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Na feira do arrabaldezinho
Um homem loquaz apregoa balõezinhos de cor:
— "O melhor divertimento para as crianças!"
Em redor dele há um ajuntamento de menininhos pobres,
Fitando com olhos muito redondos os grandes balõezinhos muito redondos.
No entanto a feira burburinha.
Vão chegando as burguesinhas pobres,
E as criadas das burguesinhas ricas,
E mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza.
Nas bancas de peixe,
Nas barraquinhas de cereais,
Junto às cestas de hortaliças
O tostão é regateado com acrimônia.
Os meninos pobres não veem as ervilhas tenras,
Os tomatinhos vermelhos,
Nem as frutas,
Nem nada.
Sente-se bem que para eles ali na feira os balõezinhos de cor
são a única mercadoria útil e verdadeiramente indispensável.
O vendedor infatigável apregoa:
— "O melhor divertimento para as crianças!"
E em torno do homem loquaz os menininhos pobres
fazem
um círculo inamovível de desejo e espanto
Manuel Bandeira.
O mês de Junho está a chegar ao fim e com ele a minha homenagem às crianças; escolhi este poema que nos mostra que é preciso muito pouco para fazer uma criança feliz, basta um balão colorido para que os seus olhinhos brilhem de contentamento. Infelizmente há milhares por esse mundo fora que não conseguem ter a alegria de correr pela rua, segurando um balãozinho.
Emília Pinto
Boa noite serena, querida amiga Emília!
ResponderEliminarMuito emocionante seu post de hoje, mais um, aliás.
Fiquei aqui pensando em como meus meninos e seus pequeninos ficavam felizes com seus balõezinhos coloridos.
Valiam ouro... Para eles, valiam muito e, com um pouco de dinheiro, fazíamos tanta alegria neles.
Muito triste vermos olhinhos tristonhos por trás das vitrines ou nas pracinhas, sem terem acesso a uma balinha sequer.
Vocês sabe bem a tristeza que é.
Nosso coração fica amargurado de vê-los tão sem o mínimo que uma infância decebe merece com dignidade.
Obrigada por dar atenção a uma causa tão importante que muitos não enxergam:as crianças e seus sonhos infantis.
Tenha dias abençoados!
Beijinhos
Com os meus acontecia o mesmo e agora, a neta mais pequenina adora brincar com os balões mesmo vazios; faz comidinha com eles e dp dá às bonecas. Tenho muita pena das crianças que nem um balãozinho conseguem ter e ao vermos os nossos pequeninos com tudo, às vezes em exagero, mais o nosso coração aperta. Obrigada, Rosélia e, mais uma vez, desculpa a ausência, mas com o meu irmão cá , o tempo fica muito ocupado. Tenho de aproveitar, pois daqui a pouco já volta para o Brasil. Um beijinho e uma boa semana, com saúde para todos vós.
EliminarEmilia
Que lindo e bem emocionante...Pobres meninos que adoram os baloezinhos e no entanto nada podem ali comprar! triste! beijos, chica
ResponderEliminarÉ muito triste, mesmo, Chica e, se depe desse de nós, todas as crianças tinham balões coloridos, mas somos pequenos demais para acudir a tanta criança carenciada. Façamos, pelo menos, à nossa volta. Um beijinho e obrigada, Amiga!
EliminarEmilia
Todas as crianças gostam de balões. Eu, em criança, só tinha um balão - apenas um, que vinha com um rebuçado - pelo Natal. Caía no sapatinho. Gente pobre, era assim.
ResponderEliminar.
Uma quinta-feira feliz
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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E muitos nem isso tinham, Ricardo, pelo menos na aldeia onde nasci e vivi até casar. E já agora vou contar um caso; uma vez, peguei uns centavos ( já não lembro quantos ) e corri à mercearia comprar um balão; quando a minha mãe me viu com ele, deu-me una tabefes, não por ter comprado o balão, mas por ter pegado o dinheiro sem autorização. Imagina o facinio que uma criança tem por um simples balãozinho, tão grande que a faz cometer uma grande asneira. Quando vi este poema, lembrei logo do meu caso. Obrigada, Ricardo , pelo teu testemunho. Um beijinho e uma boa semana com saúde
EliminarEmilia
Os balões sempre foram gostados pelas crianças ... e todas deveriam ter um ,pelo menos , na vida.
ResponderEliminarA alegria da infância é genuina e profunda e quem a destrói comete um crime imperdoável.
Minha amiga, te desejo saúde e tudo de bom.
