quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

NO MEU TEMPO......

 Imagem da net


...... não Era Assim 


Ficar velho deve ser, presumimos, ficar preso a noções e ambições que constituíram a aposta do tempo da juventude. Mas as pessoas esquecem que, enquanto vão aplicando essas noções e ambições, outras pessoas nascem e se fazem homens, tendo do mundo uma visão diferente. E é a visão mais recente - até que outra mais nova ainda a venha substituir - que garante a sobrevivência espiritual e material do homem no mundo. Assim, aos que se não encontram em estado de vigilante disponibilidade será recusada a compreensão sempre refeita da realidade. É essa mesma massa humana que se torna um peso para o próprio desejo humano de progressão, que se faz obstáculo ao dinamismo natural da vida. Por mais argumentos que julgue encontrar, a velhice nunca tem razão. Não há plano de realidade, nem tipo de actividade, onde isto não seja assim. (…) O mal das sociedades que se orgulham de uma grande tradição cultural é que supõem haver encontrado a forma definitiva de resolver os problemas todos. Passa-lhes desapercebida a qualidade dinâmica da realidade e a exigência que esse mesmo dinamismo tem de instrumento, que da tradição apenas aproveitem aquilo que não morreu e que normalmente é muito menos do que se pensa. Em todos os domínios, há Velhos do Restelo, que ficam à borda de água meneando sabichonamente a cabeça e falando da loucura do mundo.

 Dizem eles: no meu tempo não era assim. Pois não era, senhores cadáveres.


 Herberto Heldér

Infelizmente, confesso... até eu já disse essa  " asneira ". Temos muito a ensinar, certo,  mas também muito a aprender com as novas gerações.  Vivamos o momento sem nos" armarmos " em sabichões!


Emília Pinto



28 comentários:

  1. Muito bom,mas creio todos nós dissemos ou ainda por vezes pensamos isso... Mas não podemos nos achar melhores do que as novas gerações... beijos, chica e tudo de bom!

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    1. Claro que não, Chica, mas às vezes no meio de tantas " modernices " sai essa infeliz frase, muito infeliz, na realidade, pois, se eu tenho um blog, ao meu filho o devo e muitas vezes ainda tenho de lhe pedir socorro. Portanto, Amiga, cuidadinho com a nossa " lingua " não é verdade? Um beijinho e muito obrigada pela visita. Saúde!
      Emilia

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  2. Que conclusão sabia, querida amiga Emília!
    Arvorar-nos de juízes dos demais é um grosso modo de conviver. Denota toda falta de sabedoria de vida.
    Cada tempo tem seus costumes típicos e sua própria maneira de adaptação a eles.
    Os mais novos vivem à atualidade de forma mais natural, certamente.
    Têm coisas que eles dão um show de sabedoria que nós não alcançamos porque não as vivemos.
    Não se precisa ir longe, basta ouvir filhos e, num futuro, os netos.
    Quem não sabe conviver com visões diferentes perde em qualidade de vida.
    Tenha dias abençoados junto aos seus amados, com saúde e paz!
    Beijinhos carinhosos

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    1. As novas tecnologias chegaram com tanta força que nós, os tais sabichões, não somos capazes de acompanhar e, claro, é com os mais novos que aprendemos. Os netos? Esses já me dão cada lição, Amiga!!!! Nós vivemos noutra época, muito diferente, mas já ouviamos os mais velhos a dizerem " no meu tempo não era assim " e não tarda a ouvirmos os nossos filhos a dizerem o mesmo. Aliás, já vejo os meus filhos a repreenderem os deles, exactamente como eu fazia e na altura eles ficavam furiosos com a mãe. Como diz o ditado " filho és, pai serás...) Rosélia, muito obrigada pelo carinho e espero que, por aí, já não haja confinamentos Beijinhos e saúde!
      Emilia

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  3. Ler Herberto Helder é sempre um desafio, minha Amiga Emília. De facto a realidade é dinâmica e por isso se vai transformando com o tempo. E o "tempo verdadeiro" passa de qualquer modo, independente das coisas que acontecem. Porque o tempo nunca é outro. É o tempo que vivemos, em cada minuto como soubermos melhor. A visão diferente dos outros não pode assustar-nos ou levar-nos a pensar que no nosso tempo era melhor. Afinal à medida que vamos envelhecendo vivemos tanto de recordações... E como escreveu um poeta meu amigo " a memória vai mudando, e o que recordamos muda-nos".
    Tudo de bom para si.
    Muita saúde.
    Um beijo.

