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Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.
De que serviu tecer flores
pelas areias do chão
se havia gente dormindo
sobre o próprio coração?
E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força
estão
velando e rogando aqueles
que não se levantarão...
Tu és folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
E vou por este caminho,
certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...
Cecília Maireles, Poesia Completa, vol. II
....tudo é vão....tudo é menos que o vento....menos que as folhas no chão...
Valemos tão pouco e há quem pense ser dono do mundo!!!!
Emília Pinto
Querida amiga Emília, boa noite de Outono!
ResponderEliminarAh! Até suspirei de tanto de reflexivo que o poema é.
Sente-se a empatia da poetisa ao se esbarrar com a dureza de certos corações (muitas vezes, dos nossos).
"Se havia gente dormindo
sobre o próprio coração? "
Que metáfora tão propícia para tudo que estamos vivendo!
Seres desumanos, no berço esplêndido coronário, sem preocupação com o semelhante e com a injustiça social ferina reinante.
Um poeta bem a calhar para a Estação das reflexões.
Interiorizar é preciso em toda ocasião.
Que as folhas mortas que insistem em ficar em nosso tronco, sejam banidas por ventos favoráveis!
Muito obrigada pelo momento que nos proporcionou.
Tenha um Outono abençoado!
Beijinhos com carinho fraterno
🍂🍁
Obrigada, Rosélia. O ser humano não muda, assim nos diz a história ; há o poder a deslumbrar aqueles que só pensam no seu umbigo e aí reside o maior problema. São muitos os homens de bem, mas nada conseguem, porque também são muitos os poderosos com mentes perversas. Façamos a nossa parte, praticando o bem e levando a vida com ética e respeito pelos outros. Um beijinho e uma semana abençoada, com saúde, principalmente
EliminarEmilia
Maravilhosa poesia da Cecília que tanto gosto!
ResponderEliminarDesejo um lindo e feliz outono por aí! beijos, chica
Também gosto muito, Chica e fico feliz quando consigo agradar os amigos. Um beijinho e desejo-te uma boa semana com muita saúde
EliminarEmilia
Cecília Meireles uma poetisa exemplar. Adoro ler os poemas dela.
ResponderEliminar.
Feliz fim de semana … cumprimentos
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.
Que bom, Ricardo! Fico feliz que tenhas gostado. Afinal, também és um poeta
EliminarBeijinhos e saúde para todos
Emilia
Não valemos grande coisa, mas há quem tenha a noção de que é dono do mundo. Somos como a folha que esvoaça com o vento e se desfaz. O barro que somos, será pó e cinza. Para quê tanta ganância de poder? O poema da Cecília Meireles é muito belo como é toda a obra que ela escreveu. Desejo que o seu outono seja em paz e com saúde, minha Amiga Emília.
ResponderEliminarUm beijo.
É verdade, Graça, a vida é tão curta, seremos todos reduzidos a pó e passamos esse tempo a prejudicar os outros, a praticar actos impróprios de seres pensantes. Somos tão pequenos que nem as folhas respeitamos fazendo com que tombem com as árvores que abatemos, que queimamos sem dó nem piedade. Sim, temos de chorar muito pelo que não fizemos e poderiamos ter feito, temos de chorar pela nossa fraqueza, pela nossa cobardia, calando perante o que vemos. Cecicila chora e, com ela, devemos chorar todos nós. Obrigada, Graça, pelo carinho da visita. Desejo a todos vós uma boa semana, principalmente co saúde
EliminarEmilia
A melancolia outonal está bem presente neste belo poema de Cecícila Meireles.
ResponderEliminarO sol de verão é que tem custado a despedir-se de nós, neste cantinho ocidental da Europa.
De facto, amiga Emilia, somos simples passageiros de uma viagem breve, quando chegarmos ao fim não levaremos terras nem bens, iremos como chegámos; sem nada. Enquanto a sede de poder for maior do que a emoção pela dádiva da vida, seremos menos ainda do que simples folhas caídas...
"A vida dura num momento,
Mais leve que o pensamento,
A vida leva-a o vento,
A vida é folha que cai!"
Pena que os senhores, donos do mundo, não conheçam este poema de João de Deus.
Parabéns pelo excelente post que nos faz reflectir.
