Desde que tudo me cansa,
Comecei eu a viver.
Comecei a viver sem esperança...
E venha a morte quando
Deus quiser.
Dantes, ou muito ou pouco,
Sempre esperara
Às vezes, tanto, que o meu sonho louco
Voava das estrelas à mais rara;
Outras, tão pouco
Que ninguém mais com tal se conformara
.
Hoje, é que nada espero
.
Para quê, esperar?
Sei que já nada é meu senão se o não tiver;
Se quero, é só enquanto apenas quero;
Só de longe, e secreto, é que inda posso amar. . .
E venha a morte quando
Deus quiser.
Mas, com isto, que têm as estrelas?
Continuam brilhando, altas e belas
José Régio, in 'Poemas de Deus e do Diabo'
Quem foi José Régio?
Foi em Vila do Conde nasceu, filho do ourives José Maria Pereira Sobrinho e de Maria da Conceição Reis Pereira, e aí viveu até acabar o quinto ano do liceu. Ainda jovem publicou os seus primeiros poemas nos jornais vilacondenses A República e O Democrático, dirigidos por seu tio e padrinho António Maria Pereira Júnior. Depois de uma breve e infeliz passagem por um internato do Porto (que serviu de matéria romanesca para Uma gota de sangue), aos dezoito anos foi para Coimbra, onde se licenciou em Filologia Românica em 1925 com a tese As correntes e as individualidades na moderna poesia portuguesa. Esta tese na época passou um pouco ignorada, uma vez que valorizava poetas quase desconhecidos na altura, como Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro; mas, em 1941, foi ampliada e publicada com o título Pequena história da moderna poesia portuguesa. Morreu em Dezembro de 1969.
Já há muito não lia nada deste nosso escritor que nasceu e morreu numa cidade piscatória aqui do
norte, bem pertinho do lugar onde moro. Gostei muito deste poema onde ele mostra grande SABEDORIA
Emilia Pinto
Beleza de poema, tão profundo e lindo! Boa escolha pra compartilhar conosco! Lindo dia! bjs, chica
ResponderEliminarMuito obrigada, Chica, pelo carinho que demonstra para com o começar de novo; sempre muito assidua e simpática. Fico feliz que tenha gostado. Um beijinho e tudo de bom!
EliminarEmilia
Gosto muito de José Régio. Tenho alguns livros dele que me proporcionaram horas de encanto e sonho.
ResponderEliminarUm abraço
Que bom, Elvira! Penso que todos os que andam neste mundo dos blogs gostam que o que fazem agrade aos amigos seguidores e eu não fujo à regra. Fico sempre muito contente quando vou ao encontro dos gostos dos meus amigos. Um beijinho e desejo-te muitas alegrias em cada um dos dias que a vida te vai concedendo.
EliminarEmilia
Olá, querida Emília
ResponderEliminarTudo bem, contigo? O Verão quase no fim, os dias estão mais frescos, quase que sinto já um cheirinho de Outono. Gosto muito das estações intermédias. Não há muito calor nem muito frio.
Este poema de José Régio coloca-me num dilema. Há uma certa desesperança, uma espécie de deixa andar, de não querer nada para não sofrer frustrações ou desilusões, não? Há um não sei quê de determinista, como quem diz: por mais que eu faça, não interessa nada, não vou poder alterar ou melhorar nada, o globo terrestre continuará a rodar sobre si próprio...
Mas, não. Vejo que tenho de o ligar ao "Cântico Negro", um poema igualmente forte, com afirmações bombásticas e que termina de forma gloriosa, com uma grande determinação de quem sabe o quer.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!
Grande José Régio!
E grande também a impressionante figura do teu post anterior: D. Pedro V. O que este homem não teria feito se tivesse vivido mais tempo. Morreu muito jovem mas a sua obra, o seu interesse pelos outros, a sua bondade deixaram marcas. Pena é que não seja recordado como ele merece. Ainda bem que tu o fizeste.
Muito obrigada, querida amiga.
