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“Comportamo-nos como se as pessoas de quem gostamos fossem durar para sempre. Em vida não fazemos nunca o esforço consciente de olhar para elas como quem se prepara para lembrá-las. Quando elas desaparecem, não temos delas a memória que nos chegue. Para as lembrar, que é como quem diz, prolongá-las. A memória é o sopro com que os mortos vivem através de nós. Devemos cuidar dela como da vida.
Devemos tentar aprender de cor quem amamos.
Tentar fixar.
Armazená-las para o dia em que nos fizerem falta.
São pobres as maneiras que temos para o fazer, é tão fraca a memória, que todo o esforço é pouco.
Guardá-las é tão difícil.
Eu tenho um pequeno truque.
Quando estou com quem amo, quando tenho a sorte de estar à frente de quem adivinho a saudade de nunca mais a ver, faço de conta que ela morreu, mas voltou mais um único dia, para me dar uma última oportunidade de a rever, olhar de cima a baixo, fazer as perguntas que faltou fazer, reparar em tudo o que não vi; uma última oportunidade de a resguardar e de a reter.
Funciona "
Miguel Esteves Cardoso in As Minhas Aventuras Na República Portuguesa
Gostei deste texto porque reflecte aquilo que, tantas vezes sentimos depois que as pessoas que amamos se vão...,...ficam as recordações, a saudade e o sentimento de que poderíamos ter feito mais por eles
Emília Pinto
Gosto das crónicas e textos de Miguel Esteves Cardoso.
ResponderEliminar.
Saudações cordiais.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Também gosto, Ricado, pois ele diz as verdades com um certo humor, Obrigada pela visita. Um beijinho e saúde para todos.
EliminarEmilia
Linda crônica e realmente tantas vezes é assim que nos sentimos quando com esse tema nos deparamos! Ótimo fim de semana!
ResponderEliminarbeijos, tudo de bom,chica
É verdade, Chica, sentimo-nos como se não tivessemos feito tudo por aqueles que amamos e já se foram, mesmo que tenham9s feito muito. A saudade é grande e começamos a recordar momentos que por vezes não foram como desejariamos, mas creio que é normal. Obrigada, Amiga, pelo carinho e que a vida vos abençoe com saúde, sempre
EliminarEmilia
Bom dia de sábado, querida amiga Emília!
ResponderEliminarA dor da separação de quem amamos é terrível. Não aprendemos a perder, não tivemos noção de finitude e parecia, quando éramos pequenos, que iria demorar tanto até a despedida terrena.
Nunca vi tal fato sob a perspectiva a analisada com o prisma do autor.
Quando amamos, decoramos a pessoa.
É uma grande verdade
De cor... De coração...
Lendo seu post, estou recordando alguns amados que se foram.
Muito lindo seu post.
Tenha um final de semana abençoado!
Beijinhos com carinho fraterno
Também achei muito interessante essa afirmação " quando amamos decoramos a pessoa " e também a tua, Roselia " de cor...de coração ". Guardadas no coração para sempre é assim que ficam as pessoas amadas que já se foram e nelas incluo alguna Amigos que já partiram ainda há pouco tempo e não há um dia em que não os recorde; foram como irmãos e assim os lembrarei sempre. Obrigada, Amiga, pelo carinhoso comentário e desejo tudo de bom para ti e para os teus, especialmente saúde. Beijinhos
EliminarEmilia
Muito interessante. Obrigada pela partilha!!
ResponderEliminar-
A natureza é sabia, mas por vezes dura...
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Beijos
Bom fim de semana.
Obrigada, Cidália. Fico contente que tenha gostado. Beijinhos e boa noite
EliminarEmilia
Um texto excelente... A saudade fica em nós....
ResponderEliminarBeijos e abraços
Marta
É isso Marta, fica a saudade, uma saudade que mantem vivas as pessoas que já partiram; Li em algum lugar uma afirmação que me tocou, " a saudade é o amor que fica " e não será? Acho que sim! Beijinhos e obrigada, Amiga!
EliminarEmilia
Uma excelente reflexão que contém muita verdade sobre o modo como passamos pelos outros sem a atenção que merecem. E toda a gente merece a nossa preocupação, tanto os familiares como os amigos. Guardá-los no coração para que permaneçam na memória é a melhor forma de os amarmos. Gostei muito do texto do Miguel Esteves Cardoso.
