terça-feira, 9 de dezembro de 2014

NATAL




 "Deixa eu ver se o espírito do Natal já está na sua casa. Não, não quero ver a árvore iluminada na sala, nem quero saber quanto você já gastou em presentes. Quero, sim, sentir no ambiente a mensagem viva do aniversariante deste dezembro mágico: toda a família está unida? O perdão já eliminou aquelas desavenças que ocorrem no calor das nossas vidas?
"Não quero ver a sua despensa cheia, quero saber se você conseguiu doar alguma coisa do que lhe sobra, para quem tem tão pouco, às vezes nada.
 "Não exiba os presentes que você já comprou, mesmo com sacrifício; quero ver aí dentro de você a preocupação com aqueles que esperam tão pouco, uma visita, um telefonema, uma carta, um e-mail... "Quero ver o espírito do Natal entre pais que descobrem tempo para os filhos, em amigos que se reencontram e podem parar para conversar, no respeito do celular desligado no teatro, na gentileza de quem oferece o banco para o mais idoso, na paciência com os doentes, na mão que apóia o deficiente visual na travessia das ruas, no ombro amigo que se oferece para quem anda meio triste, perdido.
 "Quero ver o espírito de Natal invadindo as ruas, respeitando os animais, a natureza que implora por cuidados tão simples, como não jogar o papel no chão, nem o lixo nos rios.
 Não quero ver o Natal nas vitrines enfeitadas, no convite ao consumo, mas no enfeite que a bondade faz no rosto das pessoas generosas.
Por fim, mostre-me que o espírito do Natal entrou definitivamente na sua vida, através do abraço fraterno, da oração sentida, do prazer de andar sem drogas e sem bebidas, do riso franco, do desejo sincero de ser feliz e, de tão feliz, não resistir ao desejo de fazer outras pessoas também felizes. "Deixe o Natal invadir a sua alma, entre os perfumes da cozinha que vai se encher de comidas deliciosas, no cheiro da roupa nova que todos vão exibir, abrace-se à sua família e façam alguns minutos de silêncio, que será como uma oração do coração, que vai subir aos céus, e retornar com um presente eterno, duradouro: o suave perfume de Jesus, perfume de paz, amor, harmonia e a eterna esperança de que um dia todos os dias serão como os dias de Natal.

 Feliz Natal para você e para os seus!"


Autor desconhecido

Andamos todos já muito preocupados com a Festa de Natal, com a ceia e com os presentes; não há nenhum mal nisso, mas é preciso também que não esqueçamos o aniversariante e que repartamos com os outros a nossa alegria, a fartura da nossa mesa e o calor do nosso abraço

E aos votos do autor eu junto os meus desejos de que sejam muito felizes e que nas vossas casa já se sinta o verdadeiro espírito do Natal. Muito obrigada pela boa companhia que me têm feito e a todos deixo a minha sincera amizade, o presente mais valioso que tenho para oferecer.

FELIZ NATAL

Emília

terça-feira, 25 de novembro de 2014

POVOS SEM SORTE




As pessoas podem sentir pena de um homem que está a passar por tempos difíceis, mas quando um país inteiro é pobre, o resto do mundo assume que todos os seus cidadãos são desmiolados, preguiçosos, sujos, tolos e desajeitados. Em vez de pena, provocam o riso.
 É tudo uma anedota: a sua cultura, os seus costumes, as suas práticas. Com o tempo o resto do mundo pode, parte dele, começar a ficar envergonhado por ter pensado dessa maneira, e quando olham em volta e vêem os imigrantes desse pobre país a esfregar o chão e a fazerem os trabalhos pior pagos, eles naturalmente preocupam-se sobre o que poderia acontecer se um dia estes trabalhadores se insurgissem contra eles
. Assim, para manter as aparências agradáveis, começam a interessar-se pela cultura dos imigrantes e às vezes até fingem que pensam neles como se fossem seus iguais.

 Orhan Pamuk


 Portugal é um país pequeno, pobre, um país de emigrantes aos quais  não conseguiu e ainda não consegue dar as condições necessárias para que vivam bem. Claro que fomos e somos "pisados" por aqueles que se acham superiores a nós, mas, será que nós portugueses não pisamos na nossa bandeira? Cada vez mais o nosso país é desrespeitado pelos seus filhos e, principalmente por aqueles que mais dele recebem e que, por isso deveriam dar o exemplo

Emília





 Pamuk é uma figura de proa na Turquia na defesa dos direitos políticos dos curdos, tendo sido processado em 1995 juntamente com outros escritores por publicarem uma série de ensaios muito críticos em relação ao tratamento dado aos curdos pela Turquia. Em 2005 Pamuk foi acusado de "insultar e desacreditar a identidade turca" numa entrevista concedida a Das Magazin, um suplemento semanal de vários jornais diários suíços. Na entrevista, o escritor afirmava que "ninguém se atreve a falar" do genocídio contra o povo arménio levado a cabo pela Turquia durante a Primeira Guerra Mundial e da posterior matança de 30 mil curdos. O caso foi levado à justiça turca, e Pamuk teve mesmo que prestar declarações em tribunal. Este caso suscitou grande polémica internacional e o romancista tornou-se conhecido um pouco por todo o mundo. Pamuk nasceu em Istambul em 1952 e cresceu em uma abastada família burguesa em declínio, uma experiência que ele descreve na passagem de romances seus como O Livro Negro e O Senhor Cevdet e Seus Filhos, bem como mais profundamente no seu Istambul: Memórias e a Cidade. Teve uma educação no Robert College da Turquia e passou a estudar arquitetura na Universidade Técnica de Istambul. Abandonando a escola de arquitetura três anos depois, tornou-se escritor em tempo integral e, em 1976, graduou-se noIntituto de Jornalismo da Universidade de Istambul. Dos 22 a 30 anos, Pamuk conviveu com sua mãe, escreveu seu primeiro romance e tentou encontrar uma editora para a publicação.

Emília Pinto

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

HOMENAGEM....




.....A MANOEL DE BARROS que morreu hoje aos 97 anos de idade


 Manoel de Barros, um dos mais aclamados poetas contemporâneos brasileiros. Nascido em Cuiabá em 1916, Manoel de Barros estreou em 1937 com o livro “Poemas Concebidos sem Pecado”. Sua obra mais conhecida é o “Livro sobre Nada”, publicado em 1996. Cronologicamente vinculado à Geração de 45, mas formalmente ao Modernismo brasileiro
, Manoel de Barros criou um universo próprio — subvertendo a sintaxe e criando construções que não respeitam as normas da língua padrão —, marcado, sobretudo, por neologismos e sinestesias, sendo, inclusive, comparado a Guimarães Rosa.

 O poeta foi agraciado com o “Prêmio Orlando Dantas” em 1960, conferido pela Academia Brasileira de Letras ao livro “Compêndio para uso dos pássaros”. Em 1969 recebeu o Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal pela obra “Gramática expositiva do chão” e, em 1997, o "Livro sobre nada” recebeu o Prêmio Nestlé, de âmbito nacional. Em 1998, recebeu o Prêmio Cecília Meireles (literatura/poesia), concedido pelo Ministério da Cultura



. O apanhador de desperdícios

Uso a palavra para compor meus silêncios
Não gosto das palavras fatigadas de informar.
Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis
Tenho em mim um atraso de nascença
.Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos
.Tenho abundância de ser feliz por isso.
 Meu quintal é maior do que o mundo.
 Sou um apanhador de desperdícios:
 Amo os restos como as boas moscas
.Queria que a minha voz tivesse um formato de canto
.Porque eu não sou da informática: eu sou da invencionática
.Só uso a palavra para compor meus silêncios.

Manoel de Barros

Difícil escolher um poema para homenagear Manoel de Barros, pois são todos muito bons, mas...decidi-me por este. Espero que gostem!

Emília Pinto

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

ESTA GENTE









O que é preciso é gente
 gente com dente
 gente que tenha dente
 que mostre o dente

 Gente que não seja decente
 nem docente nem docemente
 nem delicodocemente

 Gente com mente
 com sã mente
 que sinta que não mente
 que sinta o dente são e a mente

 Gente que enterre o dente
 que fira de unha e dente
 e mostre o dente potente ao prepotente

 O que é preciso é gente
 que atire fora com essa gente
 Essa gente dominada por essa gente
 não sente como a gente não quer ser dominada por gente

 NENHUMA!

