domingo, 16 de novembro de 2025

DOIS DE NÓS

 Imagem pixabay



Dois de nós, o percurso de um casal na caminhada que se propuseram fazer a dois,  uma retrospectiva de suas vidas até à idade em que começaram a ser designados por " idosos. " 

Entre gargalhadas que provocam com o seu bom-humor, vão falando das transformações sofridas, tanto a nível físico como mental, aquela dor nas pernas, a coluna que, ao menor esforço já se queixa, a perda de amigos, quer por morte, quer por outras circunstâncias da vida de cada um, aqueles esquecimentos incomodativos e tantos outros transtornos que a idade traz 

 Depois vêm os lamentos por tantos erros cometidos, sempre um culpando o outro. as dores sofridas, principalmente aquela terrível, causada pela morte do filho na piscina de casa, um descuido que nenhum deles quer assumir como seu. 

São muitas as reflexões que fazem sobre cada sucesso, cada caída, cada ameaça de separação feita em momentos mais difíceis e a imensa felicidade com a chegada dos filhos e consequentes mudanças na vida de cada um. 

Mas é a mãe que mais se questiona sobre a maternidade; a prioridade começa a ser os filhos e muito dos seus sonhos ficaram para trás, assim como a carreira. Teria que ser assim? Claro que não! Mas, foi e, apesar disso, não se arrepende. Teria feito diferente se pudesse voltar atrás? Tentaria, pelo menos.... 

 E, com esta peça de teatro, DOIS DE NÒS, António Fagundes, Cristiana Torloni e um outro casal de actores, mais desconhecidos para mim, com a sala cheia, aqui em V.N. de Famalicão, na nossa Casa das Artes, deixaram-nos alegres, bem dispostos e  com uma forte mensagem...viver é uma arte, mas saber envelhecer é um aprendizado constante. 

Os problemas são muitos. a todos os níveis, mas é preciso ter em mente que os anos trazem-nos sabedoria, sensatez e mais humanidade; passamos a ver as coisas com outros olhos, a dar valor ao que realmente importa e deixar para trás aquelas pequeninas coisas que tanto nos atormentavam, mas que agora não passam de pequeninas curvas numa estrada reta ladeada de lindas flores

Revi-me nesta peça, meus Amigos....

 Obrigada, António Fagundes, Cristiane Torloni e restante elenco pelo tanto que nos ensinaram nesta peça, pela boa disposição e, principalmente, pelo cheirinho tão gostoso que me trouxeram do meu querido Brasil.


Amigos, têm sido tantos os espetáculos aqui em Portugal e também no Brasil que com certeza já conhecem a peça; gostaria de saber a vossa opinião sobre ela. Pode ser ? Obrigada!


Emília Pinto

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

SOLIDÃO

Imagem Pixabay



A maior solidão é a do ser que não ama. 
A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana. 
 A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro. 
O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. 
Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. 
Ele é a angústia do mundo que o reflete. 
Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.


Vinicius de Moraes

Nota: Trecho do texto Da solidão


Escolhi este texto de Vinicius de Moraes para trazer o  tema da solidão que me preocupa muito, principalmente aquela que atinge os nossos idosos; são completamente abandonados pelos filhos e atualmente, segundo as notícias, têm sido agredidos fisicamente por eles. 
Tenho a esperança de que os valores que passei para os meus filhos se mantenham....
É. Amigos, para lá caminho...


Mas, se me choca o que é feito aos nossos idosos, o que dizer das crianças, como a da foto que escolhi para este tema? 

Como diz Vinicius,  " A maior solidão é a do ser que não ama....que se recusa a participar da vida humana "

Emília Pinto 

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

O QUE DIZER?






Sim, o que dizer quando nos deparamos com a noticia do assassinato de uma mãe pelo filho de catorze anos de idade?  " A mãe chateava-me muito " justificou-se ele perante a justiça. 

Um menino bom, simpático, excelente aluno que deixou em choque toda uma comunidade e abalados, psicológicamente, os seus colegas de escola. 

Comoventes os testemunhos de todos os que conheciam essa mãe, uma boa pessoa, sempre pronta a escutar e a ajudar quem dela precisava. 

Conforto e afeto, não faltavam àquele menino, mas algo de muito importante foi esquecido na sua educação. 

É uma criança, dizemos nós, mas, com esta idade não tinha já obrigação de saber distinguir o bem do mal? 

Não terá, essa mãe, esquecido de passar para o filho esses valores básicos, indispensáveis na educação de qualquer criança, desde a mais tenra idade? 

Terá essa mãe, escutado o filho? Terá ela prestado atenção a determinados pormenores diferentes que, com certeza, ele vinha apresentando no seu comportamento? 

E as redes sociais? Será que também não têm culpa neste acto abominável? 

Para tantas perguntas, com certeza, não teremos uma só resposta, Amigos! 

Dá que pensar...
 
E a minha rosa branca dedico-a a essa mãe que. de certeza. fez o melhor pelo seu filho. 

 Emília Pinto

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

NÃO!

 




A palavra de que eu gosto mais é não
Chega sempre um momento na nossa vida em que é necessário dizer não
O não é a única coisa efetivamente transformadora, que nega o status quo. Aquilo que é tende sempre a instalar-se, a beneficiar injustamente de um estatuto de autoridade. 
É o momento em que é necessário dizer não 
A fatalidade do não - ou a nossa própria fatalidade - é que não há nenhum não que não se converta em sim. 
Ele é absorvido e temos que viver mais um tempo com o sim. 