ResponderEliminarUma boa semana com muita saúde, minha Amiga Emília.
Um beijo.
Ele tem muita razão quando diz " que comportamo-nos como se as pessoas que amamos fossem durar para sempre " , mas depois, quando chega a hora da última despedida, choramos porque não lhes demos a atenção que mereciam. Às vezes temos amigos doentes, a precisar de companhia, mas nunca arranjamos tempo para os visitarmos e outras vezes porque nos incomoda vê-los assim, frágeis, mas depois lá estamos presentes no ultimo adeus e o arrependimento é inevitável; a visita deveria ter sido feita por mais abalados que viessemos de lá; é uma sensação muito desagradável, pois já passei por ela. Mas será que aprendi? Não sei...
EliminarGraça, querida Amiga, muito obrigada pela simpatia da visita e desejo que estejam todos bem. Um beijinho
Emilia
O MEC é um escritor notável.
ResponderEliminarNeste magnífico texto, faz-nos refletir acerca da vida e pensar que nunca é demais viver a amizade ou o amor pelos outros.
Obrigado pela partilha.
Boa semana, amiga Emília.
Um beijo.
PS: Acho que nunca agradeci as tuas palavras acerca dos meus poemas. Os teus comentários, para além de revelarem uma leitura atenta do que vou escrevendo (poucos o fazem), aprofundam os temas e abordam questões pertinentes de uma forma cuidada, agradável e bem estruturada. Obrigado por isso, minha amiga (ainda que virtual).
Nem sei o que dizer perante este elogio, Jaime, mas faço o que acho certo que é ler com cuidado o que os amigos publicam e dar a minha opinião. Cada um partilha aquilo que sabe, a mensagem que quer passar, seja em poesia, prosa ou escolhendo trabalhos de outros para dizero que quer como é o meu caso, mas todos gostam que respeitem esse trabalho, lendo com atenção. Não sei agir de outra maneira e por isso não tens de agradecer. Sei que é dificil interpretar poesia, mas não é dificil deixar sair o que sentimos ao lê-la, mesmo que não consigamos ir ao encontro dos sentimentos do poeta na altura em que fez o poema. Muito obrigada, Jaime, pela visita e pelo carinho das tuas palavras . Boa noite e saúde para todos aí em casa. Beijinhos
EliminarEmilia
Querida amiga, não conhecia esse escritor de Miguel Esteves Cardoso, mas esse seu texto não esquecerei mais, pela enorme verdade, pelas insensibilidades que todos nós temos, mas isso não mudará muito, talvez em algumas pessoas, sim.
ResponderEliminarPassamos uma vida inteira brigando, discutindo por 'merrecas', por opiniões nossas; discutimos para acabar com a opinião alheia; discutimos por vaidades e um quilo de coisas. Sequer pedimos desculpas ou pensamos em reatar novamente com pessoas que passamos julgando, embora não ignoramos seu enorme valor. Nós podemos errar, o outro não, jamais! Isso é uma maneira muito popular e mesquinha de nos relacionarmos.
Mas... deixa um parente ou amigo morrer!!! Aí temos tempo de ir ao velório, enterro, Missa de 7° Dia, e lá derramar umas lágrimas pela perda. Sim, com certeza sentimos, não há dúvidas. Os mortos viram heróis e passamos a falar das saudades que sentimos, que se hoje fosse, teríamos uma maneira de nos relacionarmos diferente, com mais humanidade, com mais generosidade e compaixão.
Infelizmente é assim pra todos, Emília.
Gostei muitíssimo deste texto, nos dá um 'cutucão'... e não temos como fugir dessa verdade.
Um beijinho, querida amiga.
Aplaudo esse texto!