 A gente só é dominada por essa gente
 quando não sabe que é gente

 Ana Hatherly, in "Um Calculador de Improbabilidades


Libertemo-nos dos rótulos e tentemos  " ser gente. gente com mente, gente com sã mente. ", tentemos ser aquela pessoa que tem consciência do seu valor, da sua essência, independentemente daquilo que os outros pensam .
Emília



 Ana Hatherly -  Ensaísta, ficcionista, poetisa, artista plástica e professora universitária portuguesa; nascida em 1929, no Porto. Licenciou-se em Filologia Germânica pela Universidade Clássica de Lisboa e doutorou-se em Estudos Hispânicos do Século de Oiro, pela Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA). Foi professora catedrática na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde criou o Instituto de Estudos Portugueses, em 1994, do qual é presidente. Para além das funções de docente, desempenhou ainda outras. Entre 1980 e 1981, foi diretora-adjunta da revista literária Loreto 13 da Associação Portuguesa de Escritores e da qual é igualmente membro. Entre 1987 e 1990, integrou a Comissão Editorial e o Conselho de Redação da Revista da Faculdade de Ciências Humanas. Entre 1988 e 1991, fundou e dirigiu a revista Claro-Escuro, que se dedica a estudos barrocos. Em 1991, fundou a revista Incidências do Instituto de Estudos Portugueses. Entre 1991 e 1993, foi presidente da Comissão para a Tradução e os Direitos Linguísticos do PEN Club Internacional, clube do qual foi também presidente, entre 1992 e 1994. Membro de várias associações nacionais e internacionais, entre 1971 e 1974, trabalhou também no London Film School, realizando quatro pequenos filmes, como Revolução (1976). Quanto à sua carreira literária, iniciou-a com a publicação do livro de poesia Ritmo Perdido (1958). Nas décadas de 60 e 70, foi elemento ativo do Movimento da Poesia Experimental (conhecido por Po-Ex) que procurava realizar exposições de artistas vanguardistas e divulgar a poesia visual e concreta, em Portugal e no estrangeiro. É precisamente na categoria de vanguardista que Ana Hatherly é integrada. Revelando uma pluralidade inventiva, procura conciliar a literatura, sobretudo a sua poesia, de pendor barroco, com as artes visuais (desenho, colagem, pintura). No que concerne aos seus trabalhos artísticos, realizou diversas exposições individuais e coletivas, tanto a nível nacional como internacional, salientando-se a Bienal de Veneza, a Bienal de S. Paulo, o Museu do Chiado, a Fundação Calouste Gulbenkian ou a Fundação da Casa de Serralves, podendo encontrar-se cerca de 200 trabalhos da artista, produzidos entre 1960 e 2002, na obra A Mão Inteligente (2002). Relativamente à sua produção escrita, estão publicados diversos títulos de poesia, ficção, ensaios e artigos para revistas e congressos, estando também parte do seu trabalho representado em várias antologias. Destacam-se algumas obras, como As Aparências (1959), Nove Incursões (1962), O Espaço Crítico: Do Simbolismo à Vanguarda (1979), PO.EX: Poesia Experimental Portuguesa (1981), Poemas em Língua de Preto dos Séculos XVII e XVIII (1990), A Casa das Musas: Uma Releitura Crítica da Tradição (1995), 351 Tisanas (1997), A Idade da Escrita (1998), Um Calculador de Improbabilidades (2001), Itinerários (2003), Poesia Incurável: Aspetos da Sensibilidade Barroca (2003). Para além disto, é também autora de traduções de obras inglesas, francesas, italianas e espanholas e de estudos sobre o Barroco em Portugal. Ana Hatherly foi distinguida com vários prémios: Medalha de Mérito Linguístico e Filológico Oskar Nobiling (1978) da Sociedade Brasileira de Língua e Literatura do Rio de Janeiro; Prémio de Ensaio (2000) da Associação Portuguesa de Escritores, pelo seu livro O Ladrão Cristalino (1997); Prémio de Poesia (2001) do PEN Club, pela sua obra Rilkeana (1999); Prémio Évelyne Encelot (2003), que distingue mulheres europeias, pelas suas obras nas áreas das artes ou das ciências; Prémio da Crítica 2003 (2005) da Associação Portuguesa dos Críticos Literárias, pela sua obra O Pavão Negro (2003).

 in _ infopédia

Emília Pinto

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

EDUARDO GALEANO - FANTÁSTICO!




 Eduardo Galeano nasceu em Montevidéu, Uruguai, em 3 de setembro de 1940. Em sua cidade natal, foi chefe de redação do semanário Marcha e diretor do jornal Época. Fundou e dirigiu a revista Crisis, em Buenos Aires. A partir de 1973, esteve exilado na Argentina e na Espanha; no início de 1985, voltou ao Uruguai, residindo desde então em Montevidéu. É autor de vários livros, traduzidos em mais de vinte países, e de uma vasta obra jornalística. Recebeu o prêmio Casa de Las Américas em 1975 e 1978, e o prêmio Aloa, promovido pelas casas editoras dinamarquesas, em 1993. A trilogia Memória do fogo foi premiada pelo Ministério da Cultura do Uruguai e recebeu o American Book Award (Washington University, EUA) em 1989. Em 1999, Galeano foi o primeiro autor homenageado com o prêmio à Liberdade Cultural, da Lannan Foundation (Novo México). É autor de De pernas pro ar, Dias e noites de amor e de guerra, Futebol ao sol e à sombra, O livro dos abraços, Memória do fogo (que engloba Os nascimentos, As caras e as máscaras e O século do vento), Mulheres, As palavras andantes, Vagamundo, As veias abertas da América Latina e Os filhos dos dias


in  L&PM Editores

Não podia deixar de partilhar convosco esta entrevista que me deixou fascinada.
Já tinha ouvido falar deste Senhor, mas não conhecia as suas idéias. Pena que os poderosos deste nosso mundo não o ouçam. Seria tudo tão diferente!!!!

Emília

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

DESTINO





“O destino, assim como tudo o que é humano não se manifesta em abstracto, encarna-se numa qualquer circunstância, num pequeno lugar, numa cara amiga ou num nascimento paupérrimo nos confins de um império. Nem o amor, nem os encontros verdadeiros, nem sequer os profundos desencontros são obra das casualidades, estão-nos, sim, misteriosamente reservados.
 Quantas vezes, na vida, me surpreendi por nos cruzarmos, entre as multidões de pessoas que existem no mundo com aquelas que, de alguma maneira possuíam as tábuas do nosso destino, como se tivéssemos pertencido à mesma organização secreta, ou aos capítulos de um mesmo livro! Nunca soube se os reconhecemos porque já os procurávamos, ou se os procuramos porque estão perto dos confins do nosso destino. O destino mostra-se em signos e indícios que parecem insignificantes, mas que reconhecemos depois como decisivos. Assim, muitas vezes, parece-nos que andamos perdidos na vida, quando, na realidade, caminhamos sempre com um rumo bem definido, por vezes determinado pela nossa vontade mais visível, outras, talvez mais decisivas para a nossa existência, por uma vontade ainda desconhecida até para nós próprios, mas não obstante poderosa e incontrolável que nos vai fazendo caminhar para os lugares onde devemos encontrar-nos com seres ou coisas que, de um modo ou de outro, são, ou foram, ou virão a ser, primordiais para o nosso destino, favorecendo ou contrariando os nossos desejos aparentes, ajudando ou criando obstáculos às nossas ansiedades e, por vezes, o que parece ainda mais assombroso, demonstrando amplamente que estamos mais despertos do que a nossa vontade consciente.”

 Ernesto Sabato

 in Bem- Estar-Junto - Teresa Ferreira 


  Nascemos já com o nosso caminho traçado? Será? Não sei mesmo dizer se acredito no destino ou não. O que sei é que a morte é a única certeza que trazemos ao nascer. Quanto aos outros factos da vida prefiro acreditar que podemos sempre mudar o rumo da nossa caminhada 
O que pensam os meus amigos sobre este assunto?


Quem foi Ernesto Sabato?

Sabato foi vencedor do Prêmio Cervantes de Literatura (1984) e um dos maiores autores argentinos do século XX1 . ] Nasceu na província de Buenos Aires, filho de Francisco Sabato e Juana María Ferrari, foi o décimo de onze filhos. Em 1924 saiu da Escola primária de Rojas. Realizou seus estudos secundários no Colegio Nacional de La Plata, que concluiu em 1928. No ano de 1929 entrou na Faculdade de Ciências Físico-Matemáticas da Universidade Nacional de La Plata. Foi um militante ativo do movimento de reforma universitária, fundando o Grupo Insurrexit em 1933, de tendência comunista. Ainda no ano de 1933, foi eleito Secretário Geral da Juventude Comunista. Em um curso conheceu Matilde Kusminsky Richter, uma estudante de 17 anos que abandonou a casa de seus pais para viver com ele. Em 1934 viajou a Bruxelas como delegado do Partido Comunista ao Congresso contra o Fascismo e a Guerra. Devido aos inconvenientes reinantes em Moscou, abandonou o Congresso e fugiu para Paris. Regressou a Buenos Aires em 1936 e se casou com Matilde. Em 1938 obteve um Doutorado em Física na Universidade Nacional de La Plata. Graças a Bernardo Houssay, lhe foi concedida uma bolsa anual para realizar trabalhos de investigação sobre radiação atômica no Laboratório Curie em Paris. Nasce seu primeiro filho, Jorge Federico. Em 1939 foi transferido para o Massachusetts Institute of Technology (MIT), deixando Paris antes do estouro da Segunda Guerra Mundial. Voltou à Argentina em 1940 para ser professor da Universidade de Buenos Aires. Em 1943, devido a uma crise existencial, decide afastar-se definitivamente da área científica, para se dedicar completamente à literatura e a pintura

 In Wikipédia.