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    1. O teu Amigo tem razão, Graça! Vivemos com recordações do passado, boas e menos boas e vamos mudando recordando esse passado, aliás, penso que essa é nossa obrigação : temos de aprender com o tempo vivido e esse aprendizado surge convivendo com as gerações mais novas, não é verdade? Tem de haver sensatez e equilibrio... não desprezar os idosos como " trapos velhos " sem serventia nem pensar que os jovens são uns irresponsáveis que não sabem nada e que só pensam em diversão,. A troca de experiências entre uma geração e outra é muito enriquecedora e, por isso, tenho muita pena daquelas crianças que não têm oportunidade de conviver com os avós, ou por já terem partido ou por estarem " enclausurados " em lares. Os meus filhos conviveram muito com os avós e isso enriqueceu-os muito ; aprenderam a respeitar os mais velhos e isso é importantissimo. Graca, minha Amiga, muito obrigada pela presença e desejo que o teu fim de semana seja bom, apesar do frio e que a saúde esteja sempre presente aí em casa. Beijinhos
      Emilia

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  4. Tem que haver equilíbrio e respeito... Tudo é importante: o que aconteceu ontem, o que está a acontecer e o que acontecerá amanhã...Por isso, viver é, será sempre um desafio....
    Uma boa escolha....
    Beijos e abraços
    Marta

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    1. Isso mesmo, Marta, respeito pelos mais velhos e respeito pelas novas gerações, porque, afinal, elas são fruto daquilo que nós lhes passámos. Viver é " um desafio ", tens razão, Amiga! Um beijinho e muito obrigada! Espero que estejam todos de boa saúde que é o mais importante.
      Emilia

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  5. Tudo vai mudando.
    Um magnífico texto, obrigado pela partilha.
    Continuação de boa semana, amiga Emília.
    Beijo.

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    1. " Tudo vai mudando," e nós também, Jaime. Mudamos fisicamente quer queiramos, quer não, mas, seria bom que mudassemos também a mentalidade e, se assim fosse, com certeza o mundo estaria melhor. Obrigada, Jaime, pela visita e desejo- re um bom Domingo, tranquilo e com saúde, sempre. Um beijinho
      Emilia

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  6. Emília, minha querida, escuto muito isso, sim, e também numas emboladas da vida devo ter dito essa asneira, também, só que esquecemos. O meu tempo também é esse de agora, só que a nossa idade mudou, mas escuto certas coisas que muitas vezes penso ser uma múmia! Morri. O tempo avança sempre, não vai parar. Não acho que aqueles tempos eram melhores, não; eram tempos diferentes. Mas o mundo é nosso, o tempo que estamos vivendo é nosso. Nós dizemos que no nosso tempo era 'assim'; nossos filhos dizem que no nosso tempo era 'assado'. Acho melhor pegar a história da humanidade, não ficará pedra sobre pedra, nenhuma dúvida!
    Quem sabe daqui a uns bons anos o homem não estará morando, também, noutro planeta? Vamos fazer um intercâmbio! E a coisa vai continuar, dirão muitos, os mais velhos, que no tempo deles, era melhor, moravam na Terra! Não vão nem perceber a enorme evolução que atravessaram!
    Sim, dizem muito que o mundo está muito louco, mas e 'naqueles tempos' ? Todos anjinhos? As tremendas bombas seriam rosas perfumadas?
    Amiga, o ser humano evoluiu, mas a sua 'essência' continua a mesma, essa podia ter mudado bem mais -para melhor! Não há do que se gabar.
    Um beijinho, querida amiga, um bom fim de semana!

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    1. Poie é Tais, temos um pouco a mania de achar que os jovens de hoje são uns irresponsáveis, que só pensam em divertir-se, etc, etc, mas, se assim é, de quem é a culpa? Dos idosos " sabichões ", claro! Quem os educou, quem os preparou para a vida? Fomos nós! Claro que há de tudo, assim como de tudo havia quando nós eramos mais jovens e já ouviamos isso dos nossos pais e avós. O melhor, é convivermos uns com os outros, aproveitando o que os jovens sabem, completementando assim o que sabemos nós. Juro! Nunca mais direi essa asneira, Amiga! Um beijinho e muito obrigada pelo belo comentário. Saúde, Amiga!
      Emilia

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  7. Querida Emília,
    Helberto Hélder não é fácil de interpretar, controverso, dizia de si próprio que era “mais mortal do que os outros animais”.
    Todos os tempos têm as particularidades próprias da época, nem pior nem melhor que atualmente.
    O ser humano não muda, o que mudam são os tempos. Pessoalmente não sou muito de achar que no meu tempo era melhor, eu é que era melhor, mais jovem e mais saudável (risos).
    Tenho aprendido muito com os jovens, gosto de atualizar e são eles que nos "fornecem" esse conhecimento. No caso das novas tecnologias é flagrante essa aprendizagem..
    Com os mais velhos do que eu também aprendo, principalmente observando-os e pensando se gostaria ou não de envelhecer como eles.
    Mas o futuro vai ser tão diferente também que não dá para fazermos previsões.

