segunda-feira, 28 de março de 2016

A SABEDORIA .....




.... da Velhice


 Nós, os novos, seremos velhos um dia. Essa é mesmo a melhor saída para a nossa vida, sinal de que atingimos uma sabedoria maior, prémio por termos alcançado o topo da hierarquia da existência.
 Não é o tempo que nos faz auferir esse estatuto, mas o tempo dá-nos mais tempo para fazermos alguma coisa com ele e assim aprender para saber mais. Ninguém sabe mais do que um velho.
Ao lado do seu avô, um doutorado é um ignorante e, se afirmar saber mais do que aquelas duas gerações de diferença, é um ignorante imbecil. É o que não falta entre nós, os novos. Dá-se mais valor ao que se aprende nas faculdades do que ao que se aprende na vida, dá-se mais valor à teoria do que à prática. Coitados de nós. E depois não nos lembramos da idade, achamos que nos passa ao lado e por isso não reconhecemos aos velhos o estatuto de sábios e o respeito que lhes é devido. Somos imbecis. A maior parte de nós é tonta. Só isso justifica o abandono. Um velho é um mapa de conhecimento, tem dentro dele muitas estradas principais, muitas vias secundárias e muitos atalhos, muitos becos sem saída, muitas praias, muitos desfiladeiros, muito amor e severas tempestades.


 Gustavo Santos, in 'O Caminho'


E é tanto o abandono!!!!




GUSTAVO SANTOS


Gustavo Santos, (Lisboa, 27 de Maio de 1977, Portugal), é um ator, apresentador, bailarino profissional, escritor e modelo.
 É conhecido por ser o actual apresentador do programa "Querido, mudei a casa" e pelo seu papel como agente da Euroforce na telenovela Vingança, papel que foi elogiado por personalidades como Rogério Samora ou António Calvário. O seu último livro "Agarra-o agora", é já um best-seller no universo nacional de escritores motivacionais. O livro já está na 10ª edição.
 Interpretou vários papeis na série "Malucos na Praia". Desde 2002 que é o presidente da Sociedade Portuguesa de Doentes do Síndrome de Asperger.
 Foi votado pela revista "Egoísta" como a personalidade do ano em 2014, por causa dos seus vídeos motivacionais


Emília Pinto

quinta-feira, 17 de março de 2016

BRASIL...MEU TAMBÉM




O Dever do Povo’ - texto proferido em 11 de novembro de 1914, por ocasião da manifestação popular realizada às vésperas de terminar o governo do marechal Hermes da Fonseca e se iniciar o de Venceslau Brás:


 “Concidadãos: A eloqüência destas vozes, tantas e tão elevadas, que baixam das alturas do espírito; este rumor, que sobe das entranhas da terra; essa multidão, cuja massa evoca e condensa o concurso de milhões de almas ausentes; este espetáculo que já se parece representar no cenário do futuro; todas estas impressões de um passado que se despede, todos estes sinais de um mundo novo, que assoma no horizonte banhado em indecisa claridade; tudo nos está mostrando que a consciência brasileira desperta, que a consciência brasileira está viva, que a consciência brasileira reergue, que a consciência brasileira não se acha mais disposta a sofrer os coices das brutalidades, imbecilidades e ferocidades que convertem as repúblicas bastardas em espojadouros de instintos abjetos, costumes descarados e paixões vergonhosas.
 Povo brasileiro! Reclamai, e vos escutarão; exigi, e tereis; ordenai, e sereis obedecido; sabei querer, e tudo vos cederá. Uma nação não se deve recear senão da sua própria inconsciência, da sua própria relaxação, da sua própria cobardia. Não corrais, como as crianças, de carochas, de cucas, de almas do outro mundo.
 Sois o povo. Sois a nação. Sois o Brasil. Ante a vossa vontade, ante a vossa autoridade, ante a vossa majestade, mandões, facções, minhocões não valem nada. Soprai, e vereis como rebentam as bolhas de sabão.
 Adotastes, nas vossas instituições escritas, um governo de legalidade, um governo de justiça, um governo de liberdade, um governo de soberania popular. E tudo vos tiraram. Despiram-vos a justiça, puseram-vos fora da lei. È tudo o vosso patrimônio moral que se foi. Fazei questão da sua posse. Empreendei a sua reconquista. Ponde a vida e a morte na sua consolidação definitiva. Se em quatro anos o perdestes, não há razão para que em quatro anos o não tenhais reavido, ao menos nos elementos capitais da sua recomposição.
 Mocidade brasileira! Sede paciente, sede cordato, sede refletido. Mas não sejais descuidado, não sejais indiferente, não deixeis de ser firme, resoluto, intrépido na obra da vossa regeneração, na reivindicação dos vossos foros, na guerra aos corrompidos, aos parasitas, ao tráfico dos brancos, ao regime da senzala, do feitor e do vergalh

Sabei alcançar para vós o que soubestes conseguir para os africanos: a redenção, a reaquisição de vós mesmos, o vosso lugar limpo na comunhão da humanidade livre

Parte de um texto de RUI BARBOSA


In Justocantins


Hoje o meu post é dedicado ao povo brasileiro que está a passar momentos difíceis.. Um povo do qual eu me considero parte e que muito contribuiu para o meu crescimento como pessoa.
Mas não é só o Brasil a sofrer com os desgovernos dos governantes; neste nosso pequenino Portugal a corrupção, infelizmente, também é grande.

Emília Pinto

terça-feira, 8 de março de 2016

OS LÍRIOS





"Se naquele instante - refletiu Eugênio - caísse na Terra um habitante de Marte, havia de ficar embasbacado ao verificar que num dia tão maravilhosamente belo e macio, de sol tão dourado, os homens em sua maioria estavam metidos em escritórios, oficinas, fábricas...
 E se perguntasse a qualquer um deles: 'Homem, por que trabalhas com tanta fúria durante todas as horas de sol?' - ouviria esta resposta singular: 'Para ganhar a vida'. E no entanto a vida ali estava a se oferecer toda, numa gratuidade milagrosa.
 Os homens viviam tão ofuscados por desejos ambiciosos que nem sequer davam por ela. Nem com todas as conquistas da inteligência tinham descoberto um meio de trabalhar menos e viver mais. Agitavam-se na Terra e não se conheciam uns aos outros, não se amavam como deviam
. A competição os transformava em inimigos. E havia muitos séculos, tinham crucificado um profeta que se esforçava por lhes mostrar que eles eram irmãos, apenas e sempre irmãos"


 " É indispensável trabalhar, pois um mundo de criaturas passivas seria também triste e sem beleza. Precisamos, entretanto, dar um sentido humano às nossas construções. E quando o amor ao dinheiro, ao sucesso nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu."


 Érico Veríssimo ( do livro Olhai os Lírios do Campo )


 Coloquei em destaque estas últimas palavras de Érico Veríssimo, porque, perante elas, não me cabe dizer mais nada


. Emília Pinto