" Infelizmente é assim para todos ", dizes tu e muito bem, Tais. Não é só a correria do trabalho que nos impede de conviver com os familiares e amigos, mas também o comodismo e depois vem aquele arrependimento de não os termos visitado mais vezes. Antes da pandemia costumava visitar umas senhoras idosas que foram muito importantes para mim, na minha infância e também duas tias ; já faleceram e, apesar da tristeza, tive aquela sensação boa de lhes ter feito companhia nas horas em que estavam sozinhas Agora, imagina, tenho uma amiga que teve um AVC há uns três meses e ainda está no hospital para fazer reabilitação, pois está paralisada do lado esquerdo; tem 65 anos, não tem filhos e o marido é doente oncológico ; vai precisar muito de ajuda pois a recuperação não vai ser grande. Aqui está uma oportunidade de lhe mostrarmos que o que ela fez pelos outros não terá sido em vão e espero que eu e os outros amigos nos lembremos que interessa ajudá-la agora e não depois , se por acaso as coisas se complicarem. 'Esta grande Amiga, como não tem filhos sempre se preocupou com os filhos dos outros, ajudando no que podia e agora espero que não falte quem a ajude. Eu já fiz uma promessa a mim mesma e vou procurar cumpri-la, pois é assim que retribuirei a amizade que me dedica e me sentirei leve e serena. Ultimamente tenho perdido parentes e amigos e ao ver este texto do M Esteves Cardoso, senti-o oportuno, pois , como bem dizes, dá-nos um " cutucão " muito necessário. Obrigada, querida Tais, pelo belo comentário e fica bem, com saúde, especialmente,
EliminarBeijinhos
Emilia
Emília, adorei teu comentário sobre os professores ,infelizmente tão desvalorizados e sobrecarregados aqui e pelo que vejo aí também! Uma pena. Todos profissionais passaram por uma professora! Obrigadão,beijos, chica
ResponderEliminarObrigada, Chica, por teres voltado cá dar apoio aos professores tão maltratados, tanto ai, como cá. Um beijinho s um bom fimd3 semana
EliminarEmilia
Um excelente texto. Graças a Deus tenho saudades daqueles que já perdi, recordo-os com amor, mas tenho a noção de que fiz tudo o que era humanamente possível por eles.
ResponderEliminarAbraço e saúde
É muito bom, Elvira, quando temos a consciência de que fizemos tudo o que era possivel por aqueles que amamos e que já partiram ? Eu e o meu irmão também fizemos tudo pelos nossos, mas o facto de eu não ter estado presente quando se foram, tenho muitas vezes a sensação que não lhes disse tudo o que mereciam e que poderia ter feito mais. Mas a vida é assim...eu optei por voltar a Portugal, eles e o meu irmão optaram por ficar e assim aconteceu de não estar junto dele na última despedida. Elvira, as saudades são muitas e p0r toda a casa mantém-se todas as fotos, porque, para mim, continuam vivos. Obrigada, Amiga e um bom fim de semana, com saúde para todos vós, sempre,, Beijinhos
EliminarEmilia
gostei do texto. o autor que nos leva longe fingindo que tuudo é "brincadeira"
ResponderEliminarbeijo
É verdade, Manuel, MEC fala de assuntos sérios como se estivesse a brincar e isso é bom, principamante quando se fala de morte. Obrigada, Amigo e desejo-te um bom fim de semana, com saúde, principalmente. Beijinhos
EliminarEmilia
Minha querida...Um texto muito verdadeiro . Infelizmente não se passa isso, não se dá valor a nada nem a ninguém. Depois é demasiado tarde. Deixo um beijinho com carinho e agradecendo a visita sempre carinhosa.
ResponderEliminarCorreria e mais correria provoca esta falta de atenção ao que nos rodeia e o que é pior , não damos a atenção merecida àqueles que mais precisam dela, por exemplo os idosos. Vemos tanto abandono, tanta solidão neste grupo de pessoas que ficamos chocados. Muito obrigada, Rosa, pelo carinho da visita e desejo-te saúde, ati e aos teus. Beijinhos
EliminarEmilia
Querida Emília
ResponderEliminarUm tema difícil em que teremos de puxar do nosso íntimo
o que pensamos sobre a morte de quem amamos, e da morte em geral.
Não há na nossa tradição essa predisposição mental. Aliás, procuramos
não pensar na morte e se alguém nos morre é quase uma dor de alma
ter presentes coisas que nos lembrem a sua ausência. Procuramos,
normalmente, não sentir a sua presença como faziam outros povos
antigamente, que tinham para com os mortos a deferência de os considerar
os espíritos do lar, os "Manes", como na antiga Roma. E mesmo na actualidade,
há comunidades que o fazem, em cerimónias que, para a nossa mentalidade,
podem ser chocantes.
Por isso, o último parágrafo do autor afasta-se um pouco do nosso modo ser e, talvez, chegue
a abeirar-se desses costumes de homenagem aos mortos, mas ainda em vida.