    A cabo com esta farse sua que concordo inteiramente :
    "Vivamos o momento sem nos" armarmos " em sabichões!"


    Um grande beijinho com o desejo de um feliz fim de semana!

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    1. Não sei o que ele quereria dizer com essa frase, Fê, mas talvez ache que os animais são melhores que o homem e em certa medida até sao; os animais " não sujam a água que bebem, não abandonam as suas crias, não matam por nada. Segundo Augusto Cury, nós somos eternos no significado que deixamos na vida dos outros, ora, se não nos preocuparmos com isso e a nossa vida for vazia, morremos mesmo. Se calhar há animais que deixam mais saudades do que alguns humanos, tornandi-se imortais. Talvez ele tenha alguma razão, Amiga! Claro, Fê, que o melhor será haver uma convivência saudável entre as varias gerações, aprendendo Umas com as outras, mas, infelizmente isso acontece cada vez menos. As crianças, hoje em dia pouco convivem com os avós e isso é desastroso para ambos os lados; por outro lado, há idosos que não entendem os mais novoe e que se esquecem de que já foram jovens e também não eram entendidos pelos pais e avós. Acho que é natural e que vai continuar a haver esta " luta " de gerações, não te parece? Já vamos percebendo isso no relacionamento dos nossos filhos com os filhos deles e a tendendencia é piorar. Amiga, muito obrigada pelo pertinente comentário e foi um gosto ver-te por aqui. Beijinhos e saúde para todos vós
      Emilia

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  8. Passei para ver as novidades...
    Aproveito para te desejar um bom domingo e uma boa semana, amiga Emília.
    Beijo.

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    1. Obrigada, Jaime. Cá vamos andando, com saúde que é o que importa. Um beijinho e até breve
      Emilia

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  9. Por muito respeito que me merecesse (e continue a merecer, embora nos tenha já deixado) nem sempre concordo com as ideias de Herberto Hélder.
    Expunha/impunha as suas ideias como senhor absoluto da verdade, e, na minha modesta opinião, isso não é uma virtude. Devemos ter a humildade de pensar e sentir que a vida é um contínuo aprendizado: não há quem saiba tudo (os tais donos da verdade) assim como não há quem seja completamente ignorante. Quanto ao passado e ao presente... houve sempre conhecimentos que se trouxeram dos "velhos tempos" e que ajudaram ao desenvolvimento dos tempos modernos.
    Eu sou muito convicta dum conceito que me tem orientado e com o qual não me tenho dado mal...
    "Viver o presente sem esquecer o passado e com os olhos no futuro". (a frase é da minha autoria, e é de acordo com ela que tenho tentado viver).

    Minha querida, muitíssimo obrigada pelas tuas lindas palavras de carinho e conforto. Sabes que a Amizade é recíproca, e que podes sempre contar comigo.
    Abraço muito apertado.

    Uma semana feliz.
    Beijinhos
    MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

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    1. Querida Mariazita, começo pela tua frase com a qual concordo plenamente. Costuma-se falar muito na importância do " Aqui e agora", porque o passsado já passou e o futuro é incerto; pois bem, nós somos o que o passado fez de nós e talvez não haja um dia em que os meus tempos idos não me venham à mente, seja pelas pessoas que já partiram, seja por recordações ao olhar as fotos dos meus filhos ainda pequeninos, seja ao olhar para a casa onde vivi até me casar, agora velhinha e vazia de gente. E o futuro? É incerto, mas, se o tivermos? Como faremos, se não pensarmos nisso ? Passado, presente e futuro, tempos nossos, enquanto por cá andarmos, isso é o que deve ser e tens toda a razão. Quanto ao texto, Amiga, escolhi-o precisamente por causa " dos tais donos da verdade " mais precisamente por causa daquelas pessoas que se " escandalizam " com tudo e não podem ver, por exemplo uma mulher de saias muito curtas, jovens a namorarem na rua, etc, etc, " acham que as raparigas de hoje não têm pudor, os rapazes só pensam em diversão, uma rapariga sair à noite sozinha é uma vergonha; infelizmente, ainda vemos muito disso na nossa sociedade e depois lá sai aquele " no meu tempo não era nada disso" Às vezes era ainda pior, só que tinha de ser ás escondidas. O melhor mesmo é termos consciência de que " a vida é um eterno aprendizado " e que aprendemos com a convivência saudável uns com os outros Sei, querida Amiga, que posso contar com a tua Amizade e o que mais desejo é que a dor comece a suavizar aí na tua familia. Um beijinho e uito obrigada
      Emilia

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  10. Lamento muito , mas não concordo com HH .