Um beijinho e um bom fim-de-semana, Emília
Perdão, houve alí uma gaffe no nome da poetisa, Cecília foi o que eu pensei ter escrito.
EliminarSe a Emília não tem a moderação de comentários activada, então, os meus foram parar à cx. de Spam... :(
ResponderEliminar" Os senhores do mundo "não conhecem esse lindo poema de João de Deus, dizes tu, Janita e eu acrescento que eles desconhecem tudo aquilo que soe a respeito pelos outros; foram crianças encantadoras, adolescentes com sonhos, mas algo os transformou em seres detectáveis e malignos; a educação, o meio em que viveram, a índole transformou-os em pessoas com uma ânsia de poder desmesurada que não olham a meios para atingirem os seus objecticos. As barbaridades são tão grandes que nos custa a acreditar que não tenham problemas mentais graves. Este poema, na sua " melancolia outonal " faz-nos ver que ,ao contrário da folha seca que terá uma nova cor na próxima primavera, nós seguiremos em frente deixando para trás o melhor de nós; não teremos uma nova primavera para nos renovarmos. Obrigada, Janita, pelo carinho e fica bem, com saúde, sempre. Um beijinho
EliminarEmilia
Seres detestáveis... queria escrever
EliminarBeijinho
Emilia
Um poema muito interessante!
ResponderEliminarO que adianta quere ser dono do Mundo?? Mas sim, há quem se ache e nos ande a infernizar a vida.
-
A emoção da voz, em triste noite escura ...
Beijos
Bom fim de semana.
Não adianta nada, Cidália, mas o pior é que " infernizam a nossa vida " com a sua arrogância e prepotência. Obrigada, Amiga! Um beijinho e saúde
EliminarEmil8a
Emília querida amiga, não diria que nós não valemos nada, digo pior, a vida não é respeitada, parece que cada vez vale menos, não vale nada aos olhos de muitos. Não damos o valor merecido a ela, o ser humano mata, desfaz, briga por porcaria, por palmos de terra fazem guerra e acabam com tudo e com todos, com enorme leviandade, até o pobre planeta está se indo!
ResponderEliminarOs animais estão morrendo em seu habitat sem atacar ninguém, e tudo devido as queimadas que não têm fim. A irresponsabilidade de governantes. Matar um animal? São mortos sem terem a mínima defesa. A vida não é valorizada, um presente maravilhoso que ganhamos de presente e de graça! Mas vemos essas atrocidades todas, acontecerem todos os dias, todos os minutos.
“E vou por este caminho,
certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão…”
Poema maravilhoso da grande Cecília Meireles, tão sensível quanto ela foi.
Um beijinho, amiga, aplausos para tua postagem.
É verdade, a vida não é respeitada, para alguns, tirar a vida a outro é como se fosse beber um copo de água, mas o que mais choca é que essa leviandade seja feita pelos únicos seres com inteligência; diz-se que os animais irracionais agem por instinto, mas dão tantas lições aos humanos que parecem ser eles os mais inteligentes. E aqui está a Cecília ,Meireles, usando uma " folha seca " para nos mostrar que somos finitos e que, sim, temos de " chorar " pelo que não fazemos, pela nossa fraqueza, pela nossa atitude passiva perante tantas atrocidades. Muitas vezes fechamos os olhos, como se o que se passa à nossa volta não nos dissesse respeito e não é assim, Amiga...a vida dos outros interessa assim como tudo o que acontece à natureza; do jeito que estão as coisas, daqui a pouco não veremos folhas secas no chão, Obrigada, Tais, pelo carinhoso e pertinente comentário. Um beijinho e saúde para todos vós
EliminarEmilia
Um poema muito bonito cuja partilha nos permite aprender o quanto é pequena a dimensão da condição humana.
ResponderEliminarAbraço amigo.
Juvenal Nunes
A partir de uma folha seca, Cecilia Meireles mostra-noe que é esse o nosso fim: como a folha que cai, findo o seu ciclo, assim nós terminaremos no fim da nossa caminhada. Não somos nada , mas achamo-nos tantas vezes superiores a tudo e a todos.. Obrigada, Juvenal, pela visita e desejo-te um bom fim de semana, com saúde para todos. Um beijinho
EliminarEmilia
Somos pequenos, de facto, mas estamos a causar grandes estragos.
