sábado, 22 de agosto de 2009

CARTÃO DE CRÉDITO




É dele que vou falar hoje...; não própriamente do cartão em si, pois todos sabem o que é e para que serve. Ninguém será capaz também de pôr em dúvida o enorme benefício que trouxe às nossas vidas. O que vou deixar aqui para reflexão é a sua influência no nosso comportamento. O que será que levou a que este objecto tivesse uma aceitação tal que somos, hoje, incapazes de viver sem ele? Talvez esteja aqui uma das respostas:

Estou a ler um livro de Daniel Sampaio, A Razão dos Avós. Vou transcrever um pequeno texto que me chamou a atenção e que, penso, interessará a todos aqueles que se preocupam com a educação e problemas dos mais novos. Creio, assim, que todos nós precisamos de reflectir no que ele escreve:

« O cartão de crédito é a marca do nosso tempo. O cartão de crédito encurta o tempo entre o desejo e a sua satisfação. É isso, desejar e satisfazer o desejo não mais suporta adiamentos. A ampliação do prazer que era dada pelo tempo de espera transformou-se numa ansiedade, numa premência de satisfação imediata.
Alimentado por um capitalismo liberal, o ser humano é jogado para a fruição total do presente. È a este entre-tempos que aprendi a chamar intervalo pós-moderno. Claro, tenho esperança que seja um intervalo. No âmago deste tempo pós-moderno temos o individuo « des-ligado » de todas as instituições. Seduzido pela jógica da hedonização da vida consagrado o seu próprio individualismo. Empurrado para a satisfação das suas próprias vontades e desejos,sem limites, os jovens tornam-se materialistas, egocentrados, apenas lhes interessando o que lhes traz vantagens pessoais de posse, prazer e poder.
Ei-lo liberto, produzindo o seu espectáculo e consumindo o seu próprio espectáculo»

Espero que tenham gostado! Se pensarmos um pouco sobre o assunto, creio que vamos todos concordar com o Daniel Sampaio.

Emilia Pinto

15 comentários:

  1. Sim, concordo que é uma maneira rápida de satisfazer um desejo. Hoje em dia tudo tem de ser o mais prático, automático e rápido possível, ninguém gosta de esperar nem perder tempo...
    Contudo pode levar a que o dinheiro e o seu valor seja desvalorizado levando as pessoas a crer que o têm quando na realidade não o têm ou a dar a ideia que não custa a ganhá-lo...
    Bjns

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  2. É isso, cuidandodemim, as pessoas iludem-se.., é só um cartãozinho.., não se vê as notas saírem do bolso e.., quando se dá por ela já se gastou o que não se tinha. Um beijinho e obrigada pela visita

    Emília

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  3. Gosto muito de ler Daniel Sampaio.
    Este pequeno excerto do livro está muito bom. E, se para os mais novos está correctíssimo, para os mais velhos tanbém se aplica.
    Sabemos que hoje qualquer pessoa, eu inclusivé, facilitámos um pouco os nossos desejos comprando a/com o cartão de crédito.
    Contudo, e por uma questão de educação, e quem passou por lutas pela/na vida, esforço, dificuldades, e outras situações, sabe gerir o seu dinheiro , e educar os seus filhos para as dificuldades que surgem ou podem surgir de repente. Nada é definitivo e seguro.
    A questão está nos pais, avós, nos educadores fazerem perceber estes jovens que a vida é para se conquistar, viver, desafiar.
    Quando tudo é permitido com a facilidade que nem sempre é possível gera-se conflito.
    Há que dizer NÃO, quando não é possível.
    Não tenho filhos. Mas não deixo de transmitir a mensagem de que os objectos, os desejos,os sonhos só têm importância quando e são significativos quando lutámos pos eles.
    Parabéns por este texto.
    Beijinho

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  4. Oi Emilia
    Claro que tenho que concordar ...é um correr desenfreado...
    As novas tecnologias, têm as suas vantagens, mas torna o homem ,mais individualista sem duvida..novos tempos ,pouco se saboreia...
    Daí a frase" O MENINO QUER ,O MENINO TEM" não há o sofrimento da espera,não há tempo para pensar....mas o paizinho tem culpa....
    Até breve
    Herminia