Beijinhso
Uma coisa tão simples e que tantas crianças neste nosso mundo nunca viram e tiveram um balão colorido. As guerras são a maior desgraça, mas, infelizmente ainda temos pais tão malvados que são capazes de matar os próprios filhos; não vou dizer que são selvagens, pois estaria a ofender os animais da selva que potegem as suas crias até à morte; ai de quem se aproxime delas!!!! Muito obrigada, São, pelo carinho da visita ! Desejo que todos aí e casa estejam com saúde. Beijinhos
EliminarEmilia
muiro bónito o poema, Emília.. e um grande poetq
ResponderEliminarabraço
Descobri este teu comentário no spam, querido Manuel e por isso só hoje respondo. Obrigada e desculpa. Este blogger está mesmo doido. Um beijinho
EliminarEmilia
A infância é um tempo lúdico incontornável e nada mais pode ser pedido às crianças.
ResponderEliminarAbraço amigo.
Juvenal Nunes
Sim, Juvenal, criança tem de brincar e ser amada e é um " crime " ver a infância tão maltratada; é uma fase da vida que deixará marcas, infelizme te feridas que nunca cicatrização. Obrigada, Amigo, pela visita . Desejo saúde a todos vós, aí em casa. Um beijinho
EliminarEmilia
Um balão, uma bola e há um jogo com muitos gritos e alegria.... Não conhecia o poema; obrigada pela partilha.
ResponderEliminarBeijos e abraços
Marta
Coisas simples e uma alegria imensa, não é verdade, Marta? Quem dera que todos os meninos tivessem, pelo menos, isso. Obrigada, Amiga e saúde para todos. Beijinhos
EliminarEmilia
Quantos frustrados desejos...
ResponderEliminarSina de um pobre menino
É assim; e em desatino
Sem recursos a sobejos,
Namora, faz os cortejos
Aos balõezinhos e nada
Compra. Mais frustrada
A sua vida sem sorte,
O enleva e o faz mais forte
Para seguir na jornada.
Lembro de minhas frustrações. Foram têmperas ao meu comportamento. Segundo Pessoa, "ninguém se perde na vida, tudo é verdade e caminho." Abraço cordial e fraterno. Laerte.
Sempre um belo poema a abrilhantar as publicações dos amigos, Laerte. Muito obrigada por essa simpatia. Todos temos frustrações na vida e também eu, em criança , tive muitas; elas fizeram-me crescer, porque, felizmente ,foram só de cariz financeiro e não de falta de carinho . A vida era muito dificil e o supérfluo tinha que ser evitado, mas muitas crianças sofreram outro tipo de carências e continuam ainda hoje com muitos problemas de todo o tipo, guerras, fome violência muitas vezes causada pelos próprios pais. Era bom que fosse só um balão colorido a faltar na vida de tantas crianças, mas, infelizmente não é. Mais uma vez, Amigo, muito obrigada pelo carinho. Desejo saúde a ti e aos teus e deixo-te um abraço carregadinho de amizade
EliminarEmilia
O mundo das crianças é diferente do dos adultos.
ResponderEliminarE por vezes não compreendemos essa diferença.
Magnífico texto, obrigado pela partilha.
Boa semana, amiga Emília.
Um beijo.
Manuel Bandeira, com um texto cheio de sensibilidade e amor. E parece que estamos a ver tudo o que ele escreveu, tal é a excelência da narrativa. E tantos meninos sem terem o pão, a fruta, o peixe, a carne e até os balõezinhos coloridos...
ResponderEliminarUma boa semana, minha Amiga Emília.
Muita saúde.
Um beijo.
Sabes, Emília? Adoro Manuel Bandeira e a sua Poesia. Já o tenho referido algumas vezes no Xaile de Seda a propósito de um poema que influenciou a literatura dos 'Claridosos', em que se propunha um certo evasionismo, segundo alguns.
ResponderEliminarNeste poema encontra-se a sua alma terna e lê o coração das Crianças em toda a sua dimensão. Um balãozinho colorido pode ser tudo do que a criança precisa para ser feliz. Por vezes, não é preciso este mundo e o outro para os vermos satisfeitos. Elas vêm a simplicidade das coisas. Nós é que complicamos tudo.
Beijoquinhas à tua pequenina e que já esteja boazinha.