Emília Pinto

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

ESPIRITUALIDADE




“Acho que grande parte dos nossos problemas vem da falta de espiritualidade. Não estou a falar de misticismo, nem de valores religiosos. Falo de coisas simples como a generosidade, entreajuda, idealismo no trabalho, de sabermos como o que fazemos pode ser útil aos outros.”

 Benjamin Spock


 Qualquer que seja a nossa definição de espiritualidade, há um ponto comum que nos remete para uma dimensão maior do que o nosso ser físico e do que as nossas necessidades materiais. Espiritualidade é este olhar mais amplo que nos eleva para lá de tudo o que está dividido, revelando-nos a totalidade do que somos. “Uma atitude de confiança na profundidade do homem, aquilo que no homem supera o homem; aquilo que no homem se mantém aberto a um além do homem.” Somos, como nos diz André Compte-Sponville, seres finitos abertos sobre o infinito; seres efémeros abertos sobre a eternidade; seres relativos abertos sobre o absoluto. Espiritualidade é esta abertura ao que nos transcende, este olhar que nos faz ver uma dimensão maior, uma união mais completa com o nosso verdadeiro ser, com os outros e com toda a criação. Um “sentimento oceânico” de fusão num mesmo todo que nos transporta para experiências de mistério e evidência, plenitude, simplicidade, unidade, silêncio, eternidade, serenidade, aceitação e liberdade

 In Bem- Estar-Junto - Teresa Ferreira

 Quem foram?

 Benjamin McLane Spock (New Haven, 2 de maio de 1903 — La Jolla, 15 de março de 1998) foi um médico pediatra estadunidense. Escreveu um dos maiores bestsellers de todos os tempos The Common Sense Book of Baby and Child Care, que teve sua primeira publicação no dia 14 de julho de 1946. Este livro foi traduzido para cerca de 40 idiomas. No ano de 1998 já tinha vendido mais de 50 milhões de cópias. Suas idéias sobre educação de filhos influenciaram tremendamente pais e mães nas décadas seguintes. Ele estudou psicanálise para tentar entender as necessidades das crianças e os relacionamentos familiares. Os pais tornaram-se mais tolerantes e permissivos com seus filhos, mas é verdade que também tornaram-se mais afetuosos. Muitos educadores e psicopedagogos responsabilizaram Benjamin Spock pelos resultados negativos desta permissividade. Ele chegou a ser chamado de "pai da permissividade", sugerindo-se que seus conceitos afetaram diretamente a atitude dos jovens na década de 1960. Contudo o próprio Spock, em sua biografia, alega que nunca defendeu a permissividade, o que mostra que muitos, em realidade, não compreenderam o que ele tinha escrito. Em seu livro Rebuilding American Family Values: A Better World for Our Children, publicado em 1994, ele argumenta e questiona as muitas acusações que lhe fizeram. E ao contrário do que tem se espalhado pela internet, seu filho não se suicidou. Seus filhos, Michael e John, ainda são vivos.
 No entanto, seu neto Peter, no dia 25 de dezembro de 1983, pulou do telhado de um museu em Boston. Ele sofria de esquizofrenia

 André Comte-Sponville (Paris, 12 de março de 1952) é um filósofo materialista francês. Ex-aluno da École normale supérieure da rue d'Ulm, foi amigo de Louis Althusser. Por muito tempo foi maître de conférences da Universidade de Paris I: Panthéon Sorbonne, da qual se demitiu em 1998 para dedicar-se completamente a escrever e proferir conferrências fora do circuito universitário. Desde 2008 é membro do Comité consultatif national d'éthique (Comitê Consultivo Nacional de Ética) do seu país. Comte-Sponville utiliza o referencial de Jean Paul Sartre, que já havia dito que "todos somos responsáveis por todos" e de Dostoievsky, "somos todos responsáveis por tudo, diante de todos". Em sua obra O capitalismo é moral?, que é a transcrição de uma conferência, tenta demonstrar a amoralidade do capitalismo, já que como técnica, a economia é exterior a toda preocupação moral

in wikipédia

 Têm toda a razão, não acham, amigos?

Emília Pinto.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

UMA VIDA FELIZ







Uma condição de exaltado prazer somente se mantém por momentos ou, em alguns casos, e com algumas interrupções, por horas ou dias.
 Ela é o brilhante clarão ocasional da alegria, e não a sua chama firme e constante.
 Disso sempre estiveram tão cientes os filósofos que ensinaram ser a felicidade a finalidade da vida como aqueles que a eles se opuseram.
 A felicidade que concebiam não era a do arrebatamento, mas de momentos assim em meio a uma existência constituída de poucas e transitórias dores, muitos e variados prazeres, com um predomínio decidido do componente activo sobre o passivo, e tendo como fundamento do todo não esperar da vida mais do que ela é capaz de oferecer
. Uma vida assim constituída, para aqueles que tiveram a boa fortuna de obtê-la, sempre pareceu merecedora da designação de feliz.
 E uma existência assim é, mesmo hoje em dia, o destino de muitos durante uma parte considerável de suas vidas.

 A educação falida e os arranjos sociais falidos são os únicos obstáculos reais que impedem que isso esteja ao alcance de quase todos.

 John Stuart Mill, in 'Utilitaris


Biografia:

  John Stuart Mill nasceu na casa de seu pai em Pentonville, Londres, sendo o primeiro filho do filósofo escocês radicado na Inglaterra James Mill. Mill foi educado pelo pai, com a assistência de Jeremy Bentham e Francis Place. Foi-lhe dada uma educação muito rigorosa e ele foi deliberadamente escudado de rapazes da mesma idade. O seu pai, um seguidor de Bentham e um aderente ao associativismo, tinha como objetivo explícito criar um gênio intelectual que iria assegurar a causa do utilitarismo e a sua implementação após a morte dele e de Bentham. James Mill concordava com a visão de John Locke a respeito da mente humana como uma folha em branco para o registro das experiências e por isso prometeu estabelecer quais experiências preencheriam a mente de seu filho empreendendo um rigoroso programa de aulas particulares. Seus feitos em criança eram excepcionais; com a idade de três anos foi-lhe ensinado o alfabeto grego e longas listas de palavras gregas com os seus equivalentes em inglês. Com a idade de oito anos tinha lido as fábulas de Esopo, a Anabasis de Xenofonte, toda a obra de Heródoto, e tinha conhecimento de Lúcio, Diógenes Laërtius, Isócrates e seis diálogos de Platão (ver a sua autobiografia). Também tinha lido muito sobre a história de Inglaterra. Um registro contemporâneo dos estudos de Mill desde os oito aos treze anos foi publicado por Bain, que sugere que a autobiografia está longe de exagerar o volume de trabalhos! Com a idade de oito começou com o latim, Euclides e álgebra e foi nomeado tutor dos membros mais jovens da família. As suas principais leituras eram ainda em história, mas ele leu também os autores em Latim e Grego lidos normalmente nas escolas e universidades do seu tempo. Com dezoito anos, descreveu a si mesmo como uma "máquina lógica" e, aos 21, sofreu uma depressão profunda. Ele levou muitos anos para recuperar a auto-estima. A obra de seu pai "História da Índia" foi publicada em 1818, após o qual, com a idade de doze, John iniciou um estudo intenso de lógica, lendo os tratados de lógica de Aristóteles no original. Nos anos seguintes foi introduzido na economia política e estudou Adam Smith e David Ricardo com seu pai - tendo acabado por completar a teoria econômica dos fatores de produção destes. Mill trabalhou na Companhia Inglesa das Índias Orientais, lidando com a correspondência rotineira referente à atuação do governo inglês na Índia. Aos 25 anos, apaixonou-se por Harriet Taylor, uma mulher linda e inteligente, porém casada, que veio exercer grande influência no trabalho de Mill. Cerca de vinte anos depois, quando seu marido faleceu, Harriet Taylor se casou com John Stuart Mill. Ele se referia a ela como "dádiva-mor da minha existência" e ficou inconsolável quando ela morreu sete anos depois. Mill ficou horrorizado com o fato de as mulheres serem privadas dos direitos financeiros ou das propriedades e comparou a saga feminina à de outros grupos de desprovidos. Condenava a ideia da submissão sexual da esposa ao desejo do marido, contra a própria vontade, e a proibição do divórcio com base na incompatibilidade de gênios. Sua concepção de casamento era baseada na parceria entre pessoas com os mesmos direitos, e não na relação mestre-escravo. Devido aos seus trabalhos abordando diversos tópicos, John Stuart Mill tornou-se contribuinte influente no que logo se transformou formalmente na nova ciência da psicologia. Ele combatia a visão mecanicista de seu pai, James Mill, ou seja, a visão da mente passiva que reage mediante o estímulo externo. Para John Stuart Mill, a mente exercia um papel ativo na associação de ideias.