ResponderEliminarEscolheste um magnífico poema.
A Cecília Meireles é uma grande poetisa.
Boa semana, querida amiga Emília.
Um beijo.
Disseste uma boa verdade, " somos pequenos, mas estamos a causar grandes estragos " a todos os niveis, Jaime. Uma folha, por mais pequena que seja, cai, ao terminar o seu ciclo de vida, mas nunca causou estrago nenhum, anyes pelo contrário; o ser humano, com a sua estupidez até desrespeita uma simples folha ao tratar tão mal as árvores que são o " o pulmão do mundo". Gostei muito deste poema, Amigo, que soa a lamento, a arrependimento por tanta coisa que poderiamos ter feito e não fizemos; ; há por aí tanta " folha seca " que fingimos não ver, caida no chão e a precisar de cuidados. 9brigada, Jaime e um bom fim de semana, com saúde, especialmente. Beijinho
EliminarEmilia
poema muito belo, imagens muito bellas
ResponderEliminarabraço
Obrigada, Manuel! Um poema muito belo, simples, mas que nos deve levar a uma grande reflexão. Um bom fim de semana, Amigo e saúde para todos aí em casa. Beijinhos
EliminarEmilia
Um belo poema que foca bem a realidade humana : menos que folhas ... e, como bem dizes, há quem se julgue dono de tudo!
ResponderEliminarQuerida Amiga, carinhoso abraço e feliz Outono :)
O problema são esses mesmos que se acham os donos do mundo e não respeitam nada nem ninguém e essa obsessão pela suprioridade, pala conquista do poder, pelo ter cada vez mais que provoca toda essa insegurança no nosso mundo, Nunca teremos paz, Amiga! Isso é uma utopia. Obrigada, São pela vista e desejo-te um bom fim de semana. Beijinhos
EliminarEmilia
Somos tão leves, tão frágeis como uma folha levada pelo vento...
ResponderEliminarObrigada pela partilha
Beijos e abraços
Marta
Somos mesmo, Marta, de um instante para o outro tudo muda e, assim como a folha, caimos e secamos. Seria bom que tivessemos consciência dessa fragilidade. Um beijinho e fica bem, com saúde, especialmente. Obrigada
EliminarEmilia
Linda poesia.
ResponderEliminarArthur Claro
http://www.arthur-claro.blogspot.com
Obrigada, Arthur, pela visita. Um beijinho e que a vida te abençoe com muita saúde
EliminarEmilia
Emília,
ResponderEliminarLindos versos e realmente
traduzem a reticência com a qual
deixamos as folhas irem embora,
porém faz parte do ciclo da vida.
Linda publicação.
Bjins
CatiahoAlc.
O ciclo da vida é esse mesmo, Catiaho, as folhas morrem no outono, para novas aparecerem na Primavera e connosco acontece o mesmo, desaparecem uns e nascem outros, por mais triste que isso seja. Obrigada pela visita e um dia destes, prometo, aparecerei para um cafezinho, certo?. Beijinhos, Amiga!
EliminarEmilia
Querida Emília
ResponderEliminarBelíssimas as cores do Outono. Amarelo e castanho a que se juntam o vermelho, o roxo, o laranja numa profusão que atapeta o chão de forma encantadora. As árvores largam as suas folhas e brindam-nos com elas. Vêm secas e estaladiças e o vento faz o seu trabalho levando-as e depositando-as onde bem lhe apetece. Terreno propício para os poetas se inspirarem tanto no que respeita à magia desta estação como pelo cinzentismo que lhe adivinha. E aqui temos Cecília Meireles num dos seus mais belos poemas fazendo jus ao seu talento. Apela à folha seca e confere-lhe personalidade e lamenta não poder tratar dela. Mas é nela que se sustém e vê a efemeridade da vida.
Minha amiga, grata por trazeres esta bela poetisa.
Desejo-te saúde e alegria ao lado da família.