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  5. Obrigada, cantinhodacasa. Gostei muito do seu comentário e concordo que o problema não está no cartão; está sim nos pais e educadores que não sabem ou não querem ensinar os seus filhos a gerirem o dinheiro e a fazer-lhes ver que não podem ter tudo o que querem. Um beijinho e muito obrigada pela visita e pelas boas considerações sobre o assunto
    Emília

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  6. É isso mesmo, Hermínia. Hoje os nossos meninos não estão habituados a esperar por nada..., as facilidades são muitas e fazemos sempre as vontadinhas..; não os habituamos a esperar a lutar pelas coisas. Felizmente, há excepções, quer nos jovens quer nos adultos. Um beijinho e até breve
    Emília

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  7. Gostei muito de ler este poste , bem como os comentários que aqui foram sendo escritos.
    A verdade é mesmo essa: as crianças e os jovens de hoje não sabem esperar por nada, porque tudo lhes é facilitado logo. E os pais acham isso normalíssimo. Muitas das vezes, o pensamento é "dou-lhes aquilo que eu não tive", mesmo sem pensarem que talvez o "não terem", tenha sido a melhor maneira de crescerem...
    Eu tive de lutar por muitas coisas na vida e hoje tento transmitir isso aos meus filhos. SE vou conseguir ou não, só o futuro mostrará os resultados. Só espero que sejam bem melhores do que muitas coisas que eu vejo acontecer ao meu redor. Mas, tal como é dito no comentário anterior da Emília, felizmente ainda há boas excepções entre todos.
    Um beijinho
    Romicas

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  8. Desde que o bom pensamento entra em nosso espírito, ele nos faz ver uma quantidade de outras coisas, cuja existência nem se quer imaginávamos antes.
    boa semana
    um beijo

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  9. Gostei muito do seu comentário, Romicas. Eu também sempre transmiti isso aos meus filhos e até hoje, felizmente, me parece que aprenderam a lição. Espero que sejam capazes de fazer o mesmo com os filhos e assim se consiga mudar um pouco as mentalidades da nossa sociedade tão consumista. Muito obrigada pela visita e fiquei contente por ter gostado do post.É muito bom podermos trocar ideias sobre assuntos tão importantes. Um beijinho e até breve.
    Emília

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  10. De facto, princesa, é importante que os bons pensamentos entrem no nosso espírito, pois assim conseguiremos transmitir aos outros as atitudes boas e correctas, principalmente aos mais novos; temos que nos lembrar sempre que é de nós que tiram os bons ou maus ensinamentos. Um beijinho e obrigada pela visita
    Emília

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  11. Ele tem toda razão. Hoje antecipamos tudo pela facilidade do cartão.
    Facilidade que muitas vezes atrapalha quem não tem controle. Essa facilidade pode ser hoje uma arma , dificil de volta.
    Mas , um mal necessario, que utilizado com conciência e bem administrado, podemos usufrir dessa vantagem de nossos tempos.

    Um grande abraço
    Andresa Araujo

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  12. Aí está uma boa verdade! Vivemos numa sociedade do consumismo imediato e por vezes é difícil contornar essa situação, no que toca à educação dos nossos filhos...por conta disso o facilitismo parece falar mais alto e esquece-se o valor do trabalho, da dedicação, do esforço para alcançar o que tanto se deseja...

    Comunicadoras: Vim para vos dizer que já regressei de férias e espero que agora consigam aceder à aldeia, sem dificuldades.

    Um abraço às duas!
    Susana

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  13. Desafios únicos.
    Actualmente, as novas invenções tecnológicas colocam-nos à disposição do poder para destruir ou preservar tudo aquilo que rodeamos.
    A sociedade de hoje vive o presente, o agora
    o imediáto
    pouco ou nada importa se isto ou aquilo é prejudicial para a saúde do Ser Humano ou Planeta.
    Cada vez mais se cria tensão crescente entre rivalidades e necessidades superfulas.
    Enquanto esta ideia estiver incutida nestes parametros vamos ser sempre uma sociadade insatisfeita.
    Beijinhos até ao meu regressso.

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  14. Agradecemos os belos comentários aos amigos, Andresa, Susana e Jacaré. Claro que a culpa do consumismo não é do pobre do cartãozinho, mas sim da sociedade actual que não está a saber usufrui das coisas com o equilibrio e moderação que uma vida sensata exigem. Um beijinho e que tenham sempre os dias maravilhosos que merecem

    Emília Pinto

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  15. Desculpem o erro « que uma vida sensata exige« e, claro.., usufruir e não como está

    Emília

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