In Wikipédia

Se não esperassemos da vida mais do que ela é capaz de oferecer, com certeza encontraríamos a tão ansiada felicidade

Amigos, não conhecia John Mill, mas gostei muito das ideias dele, principalmente no que se refere à mulher . Resolvi, por isso partilhar. Espero que gostem

Emília Pinto



terça-feira, 16 de setembro de 2014

ENCONTROS E.....





 Mande notícias do mundo de lá
 Diz quem fica Me dê um abraço, venha me apertar
 Tô chegando
 Coisa que gosto é poder partir
 Sem ter planos
 Melhor ainda é poder voltar
 Quando quero
 Todos os dias é um vai-e-vem
 A vida se repete na estação
 Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
 E assim, chegar e partir

São só dois lados
 Da mesma viagem
 O trem que chega
 É o mesmo trem da partida
 A hora do encontro
 É também de despedida
 A plataforma dessa estação
 É a vida desse meu lugar
 É a vida desse meu lugar
 É a vida


E assim é a vida neste nosso lugar: um vai e vem...um ir e voltar ou um ir e não mais voltar. Também é rir e chorar...encontrar...despedir...abraçar...

O que não devemos é pensar que viemos " só olhar " 


Espero que gostem!

Emília Pinto


segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O HERÓI SILENCIOSO




Tive conhecimento deste caso através do programa 60 minutos.
 Nunca tinha ouvido falar deste SENHOR cuja humanidade me deixou sem palavras. Resolvi partilhar convosco este video, porque nunca é demais falar destes heróis aos quais, infelizmente, pouca importância se dá

 E aqui, também eu deixo o meu MUITO OBRIGADA, SR. NICHOLAS!


 Emília Pinto

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

CÂNTICO DA TERRA




Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, (Cidade de Goiás, 20 de agosto de 1889 - Goiânia, 10 de abril de 1985) foi uma poetisa e contista brasileira.
 Considerada uma das principais escritoras brasileiras, ela teve seu primeiro livro publicado em junho de 1965 (Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais),1 quando já tinha quase 76 anos de idade. Mulher simples, doceira de profissão, tendo vivido longe dos grandes centros urbanos, alheia a modismos literários, produziu uma obra poética rica em motivos do quotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás.


O Verão é a estação do ano que mais nos agrada, não só pelo calor e pelo sol, mas também por ser  época de descanso e de encontros  tanto de familiares quanto de amigos. É com grande tristeza, porém que constatamos que também é  a época em que o ser humano menos respeita a natureza, poluindo rios e mares e queimando sem piedade todo o verde que encontra pela frente. Amigos, o Verão ainda continua, o calor e o sol estão aí para que os desfrutemos. Aproveitemos essa dádiva da vida respeitando a mãe natureza como ela merece. A Terra é a razão da nossa vida.

Beijinhos

Emília Pinto



segunda-feira, 14 de julho de 2014

RAÍNHA GINGA



Rainha Ginja (Nzinga Mbandi Ngola) Heroína africana e rainha de Ndongo (Angola) e de Matamba, conhecida por Ginga, nasceu provavelmente em 1581 e faleceu em 1663. Em 1578, iniciou-se a ocupação daqueles territórios africanos pelos Portugueses. O rei Ngola Kiluanji, pai de Nzinga, resistiu à ocupação do território africano pelos portugueses, que estavam fortemente interessados no comércio de escravos. Quando lhe sucedeu o filho Ngola Mbandi, este tentou impedir que a procura de escravos alcançasse as suas terras. Foi então que a sua irmã, Nzinga, o ajudou nas negociações com os Portugueses, que lhes retribuíram as terras em troca da sua conversão ao cristianismo. Por consequência, Nzinga adquiriu o nome de Ana de Sousa e, posteriormente, as suas duas irmãs, Gambi e Fungi, passaram a chamar-se Bárbara e Garcia, respectivamente.
 No entanto, os Portugueses não cumpriram o acordo celebrado, ao estabelecerem comércio com o jaga (chefe) de Cassanje. A adesão de alguns sobas (chefes) africanos, incluindo Ngola Mbandi, à política de comércio dos Portugueses, criou uma certa desordem no reino de Ndongo. Nessa altura, para preservar a paz, Nzinga mandou assassinar aqueles chefes, alcançando assim o comando do grupo de resistência à ocupação de Ndongo e Matamba. Em seguida, a rainha de Ndongo e Matamba renegou a fé católica e juntou-se aos guerreiros jagas, passando a exercer as suas acções militares a partir de quilombos.
 Com a ajuda de Nzinga, os Holandeses conseguiram ocupar Luanda, entre 1641 e 1648. A heroína conseguiu algumas vitórias e, em 1659, assinou um tratado de paz com Portugal, o que lhe permitiu reinar com uma certa paz até à data da sua morte, a 17 de Dezembro de 1663. A sua irmã Gambi sucedeu-lhe, procurando continuar o trabalho de reconstrução que a irmã iniciara, mas os Portugueses apoderaram-se da região, em 1671.
 Resistindo durante 40 anos à ocupação colonial e ao comércio de escravos no seu reino, Nzinga tornou-se um símbolo de luta contra a opressão, passando, por isso, a fazer parte do imaginário histórico e cultural de Angola. A heroína ficou conhecida na Europa, aquando da publicação de Zingha, Reine d'Angola (1769) de Jean-Louis Castilhon, e tem despertado o interesse de historiadores e antropólogos que tentam compreender aquele momento histórico e a política da rainha africana. De referir ainda que há muitas variantes do seu nome, como Ngola Nzinga, Nzinda Mbande Ngola Kiluaje, Ana Nzinga, entre outras. Contudo, é a partir do seu nome, Ngola (em língua quimbundo), que derivou o nome do país, Angola.


 In Plural Editores- Angola


Ontem tive conhecimento através do programa cine box que se estava a preparar um filme sobre esta raínha. Como desconhecia por completo a sua existência  resolvi pesquisar e partilhar convosco a sua bela história.
Espero que gostem. Espero também que me desculpem a ausência, mas estive uma semana ausente e, claro, o computador ficou a descansar. Logo que possa voltarei. Beijinhos e boas férias a todos.

Emília

terça-feira, 1 de julho de 2014

GRAMMY PORTUGUÊS





Aos 74 anos de idade, Carlos do Carmo chega assim ao ponto mais alto da sua carreira.
 Filho de Alfredo de Almeida, que veio a ser proprietário da casa de fados O Faia, situada no Bairro Alto, e de Lucília do Carmo, uma das mais distintas fadistas do século XX, de quem viria a adotar o apelido, Carlos do Carmo nasceu em Lisboa a 21 de dezembro de 1939 onde ainda hoje vive.
 A sua carreira teve início aos 9 anos de idade, quando gravou um primeiro disco, mas os registos oficiais dão 1964 como o tiro de partida para um percurso carregado de canções que ficaram na história da música portuguesa.
 São igualmente inúmeros os prémios e distinções que ao longo de uma carreira de mais de 50 anos distinguiram a sua arte de respeitar e, ao mesmo tempo, inovar o fado.
 Partindo do chamado fado tradicional, mas com uma bagagem musical onde podemos encontrar Frank Sinatra, Jacque Brel, Elis Regina ou José Afonso, Carlos do Carmo foi construindo um reportório de onde se destaca o álbum "Um Homem na Cidade" entre muitos outros espécimes da mais alta estirpe que gravou ao longo da sua carreira.
 De entre as sua canções mais populares destacam-se interpretações como "Os Putos", "Um Homem na Cidade", "Canoas do Tejo", "O Cacilheiro", "Lisboa Menina e Moça", "Estrela da Tarde", "Duas Lágrimas de Orvalho" muitos deles escritos com José Carlos Ary dos Santos, Fernando Tordo e Paulo de Carvalho
.Carlo do Carmo é o primeiro português a conquistar um grammy

In Expresso sapo


Parabéns Carlos do Carmo e OBRIGADA. 

Emília Pinto

quinta-feira, 19 de junho de 2014

CHICO BUARQUE - 70 anos!






Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
 Manhã parece, carece de esperar também
 Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém
 Pedro pedreiro fica assim pensando

 Assim pensando o tempo passa e a gente vai ficando prá trás
 Esperando, esperando, esperando Esperando o sol,
 esperando o trem Esperando aumento desde o ano passado para o mês que vem
 Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
 Manhã parece, carece de esperar também
 Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém
 Pedro pedreiro espera o carnaval
 E a sorte grande do bilhete pela federal
 todo mês Esperando, esperando, esperando, esperando o sol
 Esperando o trem, esperando aumento para o mês que vem
 Esperando a festa, esperando a sorte
 E a mulher de Pedro, esperando um filho prá esperar também
 Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
 Manhã parece, carece de esperar também
 Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém
 Pedro pedreiro tá esperando a morte
 Ou esperando o dia de voltar pro Norte
Pedro não sabe mas talvez no fundo Espere alguma coisa mais linda que o mundo
 Maior do que o mar, mas prá que sonhar se dá O desespero de esperar demais
 Pedro pedreiro quer voltar atrás Quer ser pedreiro pobre e nada mais, sem ficar
 Esperando, esperando, esperando
 Esperando o sol, esperando o trem Esperando aumento para o mês que vem Esperando um filho prá esperar também
 Esperando a festa, esperando a sorte Esperando a morte, esperando o Norte Esperando o dia de esperar ninguém
 Esperando enfim, nada mais além Da esperança aflita, bendita, infinita do apito de um trem
 Pedro pedreiro pedreiro esperando Pedro pedreiro pedreiro esperando Pedro pedreiro pedreiro esperando o trem
 Que já vem Que já vem Que já vem...



Um dos mais importantes nomes da música popular brasileira, Chico Buarque completa 70 anos nesta quinta (19). Quarto dos sete filhos do historiador e sociólogo Sérgio Buarque de Hollanda e da pianista amadora Maria Amélia Cesário Alvim, ele nasceu no Rio de Janeiro, em 19 de junho de 1944, e desde muito cedo demonstrou interesse pela música.

 O seu primeiro disco foi Pedro Pedreiro- gravado em 1965

 Emília Pinto

terça-feira, 10 de junho de 2014

OFERECER



 Quando você for para o trabalho, para a faculdade, para uma balada, não vá com uma postura de buscar algo, conseguir algo, sugar algo do local ou das pessoas. Vá para oferecer, vá para gentilmente entregar às pessoas as qualidades de sua simples presença. Ofereça qualquer coisa. Um olhar profundo já é muito hoje em dia. Vá para os lugares e apenas treine olhar tudo com um olhar de abismo. Muitas pessoas precisam só disso: serem olhadas, contempladas suave e lentamente, reconhecidas em subtil, tocadas de alguma forma e conectadas com um outro que as transcende e reacende o mistério que as faz viver. No momento em que se coloca em uma posição mendicante, você adentra um mundo de carência, sente-se incapaz de oferecer algo aos outros e termina com um olhar que suga e enfraquece a energia de qualquer um ao seu redor. Ao final do dia, você continuará insatisfeito e certamente terá construído relações patológicas com os seres, baseadas em sua carência. Por outro lado, se adotar uma postura expansiva e radicalmente aberta, oferecendo sua existência ao deleite dos outros, você age reconhecendo que não tem nada a perder. Não há medo nem hesitação em seu olhar. Sem esperar ou exigir nada dos outros, você age desimpedidamente, em uma dança subtil em meio às situações. Qualquer solidez ou bloqueio é atravessada por sua leveza e transparência. Qualquer obstrução é liberada pela presença da sua espontaneidade. Você apenas sorri e faz todos sorrirem, ou ainda: você cria o espaço para que todos possam sorrir. Seu olhar sequer vem de seus olhos. É não-local, surge em qualquer olho, surge do espaço entre os seres, dos rizomas que os transpassam. Você age sem estratégias e cria um raro ambiente no qual cada pessoa se sente livre para igualmente abandonar suas estratégias e apenas ser. Isso é um alívio para qualquer um. Quando nos apresentamos como mendigos, quando pedimos por algo, tudo nos é insuficiente, ralo, pouco. No fundo, estamos fechados e por isso acabamos não vendo o que há, sem perceber os tesouros de cada lugar, de cada ser, de cada evento. É o coração contraído que suplica, que pede, que suga. Quando vamos sem nada pedir, estamos abertos. Tudo nos arrebata. Tudo já é demais e nos enriquece imediatamente. A qualidade viva das coisas faz nossa visão transbordar de luminosidade. Ao final do dia, brotará em você uma alegria sem causas, não condicionada. Não há frustração ou insatisfação. Você apenas deu o seu melhor e sente-se em paz.
Não interessa se alguém notou, se recebeu elogios ou se você foi completamente ignorado. Você ofereceu toda a sua profundidade. Não há presente maior que um homem possa dar.


 By Gustavo Gitti     in BEM- ESTAR-JUNTOS



Oferecer a nossa profundidade é o melhor presente que podemos dar a alguém e....custa tão pouco...

Emília Pinto




terça-feira, 27 de maio de 2014

BUSCA




 Uma certa quantidade de gente à procura de gente
 à procura duma certa quantidade

 Soma: uma paisagem extremamente à procura
 o problema da luz (adrede ligado ao problema da vergonha) e o problema do quarto-atelier-avião

 Entretanto
 e justamente quando já não eram precisos
 apareceram os poetas à procura
 e a querer multiplicar tudo por dez
 má raça que eles têm ou muito inteligentes ou muito estúpidos
 pois uma e outra coisa eles são Jesus Aristóteles Platão
 abrem o mapa: dói aqui dói acolá

 E resulta que também estes andavam à procura duma certa quantidade de gente
 que saía à procura mas por outras bandas
 bandas que por seu turno também procuravam imenso
 um jeito certo de andar à procura deles
 visto todos buscarem quem andasse incautamente por ali a procurar
 Que susto se de repente alguém a sério encontrasse
 que certo se esse alguém fosse um adolescente
 como se é uma nuvem um atelier um astro

 Mário Cesariny, in "Pena Capital

O ser humano sempre na sua incessante busca....

Emília Pinto






segunda-feira, 19 de maio de 2014

A MAIOR FLOR DO MUNDO




Temos  muito a aprender com as crianças!

Emília Pinto

segunda-feira, 12 de maio de 2014

EM LOUVOR DAS CRIANÇAS




Se há na terra um reino que nos seja familiar e ao mesmo tempo estranho, fechado nos seus limites e simultaneamente sem fronteiras, esse reino é o da infância. A esse país inocente, donde se é expulso sempre demasiado cedo, apenas se regressa em momentos privilegiados — a tais regressos se chama, às vezes, poesia.
 Essa espécie de terra mítica é habitada por seres de uma tão grande formosura que os anjos tiveram neles o seu modelo e foi às crianças, como todos sabem pelos evangelhos, que foi prometido o Paraíso. A sedução das crianças provém, antes de mais, da sua proximidade com os animais a sua relação com o mundo não é a da utilidade, mas a do prazer. Elas não conhecem ainda os dois grandes inimigos da alma, que são, como disse Saint-Exupéry, o dinheiro e a vaidade. Estas frágeis criaturas, as únicas desde a origem destinadas à imortalidade, são também as mais vulneráveis — elas têm o peito aberto às maravilhas do mundo, mas estão sem defesa para a bestialidade humana que, apesar de tanta tecnologia de ponta, não diminui nem se extingue. O sofrimento de uma criança é de uma ordem tão monstruosa que, frequentemente, é usado como argumento para a negação da bondade divina. Não, não há salvação para quem faça sofrer uma criança, que isto se grave indelevelmente nos vossos espíritos. O simples facto de consentirmos que milhões e milhões de crianças padeçam fome, e reguem com as suas lágrimas a terra onde terão ainda de lutar um dia pela justiça e pela liberdade, prova bem que não somos filhos de Deus.


 Eugénio de Andrade, in 'Rosto Precário'


 As crianças vão ser os adultos de amanhã  e, graças ao meio onde estão inseridas, inevitavelmente  conhecerão os grandes " inimigos da alma, o dinheiro e a vaidade "


Emília Pinto

sexta-feira, 2 de maio de 2014

O ENCANTO DA VIDA





Todas as noites acordado até desoras, à espera da última cena de pancadaria num jogo de futebol, do último insulto num debate parlamentar, do último discurso demagógico num comício eleitoral, da última pirueta dum cabotino entrevistado, da última farsa no palco internacional. Crucificações masoquistas que a prudência desaconselha e a imprudência impõe.
  Vou deste mundo farto de o conhecer e faminto de o descobrir. Mas não há perspicácia, nem constância de atenção capazes de lhe prefigurar os imprevistos. O que acontece hoje excede sempre o que sucedeu ontem. A violência, o facciosismo, a ambição de poder, a crueldade e o exibicionismo não têm limites. Felizmente que a abnegação, a generosidade e o altruísmo também não.
 E o encanto da vida é precisamente esse: nenhum excesso nela ser previsível. Nem no mal nem no bem. E não me canso de o verificar, de surpresa em surpresa, à luz dos acontecimentos. Quando julgo que estou devidamente informado sobre o amor, sobre o ódio, sobre a santidade, sobre a perfídia, sobre as virtudes e os defeitos humanos, acabo por concluir que soletro ainda o á-bê-cê da realidade. Cabeçudo como sou, teimo na aprendizagem. Hoje fizeram-me a revelação surpreendente de que um avarento meu conhecido, que durante muitos anos procedeu como tal e, como tal, o tratei sempre de pé atrás, generosa e secretamente subsidiava um asilo de infância desvalida.