Beijinhos
Colocou-te num dilema, querida Olinda ? A mim também e com certeza a muitos que o lerem. Claro que não podemos saber o que ia na alma do poeta quando escreveu este " desabafo " e cada um que o ler vai interpretar de maneira diferente. Sinceramente, vou-te dizer o que pensei quando o li; lembrei-me daquelas pessoas, como os meus pais, por exemplo, aos quais a idade e a doença lhes tiraram as capacidades fisicas e mentais ( o meu pai ) de esperarem algo mais da vida a não a ser olhar as estrelas do céu ( o meu pai já nem isso quer ) e pensarem , " que venha a morte quando Deus quisrr " .O meu pai era daquelas pessoas capazes de dizer : " não sei por onde vou, não sei para onde vou, mas sei que não vou por aí. Ele sempre foi assim, forte, determinado, lutador e e com um gosto impressionante por viajar. No entanto hoje está mesmo na situação de pensar " que venha a morte quando Deus quiser " . Claro que por vezes, mesmo não estando na situação a que me referi, nos sentimos desanimados, sem esperança e demasiado pequenos para modificar aquilo que à nossa volta vemos de errado e vem a pergunta: " que interessa o que fazemos se nada muda ? É muito natural que sintamos desânimo e todos sentimos, nem que seja por breves momentos. Olinda, agradeço-te imenso este belo comentário e espero que estejam todos bem aí por casa. Quanto ao clima, costumo dizer que gostaria que fosse sempre como o Inverno brasileiro, nem muito calor nem muito frio, mas não mando e por isso há que aguentar o nosso Inverno que, para mim, é muito rigoroso; calor demasiado não é muito bom, mas eu prefiro-o ao frio em excesso; aguento muito bem o calor, amiga.. mais uma vez, Olinda, muito obrigada pelo carinho. Um forte abraço.
EliminarEmilia
Viver e amar num Mundo que desilude... Porque vive fechado em si próprio....
ResponderEliminarObrigada pela partilha...
Beijos e abraços
Marta
Obrigada, Marta, pela visita. Creio que todos nós, em algum momento, nos sentimos desiludidos com o mundo em que vivemos e tristes por pouco podermos fazer para uma mudança. Beijinhos, amiga e fica bem.
EliminarEmilia
Gosto de José Régio, embora há muito não leia nada dele.
ResponderEliminarFoi um dos mais incontornáveis poetas do século XX.
Beijinhos.
Então já somos duas, Lisa, pois há muito não lia nada deste escritor que foi praticamente " nosso vizinho " . Fico contente que tenhas gostado, Lisa e espero que estejas bem. Obrigada pela visita . Beijinhos
EliminarEmilia
Muito lindo esse poema de José Régio, muito verdadeira e sábia a caminhada. Vê-se que, ante a sua maturidade, houve a transformação, a sabedoria, a conformidade. Em suma, mostra claramente que na vida se aprende caminhando, encontrando os caminhos que não são fáceis e, se bem escolhidos, o final pode ser menos dramático, quiças, sereno.
ResponderEliminarMuito boa sua escolha, querida amiga, aplausos pra você que trouxe uma reflexão muito válida, um pouquinho desconfortável para uns, mas para outros, especial. Assim é a vida, sempre avançando.
Beijinho, querida Emília!
Como já disse acima, nunca podemos saber o que quis dizer o poeta com este " sabedoria ", mas acho que deste uma boa interpretação, Tais. Com o passar dos anos vamos atingindo uma maturidade que nós dá uma real noção da vida. Vamos mudando, e vamo-nos conformando com as marcas da caminhada, com o que vamos ganhando e também com o que vamos perdendo. Um dia a morte chega e há que aceitar essa ideia; é " desconfortável " , mas é a realidade; chegará, como diz o autor " quando Deus quiser " . Muito obrigada, Tais, pelas palvras sempre simpáticas. Preocupo-me em trazer temas que tenham alguma mensagem e que sejam do agrado dos meus amigos. Beijinhos e um bom feriado que será longo, pois com certeza farão ponte. Até. ..
EliminarEmilia
Quando o amor é grande maior é a desilusão e até uma certa falta de esperança , pensava eu , há dias . Parece contraditório ...
ResponderEliminarNa poesia de José Régio sinto isso .Mais profundamente no " Cântico Negro " .
Óptima escolha .