    Ele critica um erro e cai noutro.

    Existe algo que ninguém pode tirar à velhice: a experiência da vida e a sabedoria que o facto acarreta.

    Te abraço, com voto de que tu e família estejam bem e que tenham bom resto de Janeiro, com participação numas eleições perfeitamente dispensáveis .

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  11. Concordo que ele tenha caído no terrivel erro de dizer que a velhice não sabe ada, São, mas não é isso que vemos nos filhos que, cedo, já acham os pais um estorvo, privando os netos da convivência tão importante com os avós. Claro que é sempre com os mais velhos que os novos aprendem e, mesmo sem qualquer formação a nivel académico, os idosos são muito sábios e conheci tantos na aldeia onde vivi. Foram muitos e alguns tão importantes para mim que os recordo com muita saudade Mas, como disse na resposta à Mariazita, gostei do texto por caussa daquelas pessoas que se acham " muito santas " e começam a comparar os jovens de hoje com os de antigamente, Antigamente era tudo muito diferente, mas n quer dizer que fosse melhor. Uma vez, São, um a igo do meu pai estava com ele e viu-me de carro com o meu namorado ( agora marido ) e disse-lhe " " tu deixas a tua filha andar de carro com o namorado ?" O meu respondeu: " entrego a sto António " Era assim e agora nada disso acontece, mas há quem ache que está errado. Enfim....são os " tais donos da verdade " que se acham melhores que os outros Amiga São, muito obrigada pela visita e ....que bom lembrar o meu pai e este " sabonete " que deu amigo ( um sacana, diga-se !!!) Beijinhos e Domingo lá estarei para votar
    Emilia

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  12. Corrigindo
    Com os avós?
    Causa
    AmigoO meu pai
    Desculpa tanto erro
    Bjo
    Emilia

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    1. Minha querida, claro que quanto aos auto proclamados donos da verdade , HH tem razão.

      Simplesmente, também essas criaturas existem nas gerações mais jovens, talvez não tanto a nível de comportamentos , mas a outros...

      Não tens que pedir desculpa , como é óbvio.


      Te abraço com amizade :)

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    2. Obrigada por teres voltado aqu, São! Um beijinho e saúde para todos aí!
      Emilia

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    1. Que bom que gostaste, Amiga! Obrigada! Fica bem, principalmente com saúde! Beijinhos e volta sempre!
      Emilia

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  14. Belíssima partilha, Emília! Nunca nos devemos esquecer, que tudo é relativo. Nunca sabemos de tudo, mesmo no nosso próprio tempo... mas deve haver uma cultura de respeito, em que o passado deveria ser considerado e levado em conta... e nesse aspecto... as novas gerações, simplesmente não consideram tal hipótese. É mais credível o Dr. Google, com a sua aleatoriedade informativa, do que uma pessoa com experiência de vida, e do seu saber conferido pela idade... que partilhe uma experiência pessoal ou um parecer sobre algum tema mais específico... e talvez por isso... de tantas vezes se cometer tal erro... os mesmos erros se cometem... a História da humanidade é um manancial de erros repetidos...
    Beijinhos! Feliz domingo!
    Ana

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    1. Sabes, Ana, tudo é relativo, sim e tens razão naquilo que escreves, mas já reparaste que as novas gerações, cedo deixam de conviver com os avós? É-lhes tirada essa experiência tão valiosa, muitas vezes sem necessidade; há casos e casos, mas, mesmo naqueles em que um idoso tem de ir para um lar, por motivos graves de saúde, a maioria é lá largada e nunca recebe a visita dos netos. Como podem estes ter respeito pelos mais velhos, se os pais são os primeiros a " descartarem " os progenitores. Tenho pena de muitos que ainda poderiam ser úteis aos filhos , mas estes já não os querem, já são um estorvo e o melhor é colocá-los num lar, alegando que lá estão melhor; podem até estar, mas, então, continuem a levar-lhes os netos, vistem- nos com frequência e não os tratem como trapos felhos que já não servem para nada. Quando morrerem, haverá lindas flores enfeitando a sepultura, com toda a certeza. Ana, obrigada por teres vindo atrás, dando a tua opinião sobre a mensagem que quis oassar com este texto. Beijinhos e saúde
      Emilia

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