 Miguel Torga, in 'Diário (1993)'


E a vida é mesmo imprevisível! É um livro que temos de ler e que a cada página nos surpreende. À medida que o vamos lendo vamos aprendendo de que nada sabemos sobre a complexidade do ser humano

Emília pinto

terça-feira, 22 de abril de 2014

ACEITAÇÃO



No seu blogue Christophe André fala-nos dos fenómenos com que somos confrontados, ao longo da nossa vida, que nos ultrapassam. Podem ajudar-nos, fazer-nos crescer, mas também nos podem magoar, destruir e fazer sofrer.
 "Alguns fenómenos são exteriores: podem tratar-se de forças da natureza, como o vento, ou uma cadeia de acontecimentos a que alguns chamam destino. Outros ocorrem dentro de nós: toda a nossa vida emocional – amor, medo, tristeza, cólera. Será ilusório pensar que estão, totalmente, sob o nosso controlo. Tal como o vento, as nossas emoções são poderosas, são forças que não se detêm. Evidentemente, não as podemos guardar dentro de uma caixa.
 Será que não temos outra alternativa senão a de nos resignarmos? Não, necessariamente. Aceitação não é renúncia. O vento que destrói tudo aquilo que lhe faz frente é o mesmo que faz girar os moinhos, ou avançar os barcos. Se aceitarmos que é mais forte do que nós e se reflectirmos naquilo que nos pode trazer, compreenderemos que o bom caminho não será o de o prender numa caixa, mas sim de saber tirar o que de melhor nos pode oferecer." Aceitar não significa não-agir, mas agir melhor.
Estamos habituados a lutar contra a realidade que, de alguma forma, nos incomoda, a reagir impulsivamente a tudo o que nos provoque qualquer tipo de contrariedade. Gostaríamos de prender numa caixa as emoções que nos perturbam. Além de ilusório, seria muito arriscado.

 As nossas emoções só nos podem servir em liberdade, em aceitação. Não podem ser suprimidas, ou aprisionadas. Só assim podemos ser “moleiros” do nosso destino.

BY Teresa Ferreira - in, Bem-Estar-Juntos


Sabemos que não é fácil, amigos, mas também temos a certeza de que a única coisa que podemos fazer é desenvolver a nossa capacidade de ACEITAÇÃO,  tentando a cada dia " SER OS MOLEIROS DO NOSSO DESTINO " 

Emília Pinto

segunda-feira, 14 de abril de 2014

PEQUENO??? MUITO GRANDE!






É uma criança, um pequeno, mas com uma mensagem GRANDE que nos leva a uma reflexão profunda. Aproveitemos esta Páscoa - passagem - para fazermos uma  verdadeira passagem para uma nova mentalidade ...uma nova vida... ...para uma vida com essência.

Beijinhos e uma boa Páscoa.
Emília

quarta-feira, 9 de abril de 2014

HÁ MUITAS RELIGIÕES....








....Mas o Espírito é Único-

 Que religião é a tua? - perguntou um homem de certa idade, que estava num extremo da balsa, junto do seu carro.
 - Não tenho nenhuma religião, porque não creio em ninguém mais do que em mim mesmo - replicou o velho com ar resoluto.
- Como pode uma pessoa crer em si mesma ? Pode enganar-se - objectou Nekliudov, intervindo na conversa.
 - Nunca! - exclamou o velho abanando a cabeça.
 - Porque há então diferentes religiões ?- interrogou Nekliudov.
 - Porque as pessoas crêem precisamente nessas religiões e não crêem em si mesmas. Também eu acreditei nos outros e perdi-me como numa floresta. Estava tão confuso que julguei não poder mais encontrar o caminho. Conheci múltiplas religiões diferentes. Todas se louvam a si mesmas. Todas se foram propagando, tal como uns carneiros cegos arrastam outros consigo. Há muitas religiões, mas o espírito é único. É o mesmo em ti, em vós e em mim. Assim, pois, cada um de nós tem de acreditar no seu espírito, e deste modo todos estamos unidos.

Leon Tolstoi, in "Ressurreição"


 Estamos na Quaresma, período de recolhimento e de grande reflexão para os católicos, mas...como diz aqui no texto, as religiões são muitas, mas o Espírito é único. Guerras, desavenças, actos terroristas acontecem por esse mundo afora em nome das religiões, porque não é respeitado o Espírito que reside no intimo de cada um de nós.
 Aproveitemos a Páscoa, sinónimo de passagem,de ressurreição para tentarmos uma profunda mudança de mentalidades. Que importa o nome das religiões? Que importa a crença de cada um? Pensemos antes no Espírito de cada um de nós e deste modo estaremos todos unidos.


 Uma feliz Páscoa para todos os amigos e que este dia seja de facto a passagem para uma nova vida...para um novo recomeço.

 Emília Pinto

terça-feira, 1 de abril de 2014

O HAVER




Uma mensagem de Vinicius na qual devemos reflectir. Espero que gostem

Emília Pinto

domingo, 23 de março de 2014

DISCRIÇÃO.....




.... a arte de desaparecer. Desaparecer momentaneamente para se abandonar ao aparecimento do outro. Apagamo-nos para que um outro mundo surja – o mundo do outro e não o meu. Pierre Zaoui, autor de “La Discretion”, apresenta-nos esta virtude como uma experiência de ligeiro desaparecimento, não no sentido de morte, mas no sentido de deixar de se mostrar; um momento de colocar em suspenso o nosso desejo de afirmação. Vivemos num mundo de egos sobredimensionados e autocentrados em que deixamos pouco espaço ao outro. Numa sociedade que valoriza “o parecer ser” a discrição surge-nos como uma forma feliz de resistência. Mas atenção, não se trata de “vivamos felizes, vivamos escondidos”. Há momentos nas nossas existências que exigem que se fale, que nos manifestemos, que nos pronunciemos, momentos em que aparecer é uma necessidade. Faz parte da coragem, da inserção, da participação numa vida pública, amorosa, social, democrática. Há, enfim, momentos para a discrição e momentos para não o ser, mas todos devíamos experimentar estes momentos de invisibilidade, momentos em que nos recolhemos e simultaneamente nos oferecemos a possibilidade de sair de nós próprios, de nos desprendermos do ego, de apreciar o outro tal como é. Não é dissolver-se no meio dos outros, mas aceitar, por um momento, observá-los, afirmar a presença e a beleza objetiva daqueles que amamos. “Vemos, de facto, o outro, os seus olhos, os seus gestos, as suas mãos, tudo aquilo que nos escapa habitualmente e que, quando amamos, é uma felicidade que apura a nossa sensibilidade. É a alegria de deixar todo o espaço ao outro. A alegria de entrar docemente no seu mundo, de o deixar SER, de aproveitar a sua presença sem qualquer tipo de sedução.” É uma alegria silenciosa.


 Teresa Ferreira, in Bem- Estar-Juntos


Quando nos doamos...quando fazemos alguma coisa para ajudar os outros, sentimos uma grande alegria...um alegria da qual devemos desfrutar mas de uma maneira silenciosa...discreta.

Emília Pinto

quarta-feira, 19 de março de 2014

PAI




Hoje o meu carinho vai todo para você, meu amigo que é pai, ou se não o é, tem um Pai a quem deve homenagem, não só hoje mas todos os dias.

 Desejo-vos um dia muito feliz na companhia dos vossos filhos e que estes saibam dar-vos sempre o amor e a atenção que merecem. Um beijinho muito, muito especial e parabéns!

 Emília Pinto

segunda-feira, 10 de março de 2014

SEGUE....



.....O Teu Destino...
 Rega as tuas plantas...
 Ama as tuas rosas...
 O resto é a sombra...
 De árvores alheias.
 A realidade...
 Sempre é mais ou menos...
 Do que nos queremos....
 Só nós somos sempre...
 Iguais a nós próprios....
 Suave é viver só....
 Grande e nobre é sempre...
 Viver simplesmente...
.Deixa a dor nas aras..
 Como ex-voto aos deuses...
 Vê de longe a vida....
 Nunca a interrogues...
 Ela nada pode dizer-te..
 A resposta está além dos deuses...
 Mas serenamente...
 Imita o Olimpo no teu coração...
 Os deuses são deuses...
 Porque não se pensam.

