda a acontecer. Desviei-me um bocado do assunto porque isto é o que noto mais de diferente entre a minha infância e as de agora.
    Neste caminho os adultos de amanhã não serão tão humanos, serão materialistas e egocêntricos. Esta pandemia poderia ser uma forma de dizer "stop", vamos olhar para tudo doutra maneira, mas isso só depende dos pais e não das crianças. Se deixam elas fazem o que elas querem.
    Um grande beijinho

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    1. Não te desviaste do assunto, Sandra, porque uma das coisas que me impressionou neste texto, foi o autor dizer que lhe parecia que, antigamente, não se pretendia que as crianças fossem inteiramente felizes 24 por dia; hoje, ao contrário, parece-nos que elas são felizes tendo tudo em excesso e não as preparamos para viverem " um mundo com menos". A vida dá muitas voltas e um dia elas poderão ter de viver com algumas dificuldades e não saberão como enfrentá-las. E, como dizes, somo nós que as temos de lhes ensinar a viver com equilibrio, dando valor ao que realmente importa. Um beijinho, Amiga e muito obrigada pelo comentário tão assertivo. Fica bem, com SAÚDE aí, para todos
      Emilia

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  20. Oi Emilia, como vão as coisas desse lado de cá?
    Desculpe a demora em vir te visitar tenho visto só
    os comentários do mês e tenho dado o retorno quando possível;
    Não tenho web no sítio quando tenho que postar ou ver alguma coisa fico na cidade onde tbm tenho cidadania kkk; (brincadeira só para quebrar o gelo) k;
    Tería muitas coisas a dizer desse maravilhoso post;
    Mas em relação a menos coisas, estou pesquisando bastante pois quero começar a fazer meus próprios sabonetes k;
    Vi que você comenta nos próprios comentários no meu caso se possível pode deixar o comentário lá na casa mesmo; sem problemas, mas só se quiseres ok? é que lá eu sei que vou ler e geralmente me lembro do que escrevo kkk;
    Abraços e tenhas uma boa entrada de mês de dezembro.

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  21. Olá Janicce.
    Por aqui as coisas não estão nada bem, em relação à pandemia, pois os números têm aumentado muito, mas nós até aqui, temos escapado, sempre com muitos cuidados.
    Quanto aos comentários, não se preocupe, venha quando puder. Penso que se está a referir às minhas respostas, não é? Bem... farei como diz, querida Amiga. Um beijinho e muito obrigada. SAÚDE para todos
    Emilia

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  22. Daqui a pouco estarei de volta por aqui, apreciando as restantes publicações, que se me escaparam na pressa dos dias...
    Beijinhos, Emília! Até daqui a pouco!
    Ana

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  23. O mundo inteiro, foi ficando mais pobre... em saúde ambiental, em saúde económica, em saúde emocional... e em saúde mesmo!!! No momento recuperamo-nos de uma pandemia que ainda terá vacina... a próxima... causada por microplásticos em virtude da poluição espalhada, do Ártico ao Evereste, passando pelos pontos mais fundos dos oceanos... não terá remédio... apenas consequências... a todos os níveis...
    Esperemos que esta pandemia, nos faça tocar todos os alarmes... de que a humanidade estará a caminhar para um suicídio colectivo... mas enfim!... A natureza sempre se recupera, e adapta... já nós... bem... outras civilizações já desapareceram num repente... sem nunca se ter sabido muito bem, o seu destino... noutros pontos... ficámos a saber a sua trágica história... como a Ilha de Páscoa... que parece reunir uma história simbólica... do que nos espera a uma escala global, se começarmos a esgotar os recursos do planeta... com as últimas modas e vontades... de ter isto e mais aquilo...
    Como sempre uma partilha super interessante por aqui, Emília... que daria pano para mangas, como se costuma dizer!...
    Um beijinho! Continuação de uma excelente semana, com saúde!
    Ana

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