Beijo grande e uma boa continuação de semana ,
Maria
" Parece contraditório, " de facto, Maria, mas é isso que acontece connosco. Ficamos muito mais magoados, por exemplo se uma ofensa vem de Um Grande Amigo do que quando é de um simples conhecido e pior ainda quando vem de um grande amor e até se entende que assim seja, pois não se esperam ofensas de pessoas que nos são queridas. Também gosto muito do " cântico negro ", Maria onde me parece que ele se mostra mais determinado, mais animado, mostrando que sabe bem o que quer. Mas tudo isto são interpretações minhas que podem muito bem não ter nada a ver com a intenção do poeta . Obrigada, amiga, pelo carinho e até breve. Tudo de bom! Beijinhos
EliminarEmilia
Olá, querida Milucha!
ResponderEliminarEspero que estejas bem, tal como os teus. Por aqui, tudo normal, excetuando as obras cá em casa, mas já que começaram, têm de terminar.
Sei, sem pesquisar, alguma coisa sobre a vida deste bom escritor, que nasceu e morreu em Vila do Conde, perto da terra onde estás e vives, como afirmas, e acho que ele adquiriu esta nostalgia, que se nota neste poema, pke viveu mtos anos em Portalegre, lecionando no liceu. Era formado em Filologia Românica, as posteriores Românicas e as minhas, Línguas e Literaturas Modernas.
Foi um homem, que passou por um internato, no Porto, sofria de sóbrias contradições, no entanto o bem da humanidade, sempre foi sua preocupação e tema de conversa nos cafés literários de então. Questionou algumas situações, que considerava injustas, o k acho normalíssimo. Era, por assim dizer, um socialista moderado.
Este poema mostra-nos a desesperança que o poeta sentiu, em determinada fase da sua vida, mas há outras, onde mostra muita vontade de viver e de amar, como no Soneto da Felicidade.
Desconhecia que ele foi colecionador e antiquário de Arte Sacra, que ganhou com isso uns bons tostões, mas enfim, os cigarros, muitos, e as noitadas levaram-lhe alguma "coisinha", mas ninguém é perfeito.
Beijinhos e resto de boa semana, que, em Lisboa está bem quente.
PS: não há novidades, por enqto no meu blogue. Talvez lá para meados do mês.
Querida Céu, por aqui anda tudo satisfatório, como tu costumas dizer e já émuito bom, pois não se deve exigir demais da vida. As obras são muito desagradáveis, mas no fim o resultado agrada sempre muito e é isso que vais sentir depois de toda essa " bagunça "
EliminarQuando ao nosso poeta, já completaste muito bem o post com tantas informações, poupando assim aos nossos amigos o trabalho de pesquisar. Agradeço-te muito por isso e espero que continues assim, a colaborar com o começar de novo com os teus conhecimentos e interesse em pesquisar aquilo que por acaso não saibas . É muito bom ter uma colaboradora destas.Hoje estive de visita a um blog muito interessante que tu visitas e que fala de um tema polémico, mas que muito me interessa e gostei do que lá li, pois penso assim também. Um dia destes volto lá e deixo umas palavrinhas
Mais uma vez obrigada e desejo-te um bom fim de semana. Até breve, amiga. Beijinhos
Emilia
Esqueci de dizer que o blog é do prof.Pedro. beijinhos, Céu
EliminarEmilia
Querida Mila!
EliminarAinda bem k estão todos satisfatórios. Aqui, tb. As obras terão um términus, como tudo na vida, mas como tenho a casa dos meus falecidos pais, bem perto, tenho lá passado algum tempo, para desanuviar e desempoeirar (rs).
Não me agradeças nada. Eu não gosto, nem sei fazer comentários do género: um post mto completo. Gostei. Ora, o que sei, sei, o k não sei, tento saber.
É verdade! Frequento e comento o blogue do Pedro desde há algum tempo e gosto mto da maneira como ele apresenta os assuntos, ou seja, fundamentados.
O Homem está sempre em constante mutação e só os que pouco ou nada sabem é k não mudam.
Beijinhos e uma boa semana.
És como eu, Céu, pois tambem não consigo dizer só isso. Com os teus posts, confesso, tenho dificuldade em escrever muito, pois os temas são muito sensuais e " picantes "; não que para mim o assunto seja " tabu " só que fico sem palavras, o que também não é de estranhar, pois nesses " jogos de sedução " intimios, não há lugar para muita conversa. Amiga, obrigada por teres cá voltado e desejo-te uma bela semana. Beijinhos
EliminarEmilia
Estimada Amiga.