 Ricardo Reis, in "Odes"-  Heterónimo de Fernando Pessoa

Seguir o nosso destino é " viver simplesmente ", com serenidade...sem interrogar a vida; conseguiremos assim o tão almejado Bem Viver. Claro que não é fácil, mas vale a pena tentar.

Emília Pinto

domingo, 2 de março de 2014

UMA MARAVILHA!




 Num meio-dia de fim de primavera eu tive um sonho como uma fotografia: eu vi Jesus Cristo descer à Terra. Ele veio pela encosta de um monte, mas era outra vez menino, a correr e a rolar-se pela erva
 A arrancar flores para deitar fora, e a rir de modo a ouvir-se de longe. Ele tinha fugido do céu. Era nosso demais pra fingir-se de Segunda pessoa da Trindade.
 Um dia que DEUS estava dormindo e o Espírito Santo andava a voar, Ele foi até a caixa dos milagres e roubou três. Com o primeiro Ele fez com que ninguém soubesse que Ele tinha fugido; com o segundo Ele se criou eternamente humano e menino; e com o terceiro Ele criou um Cristo eternamente na cruz e deixou-o pregado na cruz que há no céu e serve de modelo às outras
. Depois Ele fugiu para o Sol e desceu pelo primeiro raio que apanhou. Hoje Ele vive na minha aldeia, comigo. É uma criança bonita, de riso natural. Limpa o nariz com o braço direito, chapinha nas poças d'água, colhe as flores, gosta delas, esquece. Atira pedras aos burros, colhe as frutas nos pomares, e foge a chorar e a gritar dos cães. Só porque sabe que elas não gostam, e toda gente acha graça, Ele corre atrás das raparigas que levam as bilhas na cabeça e levanta-lhes a saia
. A mim, Ele me ensinou tudo. Ele me ensinou a olhar para as coisas. Ele me aponta todas as cores que há nas flores e me mostra como as pedras são engraçadas quando a gente as tem na mão e olha devagar para elas. Damo-nos tão bem um com o outro na companhia de tudo que nunca pensamos um no outro. Vivemos juntos os dois com um acordo íntimo, como a mão direita e a esquerda
. Ao anoitecer nós brincamos as cinco pedrinhas no degrau da porta de casa. Graves, como convém a um DEUS e a um poeta. Como se cada pedra fosse todo o Universo e fosse por isso um perigo muito grande deixá-la cair no chão. Depois eu lhe conto histórias das coisas só dos homens. E Ele sorri, porque tudo é incrível. Ele ri dos reis e dos que não são reis. E tem pena de ouvir falar das guerras e dos comércios. Depois Ele adormece e eu o levo no colo para dentro da minha casa, deito-o na minha cama, despindo-o lentamente, como seguindo um ritual todo humano e todo materno até Ele estar nu. Ele dorme dentro da minha alma.
 Às vezes Ele acorda de noite, brinca com meus sonhos. Vira uns de pena pro ar, põe uns por cima dos outros, e bate palmas, sozinho, sorrindo para os meus sonhos. Quando eu morrer, Filhinho, seja eu a criança, o mais pequeno, pega-me Tu ao colo, leva-me para dentro a Tua casa. Deita-me na tua cama. Despe o meu ser, cansado e humano. Conta-me histórias caso eu acorde para eu tornar a adormecer, e dá-me sonhos Teus para eu brincar

Fernando Pessoa

Fernando Pessoa e Maria Bethânia juntos, o resultado só poderia ser FABULOSO.

Emília Pinto

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A ESSÊNCIA DA POESIA




" Não aprendi nos livros qualquer receita para a composição de um poema; e não deixarei impresso, por meu turno, nem sequer um conselho, modo ou estilo para que os novos poetas recebam de mim alguma gota de suposta sabedoria. Se narrei neste discurso alguns sucessos do passado, se revivi um nunca esquecido relato nesta ocasião e neste lugar tão diferentes do sucedido, é porque durante a minha vida encontrei sempre em alguma parte a asseveração necessária, a fórmula que me aguardava, não para se endurecer nas minhas palavras, mas para me explicar a mim próprio. Encontrei, naquela longa jornada, as doses necessárias para a formação do poema. Ali me foram dadas as contribuições da terra e da alma. E penso que a poesia é uma acção passageira ou solene em que entram em doses medidas a solidão e solidariedade, o sentimento e a acção, a intimidade da própria pessoa, a intimidade do homem e a revelação secreta da Natureza. E penso com não menor fé que tudo se apoia - o homem e a sua sombra, o homem e a sua atitude, o homem e a sua poesia - numa comunidade cada vez mais extensa, num exercício que integrará para sempre em nós a realidade e os sonhos, pois assim os une e confunde. E digo igualmente que não sei, depois de tantos anos, se aquelas lições que recebi ao cruzar um rio vertiginoso, ao dançar em torno do crânio de uma vaca, ao banhar os pés na água purificadora das mais elevadas regiões, digo que não sei se aquilo saía de mim mesmo para se comunicar depois a muitos outros seres ou era a mensagem que os outros homens me enviavam como exigência ou embrazamento. Não sei se aquilo o vivi ou escrevi, não sei se foram verdade ou poesia, transição ou eternidade, os versos que experimentei naquele momento, as experiências que cantei mais tarde. De tudo aquilo, amigos, surge um ensinamento que o poeta deve aprender dos outros homens. Não há solidão inexpugnável. Todos os caminhos conduzem ao mesmo ponto: à comunicação do que somos. E é necessário atravessar a solidão e aspereza, a incomunicação e o silêncio para chegar ao recinto mágico em que podemos dançar com hesitação ou cantar com melancolia, mas nessa dança ou nessa canção acham-se consumados os mais antigos ritos da consciência; da consciência de serem homens e de acreditarem num destino comum."


 Pablo Neruda, in "Nasci para Nascer" (Discurso na entrega do Prémio Nobel) - in Citador


Qualquer pessoa pode e deve ser poeta; basta para isso saber aproveitar as contribuições dadas todos os dias pela natureza, pelo ser humano que se cruza connosco e principalmente pela contribuição que nos chega da nossa alma.: Ter consciência da nossa humanidade e da nossa responsabilidade no bem comum , ouvindo sempre o nosso coração é" a receita para a composição de um poema "

Emília Pinto

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O MAIOR AMOR....

.... e as Coisas que Se Amam

Tomara poder desempenhar-me, sem hesitações nem ansiedades, deste mandato subjectivo cuja execução por demorada ou imperfeita me tortura e dormir descansadamente, fosse onde fosse, plátano ou cedro que me cobrisse, levando na alma como uma parcela do mundo, entre uma saudade e uma aspiração, a consciência de um dever cumprido.
 Mas dia a dia o que vejo em torno meu me aponta novos deveres, novas responsabilidades da minha inteligência para com o meu senso moral. Hora a hora a (...) que escreve as sátiras surge colérica em mim.
 Hora a hora a expressão me falha. Hora a hora a vontade fraqueja. Hora a hora sinto avançar sobre mim o tempo. Hora a hora me conheço, mãos inúteis e olhar amargurado, levando para a terra fria uma alma que não soube contar, um coração já apodrecido, morto já e na estagnação da aspiração indefinida, inutilizada. Nem choro. Como chorar? Eu desejaria poder querer (desejar) trabalhar, febrilmente trabalhar para que esta pátria que vós não conheceis fosse grande como o sentimento que eu sinto quando n'ela penso. Nada faço. Nem a mim mesmo ouso dizer: amo a pátria, amo a humanidade. Parece um cinismo supremo. Para comigo mesmo tenho um pudor em dizê-lo. Só aqui lh'o registo sobre papel, acanhadamente ainda assim, para que n'alguma parte fique escrito. Sim, fique aqui escrito que amo a pátria funda, (...) doloridamente. Seja dito assim sucinto, para que fique dito. Nada mais.

 Fernando Pessoa - in Citador

Creio que todos nós, por vezes sentimos que não fazemos tudo o que podemos pelo nosso país, pela comunidade onde estamos inseridos, mas, por outro lado, olhamos à nossa volta e sentimo-nos impotentes para tentar mudar seja o que for. Amamos a nossa, Pátria, claro, mas sentimo-la tão maltratada pelos que a dirigem que fraquejamos e esquecemo-nos de que o nosso Portugal é belo e que vale a pena fazer o nosso melhor por ele.

Emília Pinto

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

PARABÉNS! A QUEM?





Hoje o Começar de Novo faz 5 anos!