Beijinhos
Olinda
As cores do Outono são belissimas, mas como bem dizes, " um cinzentismo se lhes adivinha " e, sinceramente, não gosto desse cinzento que nos trará o inverno. Gosto de sol e de ver tudo florido, mas os meus gostos interessam pouco: a vida segue o seu ritmo e nós temos de a acompanhar. É verdade, Olinda, este poema é nostálgico e, através de uma folha seca a autora leva-nos a reflectir sobre a finitude da vida, do pouco que valem os bens materiais se não os soubermos usar com equilibrio; são importantes, mas não devemos permitir que nos ceguem a ponto de os colocarmos acima do que realmente importa, os afectos e o respeito . Falas da palavra no teu post, e esta, o RESPEITO, podemos considerá-la como a " unica, a última, a mágica ", não te parece? A falta de respeito é, na minha opinião o principal motivo de tantas disputas e guerras, não só a nivel mundial, como a nivel familiar, por exemplo. Querida Olinda, muito obrigada pelo belo comentário e deixo-te um abraço carregadinho de amizade. Saúde para todos aí em casa
EliminarEmilia
Corrigindo:
ResponderEliminar"que se lhe adivinha"
Bj
Olá, amiga Emília, a nossa grande poeta Cecília Meireles, que também é um pouco
ResponderEliminarportuguesa, deixou-nos uma obra poética, incluindo poemas infantis, da maior importância.
Pena que Cecília tenha nos deixado tão cedo, com 63 anos de idade. Mas, a sua obra
perdura com grande atualidade, destacando-se dentre importantes poetas da Poesia Moderna
e da Poesia Contemporânea, embora não tenha participado da semana de Arte Moderna na
capital Paulista em 1922.
Talvez sua ausência tenha se dado por certa indiferença por parte dos realizadores da Semana,
que, mais tarde reconheceram o seu inestimável valor, embora por ser tratar de mulher a aproximação entre eles deu-se mais lentamente do que ela merecia. Mas, o fato é que ela
está aí entre nós, não apenas no Brasil, mas também em Portugal onde nasceu sua avó materna
como também em outros países da Europa, da índia e dos Estados Unidos, em cujos países lecionou Literatura Brasileira e fez muitas conferências sobre poesia e demais gêneros da Literatura.
Parabéns, querida amiga Emília, pela iniciativa de postar esse belo poema da Cecília para
que seja relembrada ou conhecida pelos mais jovens.
Beijo e votos de um excelente domingo, com sua família.
Muito me dizes sobre esta grande poetisa, Cecilia Meireles, Pedro. Não sabia nada sobre a vida dela e agora fiquei a conhecê-la melhor. É natural que não lhe tenham dado o devido valor por ser mulher, pois, infelizmente, ainda hoje, as mulheres são discriminadas. Mas a sua obra foi-se impondo e ela é reconhecida no mundo inteiro. Não sabia que a sua avó era portuguesa, embora não me tenha causado espanto; há muitos brasileiros descendentes de portugueses e para mim isso é um grande orgulho; gosto muito do Brasil e também eu, tenho dois brasileiros na familia, ou melhor, tenho três, dois filhos e uma nora. Como vês , a minha união ao Brasil será para sempre. Um beijinho, caro Amigo e fica bem, com saúde para todos vós. Obrigada!
EliminarEmilia
Andamos a lutar por palmos de terra, quando o clima está a mudar tanto, que em breve andaremos a lutar por copos de água... mas é da natureza humana lutar por qualquer coisa em vez de aprender a coexistir... ou a partilhar...
ResponderEliminarMais um poema lindíssimo, celebrando a nova estação... com a sensibilidade de Cecília... e mais uma partilha de excelência, por aqui!
Um beijinho! Que seja um Outono sereno para todos nós, pois o mundo já anda tumultuado que chegue, por estes dias...
Ana
Sempre foi assim, não é Ana? O homem sempre gostou do poder e isso faz de alguns verdadeiros irracionais. Este poema é lindissimo e usando uma folha caída ela mostra-nos que a vida é muito curta e que num " piscar de olhos " viramos pó,: não vale a pena tanta arrogância, tanto guerra por mais um pedaço de terra, porque de um momento para outro tudo see vai, como uma folha caida que é arrastada pelo vento Obrigada, querida Amiga pelo carinho e que a vida vos abençoe, principalmente com saúde. Beijinhos
EliminarEmilia