Beijinhos
Olinda
Sim, Olinda, lembro dos " Claridosos " tratados no -Xaile de Seda e foi nessa altura que fiquei a conhecer este movimento literário. Gosto também de Manuel Bandeira, embora conheça muito pouco da sua obra. Com a ajuda do Começar de novo vou atenuando a minha ignorância,; ele tem contribuido para que eu aprenda muita coisa. Creio que hoje em dia exageramos um pouco nas coisas que damos às nossas crianças e são muitas as vezes em que elas deixam os .lindos brinquedos e vão brincar com as tampas das panelas se estiverem ao seu alcance. São simples, os nossos meninos, e coisinhas pequenas fazem os seus olhinhos brilharem de contentamento. Como bem dizes " nós é que complicamos tudo e queremos dar- lhes este mundo e o outro "
EliminarObrigada, Olinda pelo carinho e quanto à sapeca, por enquanto está bem, mas...não me espanta que daqui a uma semana volte a ficar em casa. Nestas idades aparecem sempre umas coisinhas pequenas que as impedem de ir à escola. Espero que por aí também estejam todos de saúde. Beijinhos
Emilia
Amiga querida, foi o mês todo em homenagem às crianças, e foi lindo!
ResponderEliminarDói ver uma criança pobre, com olhar de fome, olhar de criança sofrida.
Há uma foto muito conhecida que mostra esse olhar, e lembrei-me lendo esse belo poema que escolheste.
E isso sempre existirá, pois as coisas custam a mudar, e muitas, jamais mudarão. Talvez para uma outra civilização...Quando não houver tanta desigualdade terrível como existe, quando houver mais solidariedade e menos ambição pelo poder, talvez eu acredite...
Aplausos daqui, querida amiga!
Um beijinho
Foi o melhor que consegui fazer, Taís, mas todos os dias e meses devem ter sempre como preocupação as crianças, pois são o futuro; são responsáveis pela qualidade dos próximos dias, meses e anos. Esquecemo-nos disso e depois reclamamos que o mundo está num autêntico fracasso. Somos nós, adultos, os culpados porque não tratamos as crianças com o carinho e respeito que lhes é devido. Também acho que tudo continuará igual, Amiga, porque a criança nasce sem maldade, mas depois, com a convivência com os adultos, acaba por se tornar corrupta, ansiosa pelo poder e dinheito, sem ética e respeito pelos outros. A melhor forma de educar é pelo exemplo e se a criança não o tiver, não poderá tornar-se num cidadã sensato e consciente. 9brigada, Taís, por teres colaborado nesta minha homenagem às crianças e desejo que a vida vos abençoe a todos com saúde e espirito de criança, sempre com simplicidade, leveza e alegria. Beijinhos
EliminarEmilia
Querida Emília, uma profunda homenagem às crianças, quer através do brilhante poema de Manuel Bandeira, quer das suas sentidas palavras. Infelizmente tem toda a razão, sinto que a desigualdade social, cada vez é maior e dói a alma ver tanta miséria e pobreza, uns têm demais e outros têm apenas uma mão cheia de nada.
ResponderEliminarBeijinhos
Uma belíssima publicação sobre o tema... que também me remeteu para o adiamento uma vez mais da restituição da Feira Popular, ao povo de Lisboa... Enfim!... Faz-se tudo pelo turismo... e muito pouco, pelos residentes em casa própria...
ResponderEliminarEstou a ser muito concisa nos comentários, Emília... pois o Blogger está numa fase de fazer desaparecer comentários. Muitos bloggers já se andavam a queixar do mesmo... e ontem durante a tarde, foi a minha vez de experienciar tal... Assim... o Blogger, com estas novas dificuldades, não arranja muitos amigos!... :-)
Um beijinho grande, estimando que se encontre de saúde!
Ana
Muito obrigada Ana. Não andas nada concisa, eu sim, ando muito ausente. Tenho cá o meu irmão há mais de um mês ( vive no Brasil ) e sobra-me pouco tempo para o blog. Já regressa no próximo Sábado. Em Agosto iremos lá nós; desde que faleceram os meus pais há quatro anos que não vamos ao Brasil e por isso estamos a pensar ir este ano. Agradeço - te o carinho e espero que estejam bem, apesar do calor abrasador e dos incendios por todo o lado Beijinhos
EliminarEmilia
Jaime, Graça e Maria, encontrei-vos no spam e por isso só hoje pude dar-vos a explicação para a minha falta de resposta. Este blogger está a dar cabo da nossa paciência, mas agora já vou, todos os dias, ver se tenho comentários por lá. Desculpem! Obrigada! Beijinhos e saúde para todos
ResponderEliminarEmilia