Em Miguel Esteves Cardoso não admira esse modo de ver o mundo, tendo em conta
que a sua escrita sai um pouco dos cânones normalmente perfilhados. Ele obriga-nos
a ver mais além, utilizando uma linguagem entre o riso e o sério, mas tratando assuntos
que nos dizem muito.
Minha amiga. é um gosto vir aqui ao "Começar de Novo". É sempre um novo olhar, um novo
começar.
Boa saúde ao lado da família.
Beijinhos
Olinda
É, sim, Olinda, um tema dificil, pois não é agradável falar da morte , mas temos que nos habituar à ideia; de um momento para o outro ela bate à nossa porta e portanto, aproveitemos toda a oportunidade para dizermos que amamos aqueles que connosco vivem, visitemos os nossos doentes enquanto cá estão, não deixemos para amanhã a ajuda a um vizinho que passa por dificuldades; amanhã pode ser já tarde. Não sabia dessa cultura " Manes " que consideravam os mortos, os espiritos do lar e achei linda essa ideia: na nossa cultura chega a haver um certo medo desses espiritos, pelo menos antigamente e nas aldeias, principalmente; lembro-me de cada história que se contava que nos arrepiava. Penso que hoje, as coisas estão diferentes, mas, os mortos ainda assustam. Este texto agradou-me muito, Olinda, pelas razões que mostras no teu comentário e também pelo " humor " que Miguel Esteves Cardoso coloca num assunto tão sério. Não deveria ser considerado sério, este tema, mas....não adianta, nunca aceitaremos como normal a morte, porque perder quem amamos é muito doloroso e por muito, muito tempo fica-nos aquela sensação de que poderiamos ter feito mais por elas, a sensação de que faltou muita coisa importante a dizer. Amiga, dizes, com muito carinho que gostas de vir ao Começar de novo, pois olha, eu adoro ver-te por aqui, com os teus comentários enriquecedores e portanto, por favor, aparece sempre certo? Uma boa semana, com saúde para todos. Beijinhos e obrigada
EliminarEmilia
Esse exercício de não ficar nada por dizer... já o vou praticando, há bastante tempo! Constatei bem cedo... que a morte... não escolhe a melhor das horas, nem o melhor dos tempos, para nos separar dos nossos...
ResponderEliminarCreio, no caso do Miguel... ele ter estado na iminência de uma perda (esposa, parece-me, há uns tempos atrás)... o que felizmente, não aconteceu... daí a sua escrita ter um sentido acrescido... e intenso!
Um belo e sentido texto, que nos faz rever os afectos... reavaliá-los... e dar-lhes ainda mais valor... enquanto podemos!
Mais uma formidável partilha, Emília! Grata por isso!...
Beijinhos, Emília! Votos de continuação de uma feliz semana, estimando que se encontre bem, assim como todos os seus!
Ana
Ê verdade, temos de valorizar mais os afectos, " enquanto podemos", porque depois, a sensação que fica não é a melhor. Este texto , embora tenha sido escrito com algum humor, vai fundo na questão da morte que, como bem dizes, ela " não escolhe a melhor das horas nem o melhor dos tempos " e portanto temos de estar preparados e não pouparmos nos afectos para com os que amamos e também para com os amigos. Dar sentido à vida, tanto à nossa quanto à dos outros. Obrigada, Ana, pelo carinho e tudo bom para todos vós. Beijinhos
EliminarEmilia
Olá :)
ResponderEliminarGostei muito de ver aqui o M.E.C.
Gosto muito das crónicas dele e conhecia este texto.
Também eu gosto de decorar as pessoas..assim fica mais fácil a sua partida para a longa viagem
Excelente a sua partilha.
Abraço e brisas doces ***
Olá Amiga, só hoje te respondo porque o comentário estava no spam: vou lá sempre pois está a acontecer isso muitas vezes. Gostei muito dessa expressão, " decorar as pessoas ", pois é importante que não esqueçamos as pessoas que já se foram. Tentei fazer isso, mas para melhor recordar a sua fisionomia, tenho fotos deles espalhadas pela casa, como quando ainda cá estavam: nada alterei, mas não precisaria delas para os sentir sempre presentes. Obrigada pela tua presença e pelas " brisas doces", outra expressão que adoro. Beijinhos e e saúde para todos vós
EliminarEmilia