quarta-feira, 23 de março de 2011

TRADUZIR-SE






Traduzir-se
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.


Traduzir uma parte na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte –
será arte?

Poema de FERREIRA GULLAR


Nós somos uma parte que se traduz na outra parte que também somos.

Emília Pinto

32 comentários:

  1. Um bonito poema de Ferreira Gullar. Não conhecia, mas expressa muito bem a ambiguidade do ser humano.
    Bjns!

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  2. Foi através dos blogues que conheci melhor a
    escrita de Ferreira Gullar e me interessei por ele.
    Beijo.
    isa.

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  3. Olá Emília,

    "Quem sou eu para mim?" Quando eu responder a essa pergunta e não mudar de idéia, saberei exatamente o que fazer por mim.

    abraços, sonia.

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  4. É mesmo bonito, cuidandodemim, e mostra bem que nós somos um todo feito de partes, de metades, como também diz e muito bem o Oswaldo Montenegre na sua música Metades. Se não conheces vai ao Youtube; vais adorar. Não conhecia esta música de Fagner, embora já conheça músicas dele há muitos anos; este poema também não o conhecia.Muito obrigada pela visita! Um beijinho muito carinhoso
    Emília

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  5. Oi Isa! Através dos blogs vamos ficando com mais conhecimentoe e foi também neles que conheci este poema interpretado tão bem pelo Fagner que já conheço há anos e tenho alguns discos de vinil dele, imagina...Não conhecia nada deste escritor, mas agora vou procurar conhecer mais. Além de outras, esta é a magia dos blogs. Um beijinho e muito obrigada pela visita
    Emília

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  6. É difícil, Sonia, conhecermos todas as nossas partes, a nossa metade. A cada dia um pormenor desconhecido de uma das nossas partes é-nos revelado; penso que morreremos sem sabermos ao certo quem somos . Mas vamaos aprendendo um pouquinho a cada dia que passa. Um beijinho e obrigada pela presença sempre agradável
    Emília

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  7. Nós somos como uma laranja com seus gomos...

    Penso que nunca sabemos bem quem somos.
    Será sempre uma incógnita.

    Beijos.

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  8. Emília, querida
    que letra linda. Não conhecia esta música.
    Obrigada por me apresentar.

    Um beijo grandão pra vc, linda!

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  9. Gostei da definição, Lisa! Muitos gomos sempre diferentes, sempre opostos; uma vez somos uma coisa e outra vez somos outra coisa; um dia sabemos tudo e ao mesmo tempo não sabemos nada e por aí vai...Um beijinho e de certeza que daqui a segundos serei já outro gomo que já não mandará beijinho...mandará talvez outra cois...ou nada, talvez!
    Emília

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  10. A magia dos blogs é essa, Iram. Imagina que tenho long plays de vinil do Fgner, mas não conhecia esta música e muito menso este lindo poema; através dos blogs é que conheci. Muito obrigada pela visita e fico contente que tenhas gostado. Fica bem!
    Emília

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  11. Ferreira Goullar na voz de Fagner é sensacional, meninas.
    Esse poema diz tudo sobre o que somos.
    Adorei ouvir.

    Bjs no coração!

    Nilce

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  12. Também achei espectacular, Nilce. Há muito que não ouvia Fagner, desde o tempo do vinil altura em que estava no Brasil. Mantenho-os até hoje. Foi muito bom recordá-lo. Um beijinho e obrigada pela visita. Volta sempre!
    Emília

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  13. Oi Emilia!
    Gostei, sempre se enriquece ccom estas postagens!
    A tradução deste poeme, no meu ponto de vista é o ser humano irrequito eu fórico e melancólico, sempre a par.
    Como nele diz: a multidão e solidão.!
    Somos o momento de dois gumes, que se completam, o consciente e o insconciente, trazendo o equilibrio, será uma arte mas sem encenação.
    Até breve
    Herminia

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  14. É Hermínia, o ser humano é feito de partes, ora somos uma coisa e daqui a pouco somos outra; é difícil aceitarmos que somos tudo e não somos nada; como dizia num post do optimiso em construçaõ é que nem tudo é 8 ou 80, mas sim oito e oitenta, "ser e não ser" e não "ser ou não ser"; temos que aceitar isso...somos muiltidão e solidão e não multidão ou solidão.É uam arte saber lidar com esta dualidade..sabermos traduzir uma parte na outras parte...na outra metade que somos. Um beijinho e ainda bem que gostou
    Emília