ResponderEliminarAprecio de mais a escrita de José Régio e acho todos os seus poemas fantásticos...
Este poema faz lembrar o Eclisiaste 3 (Bíblia on line)...
«Tudo tem seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.»
Aprecia mais a leitura deste poeta... com ele estás sempre bem, em todos os sentidos...
Um fim de verão muito agradável.
Beijos, Emília.
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Que bom, Majo! Fiquei muito feliz por te ter agradado tanto! Agradeço-te imenso a bela frase que aqui me deixaste; na realidade " há tempo para todo o propósito debaixo do céu " basta que queiramos. Muito obrigada, amiga e vou seguir o teu conselho. Beijinhos e que tenhas sempre tempo para aproveitar os bons momentos da vida.
EliminarEmilia
Olá, Emília!
ResponderEliminarGraças a esta tua postagem vim a conhecer o poeta José Régio; gostei o seu poema, "Sabedoria", que íntegra o seu livro intitulado ’Poemas de Deus e do Diabo'.Gostei muito do poema.
Ótimo domingo, minha amiga Emília.
Um abraço.
Pedro
E assim vamos todos aproveitando esta troca de conhecimentos que se faz através dos blogs; eu recordei este nosso poeta do norte do país e tu ficaste a conhecê-lo. Isto é muito bom e enriquece-nos. Um beijinho e obrigada.
EliminarEmilia
Lindo poema, também não conhecia o poeta, valeu apreciar sua postagem. Abraços, fica na paz de Deus.
ResponderEliminarObrigada, Lourdes ! Fico contente por te ter dado a conhecer mais um poeta da lingua portuguesa. Um beijinho e que os teus dias sejam abençoados.
EliminarEmilia
Olá Emilia!
ResponderEliminarQue belo poema nos deste a ler.
Triste, mas belo!
Conheço alguma coisa da obra de José Régio, um grande poeta português pouco divulgado.
Tudo bem contigo e com os teus, amiga?
Que as estrelas brilhem sempre para ti "altas e belas".
Beijo.
Muito obrigada, Teresa. Está tudo bem por aqui, felizmente e o mesmo desejo que se passe contigo. É de facto pouco divulgado este escritor e, apesar de ter sido " meu vizinho ", pouco conheço da sua obra. Espero, amiga, que já estejas recuperada dos problemas que a vida te causou e que as " estrelas também brilhem, belas, para ti e para os teus " . Beijinhos
EliminarEmilia
Gostei imenso do poema, que não conhecia... calculo que pertencente a uma, das suas últimas fases... em que talvez pensasse, com maior frequência... nos dias do fim...
ResponderEliminarUm poema muito belo e tocante, que adorei descobrir, por aqui!
Beijinhos, Emília! Feliz semana!
Ana
Também penso que deve ter sido escrito nessa fase em que se começa a pensar mais no final; acho que, a partir de uma certa idade, é inevitável que se pense nisso. Ana, muito obrigada pela visita e desejo-te tudo de bom assim como a todos aí em casa. Beijinhos
EliminarEmilia
Os poemas de José Régio são muito belos. Gostei de o encontrar aqui.
ResponderEliminarUma boa semana.
Beijos.
São, sim, muito belos, Graça e eu, confesso, conheço muito pouco da obra deste escritor. Tenho que me dedicar a ele um pouco mais. Obrigada, Graça, pela visita. Desejo-te dias com bons momentos e também com saúde. Um beijinho.
EliminarEmilia
20 de outubro dia do Poeta.
ResponderEliminarQuerida Poetisa, que jesus te iluminando e que você continue nos encantando com suas lindas poesias.
Já dizia os poetas:
“Ser poeta é fazer de cada despedida uma saudade
É ter nas mãos os sonhos, vivê-los de verdade
Chorar, sorrir, sem medo de viver...”
“Poeta para ter o dom...
Das palavras...
Palavras de ternura... de carinho...
E poder encher...
nossos coração com amor
Escrevendo seus lindos versos e poesias”.
Parabéns!