Eu desejaria que o Novo Ano trouxesse no ventre morte, peste e guerra.
Morte à senilidade idealista e à retórica embalsamada; peste para um certo código cultural
que age sobre os grupos e os transforma em colectividades emocionais;
guerra à recuperação da personalidade duma cultura extinta que nada tem a ver com a cultura em si mesma.
Eu desejaria que o Novo Ano trouxesse nos braços a vida, a energia e a paz.
Vida o suficientemente despersonalizada no caudal urbano para que os desvios individuais não sejam convite ao eterno controlo e expressão das pessoas;
energia para desmascarar o sectarismo da sociedade secularizada em que o estado afectivo é mais forte do que a acção;
paz para os homens de boa e de má vontade.
(31 de Dezembro de 1979)
Agustina Bessa-Luís, in 'Caderno de Significados'
O ano mudou de número começando assim um novo, o 2025. mas o que todos nós mais esperamos é uma mudança de mentalidade para que vejamos a vida de modo diferente, dando valor àquilo que realmente importa.
Façamos a nossa parte. Amigos!
BOM ANO e SAÚDE
Emília Pinto