 José Saramago


Queridos Amigos, eu não tenho dificuldades em dizer NÃO, mas, o meu problema é confiar em demasia  nas pessoas e , aí, entra a necessidade de me lembrar desta palavrinha
Houve um problema comigo, na passada semana, felizmente, já ultrapassado, mas, está na hora de deixar de ser um livro aberto, como sempre me considerei.
Se recebi um abraço de uma pessoa desconhecida, como contei no post anterior, desta vez foi-me dado um valente " safanão " de uma pessoa conhecida. 

Por isso..... " Emilia, pára de ser tão " bobinha ", stop , Emília! Não se pode confiar em todas as pessoas....mesmo naquelas que te parecem amigas...Não esqueças estes conselhos de Saramago...."

Como diz, José Saramago, " Não há nenhum NÃO que não se converta em SIM " e comigo, Amigos, passará a ser " SIM ao cuidado, SIM a uma maior desconfiança, SIM a uma melhor escolha dos amigos


É triste não podermos confiar em certas pessoas, não é verdade, amigos ? Mas, ....é assim.... Se não fosse assim, teríamos um mundo em paz.


Emília


quinta-feira, 18 de setembro de 2025

DUAS PALAVRAS APENAS....

 





Imagem pixabay




Há uma semana, por volta das 20h, seguia eu pela rua, quando ouço alguém  dizer-me " boa noite "! Olhei, convencida de que era uma pessoa conhecida mas, não! 

Era uma senhora que não conhecia  e por isso estranhei o cumprimento. 
Estava muito triste e depressa começou a contar-me os seus infortúnios que eram muitos 

Tinha sofrido de violência doméstica por parte do primeiro marido e para sua grande mágoa, o filho tinha decidido ficar com o pai. 

Estava, agora, casada com um senhor viúvo que naquele dia tinha perdido um irmão muito querido e, isso a fazia ainda mais triste 

O braço dela estava com uma grande cicatriz, pois tinha-se submetido a uma cirurgia, inevitável, depois da grave queda que sofreu na rua; ainda não estava recuperada desse acidente. 

Escutei, confortei e o que começou com um simples " boa noite ", acabou com um forte abraço e algumas lágrimas pelo meio 

Não sei se a voltarei a ver, mas, com ela, aprendi que um olá, um bom dia e uma boa noite devem sempre ser dados, mesmo quando não conhecemos as pessoas. Uma grande lição para mim!

Emília

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

DOIS HORIZONTES

 Imagem Pixabay


Um horizonte, — a saudade 
Do que não há de voltar; 
Outro horizonte, — a esperança 
Dos tempos que hão de chegar; 
No presente, — sempre escuro,— 
Vive a alma ambiciosa 
Na ilusão voluptuosa 
Do passado e do futuro

Os doces brincos da infância 
Sob as asas maternais, 
O vôo das andorinhas, 
A onda viva e os rosais; 
O gozo do amor, sonhado 
Num olhar profundo e ardente, 
Tal é na hora presente
 O horizonte do passado. 
 

Ou ambição de grandeza 
Que no espírito calou, 
Desejo de amor sincero  
Que o coração não gozou; 
Ou um viver calmo e puro 
À alma convalescente, 
Tal é na hora presente
O horizonte do futuro. 

 No breve correr dos dias 
 Sob o azul do céu, — tais são 
 limites no mar da vida: 
 Saudade ou aspiração; 
 Ao nosso espírito ardente, 
 Na avidez do bem sonhado, 
 Nunca o presente é passado, 
 Nunca o futuro é presente. 

 Que cismas, homem? – Perdido 
 No mar das recordações, 
 Escuto um eco sentido 
 Das passadas ilusões. 
 Que buscas, homem? – Procuro, 
 Através da imensidade, 
 Ler a doce realidade 
 Das ilusões do futuro. 

 Dois horizontes fecham nossa vida


 Machado de Assis, in 'Crisálidas

Quanta verdade!!!!
E eu, depois desta longa pausa, volto com saudades dos meus amigos e do meu outro horizonte, um horizonte passado mas que me enchia o coração de felicidade quando o admirava. Não é só passado, mas é também esperança de lá poder voltar, enquanto a vida me permitir. Agora, estou neste meu horizonte, também belo e que é o meu presente. O futuro? Só peço, dele, saúde para poder continuar a usufruir da beleza destes meus DOIS HORIZONTES

Obrigada, Amigos, por me terem esperado


Emília Pinto

sexta-feira, 27 de junho de 2025

PAUSA

imagem da net




Queridos Amigos, o Começar de Novo vai fazer uma pausa, desta vez mais longa 

Não sei o que ele pensa e muito menos o que vai fazer mas eu, sinto NECESSIDADE de parar por uns tempos e de certeza que aproveitarei este período para a leitura, ler livros novos ou reler aqueles que já li há muito 

Tenho a certeza que me compreenderão. Estarei por aqui e. sempre que puder, visitar-vos-ei 

Mas, tenho outra NECESSIDADE e esta, muito importante.....por favor NÃO SE ESQUEÇAM DE MIM 

Deixo-vos um beijinho muito, muito especial e votos de que tenham dias felizes, com alegria e muita paz à vossa volta, já que não a temos neste nosso mundo


 Emília Pinto