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  15. Um poema bélissimo cheio de grandes verdades e emoções diferentes a cada verso.
    Fo maravilhoso conhecer você e também ouvir musicas ,que por sinal é ótima.
    beijos lindo dia.
    Te sigo ao visitar-me caso gostar siga-me também beijos ,Evanir.
    http://aviagem1.blogspot.com/
    E
    www.fonte-amor.zip.net

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  16. Olá Evanir. Já estive no teu cantinho e, claro que te vou seguir. Agradeço-te imenso a visita ao Começar de Novo e espero que apareças sempre!
    Fico contente que tenhas gostado da música e do poema. Não conhecia este poeta e adorei. O Fagner, claro, conheço há anos, mas esta interpretação de facto não conhecia. Um beijinho e obrigada pela visita
    Emília

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  17. Somos sempre a incerteza e a dúvida.
    Bela escolha
    Bjo

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  18. Me agrado muchisimo, somos tantas cosas al mismo tiempo.

    Y hablando de traducir, voy a tener que aprender portugues!!!!

    Cariños, dejandote además deseos de un buen fin de semana!!!!

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  19. Uma parte de mim
    pesa, pondera:
    outra parte
    delira.

    Lindo esse poema Emília!
    Uma excelente tarde para você e um maravilhoso fim de semana. bjs

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  20. Muito obrigada, Abuela. Tu tens de aprender Português e eu Espanhol, combinado? Mas...nós até conseguimos entendermo-nos bem, não? São muito semelhantes as duas linguas. Volta sempre, amiga. Um beijinho
    Emília

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  21. Fico contente que tenhas gostado, Alvaro. Somos muitas coisas ao mesmo tempo. Um beijo e um bom fim de semana. Obrigada pela visita
    Emília

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  22. Que bom que gostaste, Veronica. É lindo, sim! Um beijinho e obrigada pela tua presença aqui no nosso cantinho. Um bom fim de semana
    Emília

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  23. Não conhecia este poeta e adorei o poema que traduz defacto a nossa verdade: somos sempre metade de qualquer coisa! Obrigada por me dares a conhecer o autor e a obra.
    Beijos a bom domingo!
    Graça

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  24. Um bom Domingo, Graça e uma maravilhosa semana.É muito bom quando agradamos os nossos amigos e acho que este poema na voz de Fagner ficou muito bom. Um beijinho e obrigada pela visita
    Emília

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  25. A voce um abraço nesse lindo Domingo
    que desejo seja ele muito feliz .
    Obrigada por seguir meu meu blog
    ofereço minha amizade pois não existe riqueza maior que uma Amizade Sincera
    Um feliz Domingo beijos no coração,Evanir.

    http://.aviagem1.blogspot.com/

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  26. Obrigada, Evanir. Uma bela semana para você. Um beijinho e volte sempre
    Emília

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  27. às vezes as "traduções" são difíceis, ou mesmo dúbias...
    ...mas apesar do que disse, penso seriamente na sua frase, depois do poema:
    "Nós somos uma parte que se traduz na outra parte que também somos."
    ...outra forma de tradução... também importante e a que devemos dar tanta atenção.
    Obrigada Emília
    Saudades
    Isabel

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  28. Olá Isabel! É muito bom tê-la por cá. É... nenhuma tradução é fácil...não se pode traduzir à letra...há que lhe pegar o sentido ; connosco é igual...nada fácil. Um beijinho e apareça sempre
    Emília

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  29. Emília
    Tenho andado numa roda viva e apesar de já cá ter estado algumas vezes a deliciar-me com este poema não deu para lhe falar do quanto ele me tocou. Não o conhecia e já fiz copy paste porque traduz tanto o que sinto e em que me revejo: A unidade da dualidade, a percepção da totalidade de tantas partes que nos compõem. Muito obrigada minha amiga e que o sol brilhe dentro do seu coração.
    Teresa

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  30. Fico contente que tenha gostado; Sabe, eu também não conhecia este poema e achei-o lindo na voz do Fagner.Muito obrigada pelo carinho e não se preocupe...sei que nem sempre há tempo para tudo o que queremos. Um beijinho e uma bela semana, Teresa.
    Emília

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  31. Querida Emília e Querida Hermínia:
    Deixei uma resposta para cada uma de vós no meu blog.
    Estou a escutar a música e li e reli o poema publicado. Um momento muitíssimo agradável.
    Um beijo para as duas.

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  32. Sei que responde sempre aos comentários e por isso já lá fui ver. Agradecemos-lhe muito a atenção de nos responder e de nos avisar. Um beijinho, Isabel e até breve
    Emília

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