 Começou receoso, dando os primeiros passos sempre com muita cautela; temia caír a qualquer momento, tropeçando logo no primeiro degrau; começaram a aparecer alguns amigos dando-lhe confiança, incentivando-o. Assim foi ele subindo...subindo e a cada degrau mais amigos apareciam e a segurança aumentava; com ela vinha a certeza de que valeria a pena continuar. Valeu, sim e muito! Durante todos estes anos tenho conquistado grandes amigos, amigos diferentes que me deixam, cada um à sua maneira, manifestações de incentivo, de carinho, de consolo; além de me enriquecerem com as experiências que se vão trocando, têm-me ajudado a ultrapassar momentos menos bons. Embora não os conheça pessoalmente, sei que posso contar sempre com eles. Portanto, amigos, não é o Começar de Novo que está de parabéns, mas sim, todos vós. Sem os seus 203 seguidores com certeza não chegaria até aqui. Na impossibilidade de o fazer pessoalmente, deixo aqui muitas flores... simples... lindas, mas todas diferentes para que cada um escolha a que mais goste e a " leve " como prova do meu agradecimento pelo tanto que me têm dado.
 Com elas, deixo um beijinho muito, muito especial e a certeza da minha sincera amizade

Muito obrigada por tudo!

Emília

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

SERÁ QUE VOLTAMOS À MONARQUIA???


( foto retirada da net )

De palavras está o País farto !

Governe-se com o parlamento, é esse o meu maior desejo, mas para isso é necessário que ele também faça alguma coisa. É preciso obras e não palavras.
 De palavras, bem o sabemos, está o País farto. Não quer discussões políticas das quais pouco ou nenhum bem lhe virá, o que quer é que se discuta administração, que se discutam medidas que lhe sejam úteis. Assim poderá o País interessar-se pelo parlamento; com discussões de mera política, interessará os amadores de escândalos vários, esses sim, mas fará com que a parte sensata e trabalhadora do País se desinteresse por completo daquilo que para nada lhe servirá. Por estes motivos é que eu acho inútil para não dizer... perniciosa, uma nova abertura do parlamento.

 Dom Carlos I, in 'Cartas a João Franco (1907 - Citador


Se já D. Carlos I se queixava da inutilidade do Parlamento, como podemos nós ainda ter esperanças de que deixem as palavras e passem aos actos ?. É muito difícil!!!!

Emília Pinto

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A RACIONALIDADE IRRACIONAL




" Eu digo muitas vezes que o instinto serve melhor os animais do que a razão a nossa espécie. E o instinto serve melhor os animais porque é conservador, defende a vida.
 Se um animal come outro, come-o porque tem de comer, porque tem de viver; mas quando assistimos a cenas de lutas terríveis entre animais, o leão que persegue a gazela e que a morde e que a mata e que a devora, parece que o nosso coração sensível dirá «que coisa tão cruel». Não: quem se comporta com crueldade é o homem, não é o animal, aquilo não é crueldade; o animal não tortura, é o homem que tortura. Então o que eu critico é o comportamento do ser humano, um ser dotado de razão, razão disciplinadora, organizadora, mantenedora da vida, que deveria sê-lo e que não o é; o que eu critico é a facilidade com que o ser humano se corrompe, com que se torna maligno. Aquela ideia que temos da esperança nas crianças, nos meninos e nas meninas pequenas, a ideia de que são seres aparentemente maravilhosos, de olhares puros, relativamente a essa ideia eu digo: pois sim, é tudo muito bonito, são de facto muito simpáticos, são adoráveis, mas deixemos que cresçam para sabermos quem realmente são. E quando crescem, sabemos que infelizmente muitas dessas inocentes crianças vão modificar-se. E por culpa de quê? É a sociedade a única responsável? Há questões de ordem hereditária? O que é que se passa dentro da cabeça das pessoas para serem uma coisa e passarem a ser outra? Uma sociedade que instituiu, como valores a perseguir, esses que nós sabemos, o lucro, o êxito, o triunfo sobre o outro e todas estas coisas, essa sociedade coloca as pessoas numa situação em que acabam por pensar (se é que o dizem e não se limitam a agir) que todos os meios são bons para se alcançar aquilo que se quer. Falámos muito ao longo destes últimos anos (e felizmente continuamos a falar) dos direitos humanos; simplesmente deixámos de falar de uma coisa muito simples, que são os deveres humanos, que são sempre deveres em relação aos outros, sobretudo. E é essa indiferença em relação ao outro, essa espécie de desprezo do outro, que eu me pergunto se tem algum sentido numa situação ou no quadro de existência de uma espécie que se diz racional. Isso, de facto, não posso entender, é uma das minhas grandes angústias.


 José Saramago, in 'Diálogos com José Saramago

Também me custa a entender e gostaria de salientar..

".simplesmente deixámos de falar de uma coisa muito simples, que são os deveres humanos, que são sempre deveres em relação aos outros, sobretudo "

" E é essa indiferença em relação ao outro, essa espécie de desprezo do outro, que eu me pergunto se tem algum sentido numa situação ou no quadro de existência de uma espécie que se diz racional."

Emília Pinto


quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

SERENIDADE



Uma felicidade tranquila e conectada. Uma emoção agradável, mesmo se, contrariamente à alegria, tenha uma baixa intensidade. Sentimo-nos confiantes, em ligação com o mundo, coerentes. Temos a impressão de ter encontrado o nosso lugar: há um apaziguamento interior e uma harmonia com o exterior.

 Por vezes provocada por aquilo que nos envolve, como quando atingimos o topo de uma montanha e contemplamos a paisagem que nos circunda, ou assistimos ao nascer ou pôr-do-sol, é, na maior parte da vezes, um fenómeno sutil que emerge quando descontraímos.

 Mas para o sentir é necessário estar num estado de espírito aberto ao instante presente. Se estivermos a ruminar ou distraídos, será bem mais difícil. Como todas as emoções positivas, a serenidade não se experimenta de uma forma contínua e permanente. O nosso trabalho consiste em tentar aumentar a frequência do seu aparecimento, fazê-lo durar e saboreá-lo o mais possível.

O estado de serenidade não supõe retirarmo-nos numa “fortaleza”, mas colocarmo-nos em ligação com o mundo: um estado de presença intensa, mas não reativo, àquilo que constitui aquele preciso instante na nossa vida.
 Impregnar-se da paz de um ambiente... Através da oração…

 O que favoriza o surgimento da serenidade é tomar, regularmente, tempo para parar de agir, de querer, de correr atrás de resultados, seja eles quais forem.


 “Parar, observar, respirar.” Abrir o espírito a tudo o que está em nós e ao nosso redor, a cada instante
.
  Não reagir, mas agir num mundo que tenta fazer-nos crer que a urgência está em todo o lado.
  A serenidade consiste em recusar as falsas urgências. Um instrumento de sabedoria e discernimento

 By Teresa Ferreira
 In Bem-Estar-Juntos

Gostaria de salientar esta frase  " A serenidade consiste em recusar as falsas urgências. " Aqui está um verdadeiro" instrumento de sabedoria e discernimento "

Emília Pinto


terça-feira, 14 de janeiro de 2014

JÁ DIZIA.....




.....NELSON CAVAQUINHO

 Sei que amanhã Quando eu morrer...
 Os meus amigos vão dizer....
 Que eu tinha um bom coração...
 Alguns até hão de chorar...
 E querer me homenagear...
 Fazendo de ouro um violão....
 Mas depois que o tempo passar...
 Sei que ninguém vai se lembrar....
 Que eu fui embora...
 Por isso é que eu penso assim...
 Se alguém quiser fazer por mim..
 Que faça agora...
 Me dê as flores em vida....
 O carinho, a mão amiga...
 Para aliviar meus ais...
 Depois que eu me chamar saudade...
 Não preciso de vaidade....
 Quero preces e nada mais.

Quem foi Nelson Cavaquinho ?

Nelson Cavaquinhonome artístico de Nelson Antônio da Silva, (Rio de Janeiro29 de outubro de 1911 Rio de Janeiro, 18 de fevereiro de 1986) foi um importante músico brasileiroSambista cariocacompositor e cavaquinista na juventude, na maturidade optou pelo violão, desenvolvendo um estilo inimitável de tocá-lo, utilizando apenas dois dedos da mão direita.

In Wikipedia

  "Se pudéssemos ter consciência do quanto nossa vida é passageira, talvez pensássemos duas vezes antes de jogar fora as oportunidades que temos de ser e de fazer os outros felizes. " Acredito nisso! Quantas flores são empilhadas num funeral e quantas flores a pessoa recebeu em vida?

Esta mensagem foi-me enviada por e-mail;  desconheço o autor da frase, mas concordo inteiramente com ele . Também eu digo: " depois que eu me chamar saudade " não preciso de amizade; essa faz-me falta agora...a cada momento do meu dia a dia.

Emília Pinto